Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Wild Hearts não é original, mas entrega boa diversão | Review
Games

Wild Hearts não é original, mas entrega boa diversão | Review

Game é a aposta da EA no mundo das caçadas virtuais

Jeff Kayo
Jeff Kayo
24.fev.23 às 12h54
Atualizado há cerca de 1 ano
Wild Hearts não é original, mas entrega boa diversão | Review
(Wild Hearts/EA/Divulgação)

EA e Koei Tecmo unem forças em uma parceria inusitada para entregar Wild Hearts, uma aposta arriscada sob o selo EA Originals. Porém, ainda que tenha pouco de original, o título entrega uma diversão honesta e viciante.

Confira nossas considerações sobre o game abaixo.

Caçadores e monstros gigantes

Imagem de Wild Hearts Esse é o Pedrederme, um monstro extremamente grande (Wild Hearts/EA/Reprodução)

O mundo de Wild Hearts é habitado por criaturas tão poderosas, que podem até mesmo influenciar na própria Natureza (ou seria o contrário?). Eles são chamados de Kemono e respeitados por todos os habitantes daquele mundo.

Mas é preciso se proteger quando, por alguma razão, uma grande quantidade de Kemono passa a migrar e agir de forma um tanto violenta na busca de sustento e sobrevivência. Aí surgem os caçadores responsáveis por eliminar tais ameaças e proteger cidades como Minato, um dos grandes fortes habitados por seres humanos daquele mundo.

O jogador assume o papel de um desses caçadores lendários, e com o diferencial de poder manipular livremente o poder dos karakuri, uma espécie de mecanismo quase mágico, criado no ar, e que facilita a vida de todos naquele mundo: das caçadas aos confortos domésticos.

E logo de cara o jogo já te coloca frente a frente com um dos grandes Kemono do jogo, um lobo gigante que manipula o gelo como quer. A batalha é injusta propositalmente – e, vai por mim, enfrentá-lo durante a campanha no momento certo é, no mínimo, 10 vezes pior – e logo somos apresentados ao personagem misterioso Mujina, que ajuda a criar seu personagem e entender um pouco a situação local.

Fauna e Flora

Imagem de Wild Hearts Logo no começo do jogo enfrentamos ele de brincadeira, o bicho pega só depois (Wild Hearts/EA/Reprodução)

O universo de Wild Hearts é vasto, com alguns recortes interessantes, e cheio de matéria-prima para o caçador coletar pelo caminho. No geral, há muitas florestas abandonadas pelos humanos, sem a menor condição de sobrevivência, a menos que você seja um caçador e tenha sua própria barraquinha para descanso.

Os Kemono vivem livres e soltos em cada um dos mapas, e são apresentados aos poucos para o jogador. Eles se dividem em dois tipos: um menor, que pode ou não ser confrontado – inclusive, uma opção interessante é a de escolher entre matar ou acariciar os Kemono pequenos; - e claro, a cereja do bolo: os monstros gigantes que farão de tudo para acabar com a sua vida.

Confesso que é um pouco difícil para mim ter interesse por jogos de caça desse estilo, já que, tirando a parte da campanha, na qual os Kemono se apresentam de forma selvagem e sempre intimidadora, quando vamos buscar por materiais e realizar novamente essas caçadas épicas, quase sempre os Kemono gigante estão lá, de boas, sem fazer mal algum a ninguém (alguns até brincando de barriga para cima). Dá uma dózinha, mesmo dos mais feios.

Armas letais, inimigos também

Imagem de Wild Hearts É possível criar o estilo de arma que preferir (invista nos elementos da natureza) (Wild Hearts/EA/Reprodução)

Wild Hearts não tem evolução de personagem. Quer dizer, quase isso. A todo momento é preciso checar seu equipamento e atualizá-lo da forma que puder. E como fazer isso? Simples, utilizando as partes dos Kemono abatidos durante os inúmeros confrontos que terá até o final do jogo.

É preciso escolher, no entanto, o melhor caminho para avançar no game: armas ou armaduras primeiro. Em cada uma das caçadas é possível adquirir itens chave para a evolução do seu equipamento. Nesse momento entra um pouco da experiência anterior com esse tipo de jogo.

Estudar a presa, se preparar adequadamente para evitar os debuffs que o monstro pode causar (envenenamento, sonolência, sangramento, etc) e, neste caso, uma armadura vai te proteger melhor e ajudar no caminho para a vitória.

Imagem de Wild Hearts Apesar dessa imagem ser da animação do trailer, os combates são épicos e divertidos (Wild Hearts/EA/Reprodução)

Ainda mais porque Wild Hearts é extremamente convidativo a ser jogado em party de até quatro jogadores. O crossplay (possibilidade de sincronização com qualquer plataforma que o game está disponível) ajuda muito na hora de buscar ajuda online.

