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Crítica | Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos
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Crítica | Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Warcraft poderia ter sido o filme que limparia de vez a reputação das adaptações cinematográficas de videogames

Marina Val
Marina Val
03.jun.16 às 17h22
Atualizado há quase 9 anos
Crítica | Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos é um filme baseado na franquia Warcraft, que consiste em um universo construído ao longo de três jogos RTS, um MMORPG e em inúmeros livros e quadrinhos ao longo de mais de 20 anos. Trata-se de material suficiente para inspirar uma ótima história, ainda mais considerando que o diretor, Duncan Jones, é fã de longa data dos jogos da Blizzard.

Unindo isso à CG caprichada que vimos nos trailers, tudo levava a crer que Warcraft seria a primeira adaptação cinematográfica de um videogame a de fato honrar o original. E isso quase aconteceu de fato.

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Visualmente, o filme é um espetáculo que homenageia diversas CGs dos jogos e traz pequenos easter eggs que aquecem os corações dos fãs.

No longa, passeamos pelos corredores de Karazhan antes de ela se tornar o local destruído e infestado de demônios e assombrações que encontramos em World of Warcraft. Observamos orcs urrando e amassando armaduras (e humanos) com uma única martelada. Acompanhamos soldados humanos marchando com suas espadas reluzentes rumo a batalhas decisivas. Voamos junto com grifos cruzando os céus. E vemos a magia sendo usada tanto para destruir quanto salvar vidas.

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Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos tinha todos os elementos necessários para fazer com que o filme fosse um épico que marcaria uma nova fase para as adaptações cinematográficas de videogames. Porém, ele ficou alguns degraus abaixo do que poderia ter sido um longa incrível e o principal motivo é a maneira como a história foi contada.

Empatia

Quando você entra no mundo de Warcraft nos games, se envolve com a história de uma maneira que sente uma conexão emocional com os personagens. Você vibra com as cutscenes, se importa com as mortes, está disposto a lutar e conquistar vitórias pela Horda ou pela Aliança.

Em Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos tudo acontece tão rápido, tantas criaturas são apresentadas de uma só vez, que mesmo personagens já conhecidos pelos fãs ficam sem graça por não terem motivações para as suas ações. Quase todos os heróis e vilões são extremamente planos, sem crescimento e confiam uns nos outros sem razão aparente.

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Os humanos passam a confiar na Garona de maneira súbita, permitindo que ela se aproxime da rainha e do rei e participe de eventos importantes, mesmo que não haja um único motivo para acreditar nas palavras dela.

Além disso, as cenas de romance envolvendo a Orquisa poderiam ter sido simplesmente ignoradas, e substituídas por momentos que de fato ajudassem na construção daquela personagem. O eventual desfecho de Garona teria o mesmo impacto sem nenhum envolvimento romântico.

Algumas mortes e momentos que deveriam ser dramáticos no filme acabam sendo rapidamente esquecidos, por conta da falta de desenvolvimento dos personagens. Mesmo para quem jogou e conhece aqueles humanos e orcs, é difícil se importar, pois aquele não é o herói (ou vilão) que você de fato conhece. Eles foram descaracterizados, simplificados a ponto de parecerem fúteis.

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Edição

A cadência da trama é um dos principais empecilhos que impede a construção de motivações. A edição juntou as cenas de maneira desconjuntada, em que tudo parece parte de algo maior que foi recortado para economizar tempo.

O resultado é uma história em que é difícil entender a passagem de tempo e na qual eventos terríveis (como vilas invadidas e moradores escravizados) não parecem tão ameaçadores, pois se tornam um detalhe citado e rapidamente esquecido.

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Duas das batalhas mais importantes de Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos (envolvendo o Portal Negro e Karazhan) são mostradas de maneira alternada, o que tira o peso das cenas e a glória do atos heroicos. Quando você começa a se empolgar e a torcer por um dos personagens, a cena é simplesmente cortada de maneira brusca e começa a mostrar outro combate em uma região completamente distinta de Azeroth.

Esse tipo de corte é comum em cinema e, quando bem dirigido e editado, consegue demonstrar como diferentes cenas fazem parte do mesmo conjunto e como tudo está ligado. Não é o caso aqui. É possível entender a ideia e a escolha do diretor em apresentar as cenas dessa maneira, mas a parte técnica junta tudo de um modo amador demais para um filme desse nível e desvaloriza momentos de grande impacto.

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Humor

A franquia Warcraft tem todo o seu peso, sua parte séria, seus momentos épicos. Entretanto, a comédia , algo característico daquele universo, não pode ser esquecido. No longa, acontecem algumas tentativas de trazer as piadinhas para as telonas, mas o roteiro passa longe de acertar em grande parte do tempo. Há um momento certeiro, que envolve ovelhas, mas é uma cena muito rápida e isolada para dizer que o humor da Blizzard está presente no filme.

O problema aqui não está em se levar a sério demais, está em tentar incluir momentos de alívio cômico sem entender o que faz com que as piadas da Blizzard sejam tão amadas pelos fãs.

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Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos teve um orçamento nada modesto, um bom diretor, efeitos visuais de encher os olhos, easter eggs ótimos para os fãs, e poderia ter sido o filme que limparia de vez a reputação das adaptações cinematográficas de videogames. Porém, com edição ruim, roteiro corrido e personagens mal construídos, a redenção completa de filmes de games ainda não aconteceu.

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