AmarElo – É Tudo Pra Ontem, novo documentário lançado pela Netflix e protagonizado por Emicida, vai além de apenas um registro audiovisual: é uma aula de história. Realizado pela produtora Laboratório Fantasma, com produção de Evandro Fióti (irmão e empresário de Emicida) e direção de Fred Ouro Preto, o título chega nesta terça-feira (8) à plataforma e marca o início de um novo caminho na carreira do músico.
Em um bate-papo no qual o NerdBunker esteve presente à convite da Netflix, Emicida, Fióti e Ouro Preto falaram sobre a produção e o processo de criação do documentário. Para o cantor e compositor, o filme é a chance de trazer "inspiração para muita gente" em um ano de tanta angústia.
O longa começa com um provérbio Iorubá que diz "exu matou um pássaro ontem, com a pedra que arremessou hoje", mostrando que o sucesso de hoje não veio do nada, e deriva de uma história anterior. Assim, o longa aproveita a sua 1 hora e 30 minutos para expor, de maneira didática e com a narração do próprio Emicida, mais de cem anos da cultura afrobrasileira.
Assim como em uma peça de teatro, AmarElo – É Tudo Pra Ontem é dividido em três atos: plantar, regar e colher. E é ao decorrer deles que importantes dados históricos e personagens são apresentados. Além de figuras contemporâneas e presentes no show do Municipal, como Pablo Vittar e Fernanda Montenegro, a produção também mostra e explica a importância histórica de nomes como Leci Brandão, Wilson das Neves, Lélia Gonzalez e muitos outros.

Com um conteúdo tão relevante, o filme se faz necessário não apenas para os fãs do músico, mas para todos aqueles que têm necessidade de entender melhor a trajetória negra no país, uma história que ficou apagada por tanto tempo e, cada vez mais, tem urgência de ser redescoberta. Para o diretor Fred Ouro Preto, o longa "tem uma característica muito diferente, justamente por sua parte histórica". "Tem um peso sem igual", disse. "Não me lembro de tantas informações em alguma outra referência."
AmarElo – É Tudo Pra Ontem foi lançado diretamente na Netflix e, para Emicida, isso é uma ótima oportunidade de disseminar ainda mais o conteúdo. "Talvez, se estivéssemos negociando somente com salas de cinema, a gente reduzisse o alcance do material", explica.
"A gente vai dar um salto para 190 países, em um momento no qual o Brasil está sendo visto como pária e as pessoas vão ver uma coisa respeitável, grandiosa, que foi roubada delas de alguma maneira. Elas entendem a cultura do Brasil, mas não entendem a sua origem. E eu acho que esse é o presente que a gente tá dando: para dentro e para fora do país."
O documentário abre ainda mais possibilidades para Emicida, que já escreveu livros infantis e conta com uma marca de roupas. Com mais um projeto já anunciado em parceria com a Netflix para 2021, AmarElo – É Tudo Pra Ontem mostra que ele ainda tem muito o que dizer, e que sabe muito bem a melhor maneira de ser ouvido.