O atleta Patrick Alexandre, mais conhecido como Natividade, hoje é uma das personalidades mais influentes do Free Fire, battle royale da Garena.
Antes do competitivo, porém, a vida de Patrick era bastante diferente. Tendo crescido na favela do Morro da Caixa, em Florianópolis, SC, aos 16 anos de idade arranjou seu primeiro trabalho em uma farmácia local, onde ficou por um ano e cinco meses. Em sequência, adquiriu um emprego de recepcionista para uma empresa terceirizada, onde o salário também não era ideal.
Sua vida começou a tomar um rumo melhor após passar no concurso de gari para sua cidade, quando conseguiu pela primeira vez um bom salário. Suas primeiras experiências com o Free Fire vieram na mesma época, e Patrick contou para o NerdBunker que jogava casualmente enquanto tinha momentos de descanso no trabalho. Como sempre gostou muito de competição, foi aperfeiçoando suas habilidades sozinho dentro do game.
Quando seu contrato de um ano como gari terminou, Patrick havia economizado o suficiente para comprar seu primeiro iPhone. Pela primeira vez com um celular com boas condições para jogar o game em melhor nível, ele resolveu começar a gravar suas partidas por conta própria e postar em um canal no YouTube:
"Eu não acompanhava muito o cenário competitivo, apenas assistia lives de alguns famosos para aprimorar meu estilo de jogo. Após algum tempo postando os vídeos, eles começaram a viralizar, até que um vídeo meu viralizou e fui reconhecido pela equipe GOD E-sports, onde tive meu primeiro contato com o cenário competitivo."
Graças ao seu canal no YouTube, que hoje já conta com mais de 1,1 milhão de inscritos e 83 milhões de visualizações, Natividade conseguiu ingressar, inicialmente, na Série C do competitivo, onde ganhou notoriedade em seu primeiro campeonato considerado minor.
Logo depois, o jogador participou do torneio Rei do Solo, apresentado pelos casters Murillo "MurilloShooow" e Ana Paula "AnaXisdê". Organizado pela desenvolvedora do jogo, o torneio contou com 48 jogadores que disputaram apenas o modo solo do jogo.
Nativa derrotou os outros competidores e venceu o campeonato, que lhe garantiu o prêmio de 10 mil reais. Ele conta que foi naquele momento que realmente se viciou no game e decidiu que competir passaria a ser seu foco.
"Eu sempre gostei muito de jogar sozinho, então o Rei do Solo foi onde eu me encontrei e é, até então, minha melhor experiência dentro do cenário competitivo de Free Fire".
Com 22 anos de idade, Patrick começou a ter destaque em uma faixa etária um pouco mais alta do que a maioria dos jogadores – ainda mais em um jogo no qual são descobertos jovens talentos a cada dia. Mas isso não o atrapalha em momento algum: "Para mim, isso não é um problema. Quando eu comecei a postar os vídeos, eu já era mais velho, já tinha passado por bastante coisa e tinha a cabeça no lugar, o que me ajudou bastante."
Após vencer o Rei do Solo, a carreira do atleta começou a ficar mais estável e o jogador foi contratado pela Los Grandes para disputar a C.O.P.A. Free Fire, em julho do último ano. Logo depois, foi contratado pelo Cruzeiro Esports – hoje, Netshoes Miners -, para disputar outro torneio minor, a primeira edição do Campeonato do Alok, em que sua equipe terminou em sexto lugar.
Seu primeiro major de Free Fire veio com a entrada do antigo Cruzeiro na Série A da Liga Brasileira de Free Fire 2020, em novembro, seguido pelo Free Fire Continental Series 2020, considerado um dos mundiais do jogo. A posição final do time em ambos os torneios não foi muito alta, mas o time perseverou e obteve sucesso ao conseguir o terceiro lugar na LBFF 2021 Stage 1, que ocorreu em março deste ano.
Entre um torneio oficial e outro, o jogador também disputou campeonatos de partidas amistosas online, como a Copa Peuzada 2021, organizada pelo atleta Pedro "PEU" Landim – tido como uma das principais referências de Nativa no competitivo.

Além de atuar como jogador profissional, Nativa também mantém o YouTube e o Instagram como duas de suas principais fontes de trabalho, tornando-se uma personalidade bastante presente na comunidade – e não apenas um atleta. "Muita gente me vê como uma inspiração e me manda mensagens de agradecimento. Um dos pontos mais importantes para mim é continuar motivando essas pessoas enquanto me mantenho em alto nível profissional", revela.
Ele acrescenta que ainda há muito a explorar em sua carreira competitiva, que está em seus estágios iniciais e garante que pretende continuar investindo nisso por bastante tempo, conciliando o trabalho nas redes com os torneios e campeonatos.
Para os que desejam entrar na cena, ele afirmou que nunca é tarde demais e que o primeiro caminho é achar pessoas com o mesmo objetivo que o seu e tentar, inicialmente, a Série C. "Esse foi o caminho que trilhei com a GOD E-sports, e foi mais rápido do que esperava. O jogo está cada dia mais competitivo e fechado, então não existem muitas formas de começar que não seja por baixo; mas é completamente possível estando com as pessoas certas", afirma o jogador.
Com mais de um milhão de seguidores nas principais plataformas, o atleta da Netshoes Miners é referência para uma comunidade imensa de jovens que vê o jogo como sua futura carreira. Para ele, continuar inspirando e motivando outros a persistirem na carreira é um de seus trabalhos mais importantes como personalidade e jogador.