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Pecadores junta música, vampiros e luxúria em terror sexy e ousado | Crítica
Críticas

Pecadores junta música, vampiros e luxúria em terror sexy e ousado | Crítica

Filme de Ryan Coogler tem Michael B. Jordan encarando noite infernal em jornada dupla

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
17.abr.25 às 09h00
Atualizado há 25 dias
Pecadores junta música, vampiros e luxúria em terror sexy e ousado | Crítica
(Warner Bros./Divulgação)

Quem tem um amigo, tem tudo. E que o digam Michael B. Jordan e Ryan Coogler. O astro apareceu em simplesmente todos os filmes do colega, desde a estreia indie Fruitvale Station (2013) até os blockbusters Creed (2015) e Pantera Negra (2018). Nada mais justo que a parceria se repita em Pecadores, mais novo e, se não o melhor, certamente o mais ousado filme da carreira de Coogler.

Situada nos EUA da década de 1930, a trama traz Jordan como os gêmeos Fumaça e Fuligem. De volta ao Mississippi rural (e racista) após alguns anos de bandidagem na cidade grande, os irmãos decidem abrir um bar de blues para os colegas negros. O problema é que a empreitada também chama a atenção de um grupo mortal de vampiros, decididos a dar uma noite infernal à pequena comunidade.

Em jornada dupla como protagonista, Michael B. Jordan reafirma que é um dos grandes atores da geração atual em performance singular com os gêmeos. Além da magia tecnológica que possibilita ao ator contracenar consigo mesmo, Jordan investe numa postura sutil para criar dois personagens diferentes.

Michael B. Jordan faz jornada dupla como gêmeos. (Warner Bros./Divulgação)

No audiovisual, o caminho mais fácil seria criar cacoetes marcantes, ou imprimir personalidades totalmente diferentes para diferenciar os dois indivíduos. Fumaça e Fuligem, no entanto, se distinguem de formas incrivelmente discretas, e exatamente por isso muito mais críveis. Ainda mais considerando que, mesmo sem o auxílio das características distintas de cada um, o puro trabalho de atuação Jordan já deixaria cada um devidamente inconfundível.

Curiosamente, assim como seus protagonistas, Pecadores também se divide em dois filmes. Na primeira metade, Ryan Coogler aproveita as poderosas lentes IMAX para passear por uma belíssima direção de arte, impecável ao recriar não só o visual, mas também o sentimento da época retratada.

É a deixa para apresentar coadjuvantes como os músicos Sammie (Miles Caton), uma jovem promessa do blues, e o divertido e veterano Slim (Delroy Lindo). Além das marcantes presenças femininas do filme, com Wunmi Mosaku (Loki) como a mística Annie, e a sempre talentosa Hailee Steinfeld (Gavião Arqueiro) como a jovem Mary, antigo interesse amoroso de Fuligem, que volta em busca do amado.

Por si só, a primeira hora do filme já valeria o preço do ingresso. Com uma construção lenta, mas jamais enfadonha, Pecadores mergulha o espectador num universo particular. O longa toma o tempo necessário para nos envolver com cada personagem e, com um constante clima de perigo à espreita, prepara o terreno para a desvairada segunda metade.

Noite é regada a blues e desejo. (Warner Bros./Divulgação)

Tudo isso culmina numa espetacular sequência musical e na animada noite de inauguração do bar dos gêmeos. Regada a blues, álcool e desejo, a festa aquece os ânimos da trama, que ganha contornos cada vez mais sombrios.

Blues e drinks no inferno

Como adiantado (talvez até estragado) pelos trailers, Pecadores é também um filme de vampiros. E aproveita as convenções mais clássicas do gênero para elevar a loucura à enésima potência, num giro de 180 graus tão divertido quanto brutal.

Num mundo ideal, o caro leitor deveria chegar à projeção sem a menor ideia da virada de chave. E, para ser justo, o longa não tenta exatamente manter em segredo que algo de muito louco está prestes a acontecer, mas ainda assim é de se imaginar como o impacto seria maior caso a surpresa fosse mantida. Ainda mais com uma primeira metade tão envolvente.

Pelo lado positivo, Pecadores não só não deixa a peteca cair, como pisa fundo nessa guinada, oferecendo um banho de sangue, blues e sensualidade, como uma boa trama de vampiros merece. A tensão narrativa é carregada também pela estrutura da trama a partir deste segundo ato, que se desenrola ao longo de uma única noite, em um único cenário.

De certa forma, é quase como se um longo e reflexivo filme do mestre Martin Scorsese se transformasse numa produção que em nada deixa a desejar aos momentos mais assustadores da franquia Evil Dead. Ryan Coogler consegue dosar até um certo elemento de humor ao gênero, que contribui ainda mais para todo o charme da produção.

Filme desemboca numa tensa luta por sobrevivência. (Warner Bros./Divulgação)

É interessante considerar que Pecadores marca o retorno de Coogler a produções originais após o sucesso com grandes franquias (Rocky Balboa e o universo Marvel). Se o cineasta conseguiu imprimir uma identidade própria até no MCU (constantemente criticado pela pasteurização criativa de seus talentos), não é de se espantar que uma das boas surpresas do ano venha da mesma mente criativa.

Nesse sentido, Pecadores se firma como um interessante e ousado exercício narrativo. Uma produção que dá asas à própria criatividade, sem vergonha alguma de passear da crítica social ferrenha importante até a brutalidade hilária de um autêntico terror quase trash.

Com um elenco primoroso e uma narrativa tão sedutora quanto os galanteadores sanguessugas, o longa é mais um êxito na carreira cada vez mais interessante de Ryan Coogler, e um infernal, mas nem por isso menos divertido, passeio pelo bom cinema de gênero.

Pecadores está em cartaz nos cinemas. Siga de olho no NerdBunker para mais novidades. Aproveite e conheça todas as redes sociais da gente, entre em nosso grupo do Telegram e mais - acesse e confira.

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