Fomos convidados pela Sony para visitar o set de Sobrenatural: A Última Chave, na Califórnia, e acompanhar uma manhã de trabalho da equipe do longa.
O filme é uma prequela e vai mostrar o passado de Elise Rainier (Lin Shaye), com ela lidando com demônios reais e metafóricos durante a sua infância, em 1953. A casa a qual a parapsicóloga é chamada para resolver um problema é a mesma que ela cresceu, mas inicialmente Elise reluta em aceitar o caso por conta dos traumas que sofreu na época em que morava lá.
Saímos do hotel em Los Angeles cedo pela manhã e nos dirigimos a uma espécie de condomínio fechado em uma cidade próxima. A cena que vimos sendo gravada era um dos momentos finais, quando Elise conclui suas investigações e a equipe entra no veículo com o logo do Spectral Sightings e vai embora. A filmagem em si não ofereceu nenhum susto e as fortes emoções ficaram para depois, na própria entrevista.
A cada novo ator que entrava na sala que os jornalistas estavam, a porta estalava e rangia, criando um clima digno de filme de terror. Um detalhe que não foi proposital, mas deixou a conversa ainda mais divertida.
Outro susto que tivemos foi no intervalo do almoço, quando encontramos um figurante com uma maquiagem que simulava uma grande ferida no topo da cabeça, como se tivesse sido causada por uma cadeira elétrica. Infelizmente, a cena dele parece ter sido cortada da versão final.
O primeiro a conversar com o nosso grupo foi Leigh Whannell, roteirista e ator da franquia Sobrenatural. Ele explicou um pouco sobre o demônio que a protagonista vai enfrentar neste longa:
Eu queria muito criar outro demônio novo e único, uma das marcas dos filmes de Sobrenatural é sempre ter esses demônios bem distintos – nós tivemos a noiva de preto, o demônio do rosto vermelho e no último tivemos o homem que não respira. Então quando tive que pensar em outro filme, logo veio a pergunta “o que pode ser único [para o próximo]?”. E acredito que terminamos com algo ótimo, estamos chamando ele de Keyface. Mas ele não tem um nome de verdade. E acho que posso dizer que ele é uma espécie de guardião, ele tem chaves ao invés de dedos e pode destrancar portas entre este e o próximo mundo. [...] Ele é como uma criatura mitológica que tem um poder incrível.

Para escrever esse longa, o roteirista se isolou em uma pequena cidade da Espanha chamada “Cinc Claus” (“Cinco Chaves”, em catalão). Essa foi a inspiração para o nome da cidade na qual o longa se passa: Five Keys (Cinco Chaves).
Entretanto, a experiência de escrever em uma cidade diferente não aflorou a criatividade de Whannel da maneira que ele estava esperando.
Eu descobri rapidamente que não é tão romântico quanto [Truman] Capote fez parecer, basicamente fiquei “Ah, estou preso na frente do notebook e frustrado, mas estou fazendo isso na Espanha” [risos]
Whannell comentou também que Elise acabou se tornando a protagonista da franquia por ser uma personagem que o público ama. Tudo indicava que a participação dela iria acabar no primeiro longa, mas, segundo o roteirista:
“Ela é como uma super-heroína, a Jason Bourne desses filmes. E uma personagem muito rica para ser moldada.”

Lin Shaye, a atriz que interpreta Elise Rainier, comentou que esse é o maior papel da carreira dela, apesar de atuar há 45 anos, e que ainda se sente empolgada por tudo que está por vir:
Eu espero que esse ainda seja só o começo, e essa é a minha expressão favorita sempre, eu sempre sinto que nunca há um fim e você precisa continuar usando tudo para começar de novo. [...] Espero que eu tenha mais oportunidades. Gosto de dizer na minha página no Facebook que espero chegar aos 115 anos e ainda lembrar das minhas falas.
Apesar de a atriz estar extremamente feliz com o trabalho, o primeiro contato que Shaye teve com a franquia foi bem assustador, a ponto de ela ter que esconder o roteiro de tanto medo que sentiu:
Depois que conheci James Wan e Leigh [Whannell] por conta de filme chamado Rota da Morte, de 2003, eles me contataram dizendo que tinham um roteiro e perguntaram se eu tinha interesse. E eu disse que sim, então eles me enviaram, li enquanto estava em minha cama antes de dormir, e eu estava tão gelada e assustada com o fim, que eu literalmente desci as escadas e coloquei o roteiro em meu armário, e o tranquei [risos]. Então liguei para o James [Wan] e disse que me sentiria honrada em fazer parte disso.
Adam Robitel, diretor de Sobrenatural: A Última Chave, comentou sobre como o estilo de James Wan, co-criador da franquia, o influenciou:
Tem muita coisa que eu peguei por estudar o estilo dele [Wan]. Você quer usar silêncio, regras de sustos também, você quer surpreender os espectadores com algo que esteja ali no quarto, com coisas que os personagens não necessariamente sabem sobre. É bastante do timing dele, definir o humor e também lutar contra expectativas. [...] É muito parecido com ser um ilusionista: você guia a atenção de alguém para um lado e algo acontece no outro.
Sobrenatural: A Última Chave tem estreia prevista para 18 de janeiro de 2018 no Brasil.