Depois da onda de acusações de assédio sexual envolvendo o produtor Harvey Weinstein, esse caso parece que está influenciando outras vítimas de abuso a se pronunciarem sobre aquilo que sofreram - tendo até mesmo um dentro da Naughty Dog, a infame empresa de games.
E agora, a atriz e cantora Björk revelou que sofreu assédio do diretor Lars Von Trier, com quem trabalhou em Dançando no Escuro, de 2000. E publicou um texto em seu Facebook, explicando todos os acontecimentos no set. Veja na íntegra:
https://www.facebook.com/bjork/posts/10155782628166460
No espírito da #MeeToo [hashtag que incentiva vítimas de abuso a se pronunciarem contra seus agressores], eu gostaria de emprestar uma mão a todas as mulheres do mundo com uma descrição mais detalhada de minha experiência com o diretor dinamarquês. É extremamente difícil revelar publicamente algo dessa natureza, especialmente quando [somos] imediatamente ridiculizadas pelos agressores. Eu sinto total empatia com todos que hesitam [em se pronunciar], por anos até. Mas eu sinto que é a hora certa, especialmente agora quando pode fazer a diferença. Aqui segue uma lista de encontros que eu conto como assédio sexual:
- Depois de cada take, o diretor corria até mim e colocava seus braços ao meu redor por um longo período na frente de todo o elenco ou até mesmo sozinha, e me acariciava às vezes por vários minutos contra a minha vontade.
- Depois de dois meses, eu disse que ele tinha que parar de me tocar, ele explodiu e quebrou uma cadeira na frente de todos no set, [agiu] como alguém que sempre pôde acariciar suas atrizes. Depois todos foram mandados para ir para casa.
- Durante todo o processo de gravação, tinha essa paralisação constante, embaraçosa e indesejável [dele] sussurrando ofertas sexuais com descrições bem gráficas. Algumas vezes, até com sua esposa sentada perto de nós.
- Quando filmávamos na Suécia, ele ameaçou que iria escalar da sacada de seu quarto [de hotel] até a minha no meio da noite com intenções claramente sexuais, enquanto sua esposa estava no quarto ao lado. Eu fugi para o quarto dos meus amigos. Isso foi o que finalmente me acordou para a severidade de tudo isso e me fez ficar firme em meu lugar.
- Histórias fabricadas pela imprensa sobre eu ser difícil para seu produtor, isso combina perfeitamente com os métodos de bullying de [Harvey] Weinstein. E eu nunca comi uma camiseta [boato forte da época], nem tenho certeza de que isso seja possível.
- Eu não concordei em ser sexualmente assediada, isso foi retratado [na época] como eu sendo difícil. Se ser difícil é ser firme e encarar esse jeito que me tratavam, eu assumo.
Esperança.
Vamos quebrar essa maldição.
A atriz em momento algum citou o nome do seu agressor, mas fica claro que ela se refere a Von Trier, por ter sido o único diretor dinamarquês com quem ela trabalhou. E que havia conflitos entre os dois no set, não é novidade para ninguém.
Em um conversa com um jornal dinamarquês, o diretor se defendeu dizendo brevemente que o que aconteceu entre ele e Björk, não é o mesmo caso envolvendo Harvey Weinsten e as (milhares de) atrizes.
Peter Aalbaek Jensen, co-produtor de Dançando no Escuro, defendeu o cineasta dizendo que pelo que se lembra, ele e Lars eram as vítimas, porque Björk era mais forte que eles e a empresa juntos. Sua declaração tem sido criticada desde então.