Entre proteger Ciri e ter um romance conturbado com Yennefer, Geralt de Rivia mata monstros por ocupação. O protagonista de The Witcher ganha a vida lidando com todo tipo de criatura, uma mais grotesca que a outra. E Andrew Laws, o diretor de arte da série da Netflix, é um dos responsáveis por imaginar o visual desses monstros estranhos.
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“Ajudo os artistas nos estágios iniciais, é um processo bastante animador”, garante Laws em entrevista ao NerdBunker, em que fala sobre seu papel nos bastidores do seriado. Além de desenvolver as artes conceituais das criaturas, ele é responsável pelo design de produção de toda a franquia. Mas criar monstros se tornou uma de suas tarefas favoritas, especialmente por lhe dar a chance de mergulhar nas raízes folclóricas por trás da história original, imaginada pelo polonês Andrzej Sapkowski:
“Começamos com um amontoado de informações que pinçamos da narrativa dos livros. Sapkowski, o autor, se inspirou fortemente na mitologia eslava, e muitas vezes os monstros são baseados em criaturas desse rico folclore.Uma dos melhores aspectos de histórias passadas por tradição oral, especialmente quando se trata de mitologia e folclore, é que há uma intencional falta de especificidade na descrição dos monstros. O objetivo é acertar os medos pessoais de cada indivíduo. Deixar a imaginação do ouvinte preencher os detalhes faz com que as criaturas se tornem suas versões mais amedrontadoras. Se você descrever o monstro para alguém, nunca será tão assustador.”
Por mais contraditório que seja, o trabalho de Laws é justamente dar especificidade a esses monstros, criar algo que possa se traduzir visualmente na série. O esforço, como garante, é coletivo.

A partir disso, a equipe envolve a showrunner Lauren Hissrich na conversa e cria algo apropriado para as telas:
“Então trabalhamos em cima da sensação que queremos evocar. Lauren e eu costumamos conversar sobre o que ela sentiu ao ler ou escrever os roteiros, sobre o que estava passando por sua cabeça ou dos demais roteiristas, e então expandimos isso ao juntar pedaços da imaginação de várias pessoas em algo maior.É um ótimo processo e que só melhora quando você passa a ver os monstros em movimento, como eles andam, respiram, os barulhos que fazem. É muito divertido!”
O mundo além do bruxo

Desde que o seriado estreou no final de 2019, a Netflix já providenciou dois derivados: o filme animado Lenda do Lobo (2021) e a série prelúdio The Witcher: A Origem (2022). Ainda que sejam projetos que caminham sozinhos, tudo precisa se alinhar com a temática e proposta do programa original. Laws explica o desafio de encontrar essa personalidade única, mas consistente:
“Um dos principais desafios no início foi entender a extensão do mundo além da trama principal. Era gigantesco.Sempre estamos conscientes de que toda decisão tomada, em relação à estética ou ambiente, pode dar as caras novamente mais tarde. Tudo precisa ser pensado como parte de uma história da qual só vamos observar uma pequena fração, mas que precisamos entender o seu início e fim. Há uma certa consciência estrutural ao Continente.”
O diretor, que também supervisiona a expansão da franquia, explica que a graça de desenvolver um universo é justamente poder abordar essa rica história aos poucos, por meio de várias produções: “Uma das coisas intrigantes de trabalhar nas diferentes partes da franquia são as diferentes perspectivas, e podemos usá-las de formas únicas”.
“Podemos ter uma abordagem em The Witcher: A Origem, e então um fragmento disso sendo retomado depois na série principal”, Laws continua. “Podemos apresentar algo em um derivado e então explorá-lo a fundo em uma temporada futura de The Witcher. Mas é preciso ter consciência de que nada pode ser criado só para um momento. É preciso saber de onde tudo surgiu e para onde tudo vai, para assim parecer real”.
Essa expansão continua mesmo com a série principal enfrentando um momento delicado. Apesar da controversa saída de Henry Cavill do papel de Geralt, a franquia ainda planeja duas outras temporadas, desta vez com Liam Hemsworth como o bruxo. Além disso, a Netflix trabalha em um novo derivado sobre o arco dos Ratos, fundamental para o amadurecimento de Ciri nos livros.
Com futuro garantido, Andrew Laws se vê grato por poder explorar mais e mais a intensa e conturbada história do Continente. “O maravilhoso de The Witcher, como um universo, é que é tão amplo, e em constante mudança”, elogia o diretor de arte. “Avançamos no tempo, voltamos, temos tramas vastamente diferentes, dependendo do personagem. É uma obra tão rica para se usar como base.”
Dividida em dois volumes, a primeira metade da terceira temporada de The Witcher chega ao catálogo da Netflix em 29 de junho, com cinco episódios. Já os três capítulos restantes estão agendados para 27 de julho.