As armas são divididas em múltiplas categorias. Desde o estilo (espadas, martelos, arco e flecha e por aí vai), cada uma se diferenciando entre o tipo (corte, perfuração, explosão) e o principal elemento natural que representa (vento, fogo, água, etc).

Ao todo são oito tipo de armas que podem ser forjadas, desde algumas mais simples, como a katana (arma de uso básico e bastante eficiente), até outras um tanto mais elaboradas que requerem maior estudo, como o wagasa cortante (um guarda-chuva com lâminas) ou o bastão karakuri (arma mais exótica do jogo, com cinco variações que podem ser utilizadas ao mesmo tempo durante o combate).

Karakuri

Imagem do jogo Wild Hearts Karakuri: artefato misterioso que possibilita a construção de itens em pleno ar (Wild Hearts/EA/Reprodução)

A grande estrela de Wild Hearts (ao lado dos Kemono, claro) é o Karakuri, um artefato misterioso que ajuda o caçador em sua jornada. Diz a lenda que no passado inúmeros caçadores eram portadores desse poder misterioso mas que, por algum motivo, se perdeu na história.

Os karakuri transformam a experiência do jogo. É o ineditismo que faltava aparecer na história. Esse poder pode ser utilizado desde a primeira caçada e segue seu próprio caminho de evolução. De vez em quando é comprado com pontos obtidos nas caçadas, de vez em quando em epifanias no meio do combate (o tipo mais legal).

Imagem do jogo Wild Hearts Há uma vasta quantidade de karakuri para destravar durante o jogo (Wild Hearts/EA/Reprodução)

E eles servem para tudo. Na caça, são artefatos que podem explorar as fraquezas do Kemono, como uma bomba de fogos de artifício, derrubando do ar os personagens alados; como uma parede maciça, que impede o avanço do Kemono em sua direção; e até mesmo como um martelo gigante, bem aos moldes “Acme”, dos desenhos do Pernalonga.

O poder do karakuri é contado através da quantidade de “linhas” que o jogador possui (o número embaixo, bem no meio da tela). Cada peça montada pede um número X de linhas e, ao se esgotarem, o jogador precisa colher mais no cenário exatamente ao estilo Fortnite.

Imagem de Wild Hearts Dá até para brincar de Fortnite e construir suas paredes uma em cima da outra (Wild Hearts/EA/Reprodução)

Vale a experiência do jogador em saber quando e como utilizar cada um dos karakuri disponíveis para o combate. Lembrando sempre que não é possível equipar toda a variedade de karakuri disponíveis ao mesmo tempo, mas aí entra a boa conversa entre os membros da equipe para que cada um supra a necessidade do outro no confronto.

É possível criar karakuri que não servem exclusivamente para o combate, mas também para armazenar itens e até se locomover melhor no mapa. O jogo tenta explorar bastante essas habilidades de conjuração e exploração de itens de apoio na hora da caçada, cabe só ao jogador tomar bom proveito disso – especialmente os karakuri de coleta de materiais.

Lembra um pouco aquele outro jogo…

Imagem de Wild Hearts Os Kemono são um espetáculo à parte (Wild Hearts/EA/Reprodução)

A comparação não é infundada: Wild Hearts e Monster Hunter (Capcom) têm muito mais em comum do que deveriam. Do planejamento da caçada, até as formas de matar o monstro e como ele (monstro) recua durante o combate – dividindo a ação em até quatro momentos – é tudo muito parecido.

O que faz as coisas tomarem um rumo diferenciado está, primeiramente, no combate com karakuri. Uma equipe bem estruturada, com cada um criando seus próprios artefatos e colaborando com a luta (ao invés de simplesmente se jogar para cima do monstro), faz toda a diferença, principalmente nas caçadas finais da campanha.

O sistema de fôlego do jogo também é diferente. Ao invés de contar ataques e defesa, ele apenas contabiliza os movimentos defensivos (esquiva e corrida) primariamente, além de um único ataque mais forte do personagem.

Imagem de Wild Hearts Um dos últimos Kemono a serem encontrados, e um dos mais legais também (Wild Hearts/EA/Reprodução)

A criação e evolução de armas também se destaca aqui. Inúmeros caminhos possibilitam que o jogador crie uma arma com características únicas. O mapa é extenso, mas idêntico a todas as armas - os caminhos percorridos são o diferencial. Ah, e a possibilidade de voltar atrás em qualquer decisão e ter todos os seus materiais de volta, a qualquer momento.

Existem pequenos problemas de performance do jogo (principalmente no PC), com quedas de framerate, latência na jogatina online, iluminação de cenário aqui e ali, mas nada que pequenos patchs de correção não resolvam.

No fim, Wild Hearts é uma aposta ousada da EA, apresentando um jogo completamente japonês a novas audiências. Daqui para frente é o trabalho de manutenção do jogo que vai falar mais alto e transformar o game numa franquia ou não.

____________________________________________________________________________

Wild Hearts está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.

Veja mais sobre

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast