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The Walking Dead - 11ª temporada | Crítica
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The Walking Dead - 11ª temporada | Crítica

Série chega ao fim com temporada irregular, prejudicada pela falta de tensão e narrativa corrida

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
21.nov.22 às 17h34
Atualizado há mais de 1 ano
The Walking Dead - 11ª temporada | Crítica

12 anos, 177 episódios e muitos zumbis estraçalhados depois, The Walking Dead chegou ao fim, mas não exatamente. Em teoria, a série principal da franquia baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman realmente encerrou sua jornada na TV, mas a trama está longe da conclusão, com pelo menos três derivados do elenco principal já confirmados. E é justamente pela falta de um senso de encerramento e tensão que a temporada final falha, ficando aquém de finales bombásticos até da própria TWD.

Dividido em três partes e disponível no catálogo brasileiro do Star+, o 11º ano adaptou o arco da Commonwealth, trama derradeira da história também nos quadrinhos. Daryl (Norman Reedus), Carol (Melissa McBride), Maggie (Lauren Cohan) e mais se deparam com a visão utópica de uma enorme comunidade aos moldes do mundo antes do apocalipse zumbi. Por utópica leia-se: energia elétrica, segurança e todos os confortos perdidos no fim do mundo. Mas eles descobrem que nem tudo que reluz é ouro, e isso pode ser dito até em um comentário sobre a própria trama geral da temporada.

É que, apesar de visualmente interessante e de introduzir uma nova dinâmica aos grupos já estabelecidos, o arco é executado da batidíssima forma de praticamente todas as histórias anteriores da série. Menos com a força de vilões realmente memoráveis, como o agora redimido Negan de Jeffrey Dean Morgan.

Chefes da Commonwealth, Pamela Milton (Laila Robins) e Lance Hornsby (Josh Hamilton) nunca convencem como ameaças reais, e mesmo a tentativa de estabelecê-los como frios e calculistas, em reflexo à nova comunidade, cai por terra. E tudo isso por um problema antigo: The Walking Dead não consegue segurar assuntos sérios.

Em linhas gerais, o mote da série sempre foi como a sociedade se comporta frente a situações extremas, e como os humanos podem, por vezes, serem piores do que as criaturas mortas-vivas a quem combatem. Mas tais discussões sempre foram prejudicadas pelo roteiro simplório, resumido a colcha de clichês de “Não podemos ser iguais a eles” e coisa do gênero. Se questionamentos mais básicos como esses já eram abordados de forma capenga, a coisa complica mais quando os roteiristas tentam uma crítica social mais profunda.

Por trás da aparência de terra de novas oportunidades, a Commonwealth é gerida em um esquema claro de pirâmide social, e tenta espelhar a realidade com ricos mais ricos e pobres mais pobres, sob a ilusão de que tudo é para um bem maior. Mas a possibilidade de debates realmente interessantes se dilui em diálogos sem qualquer profundidade, e até com os protagonistas tornando-se quase caricaturas. Bons atores, McBride, Reedus, Jeffrey Dean Morgan e companhia até tentam segurar a bola. Mas ninguém faz milagre.

Não espere também qualquer senso de urgência ou tensão, mesmo tratando-se da temporada final de uma série que trazia o medo iminente do desastre e da morte como chamariz. Por culpa da decisão inexplicável de marketing do AMC, não há um único momento em que tememos pelo destino dos protagonistas. O descompasso entre os roteiristas e os chefões da emissora fica evidente quando determinadas situações até poderiam gerar impacto, se não soubéssemos meses antes da temporada sequer estrear que os personagens retornariam para histórias solo.

Curiosamente, analisada de forma isolada, desconsiderando a responsabilidade de encerrar toda a trama de 12 anos, a temporada ainda tem momentos de competência técnica. As sequências de ação continuam inventivas, e os personagens que acompanhamos por boa parte de uma década seguem interessantes.

A galeria de rostos novos oferece oportunidades interessantes que poderiam render bons frutos, como o fortão Mercer. Com uma atuação brilhante de Michael James Shaw (Vingadores: Guerra Infinita), o militar é um dos únicos da Commonwealth que consegue passar o conflito interno de descobrir que o que ele acredita ser certo pode estar corrompido nas mais profundas bases.

Veteranos como os já citados Reedus, McBride, e gente como Eugene (Josh McDermitt), Aaron (Ross Marquand), Ezekiel (Khary Payton) e a pequena Judith (Cailey Fleming) mantêm o carisma, mas terminam prejudicados por uma trama que os separa em boa parte dos episódios.

Um desavisado não seria repreendido por imaginar que a decisão de transformar a temporada no final da série foi tomada com o bonde da produção já em movimento. A correria para resolver pontas fica evidente nos capítulos finais da série, culminando com um episódio final que, apesar de aqui e ali oferecer momentos de ouro para quem acompanha a jornada há 12 anos (não se preocupe, não daremos spoilers), resume-se a 1 hora e quatro minutos de uma enorme sensação de ‘É isso?’.

The Walking Dead se encontra agora na posição curiosa de poder oferecer três novos “finais” para a sua trama, com os derivados de Negan e Maggie, de Daryl Dixon e de Rick (Andrew Lincoln) e Michonne (Danai Gurira). Fica a torcida de que a franquia retome as rédeas da própria história, e ofereça um final (desta vez pra valer) respeitoso ao seu legado, e aos fãs que acompanham a trama até hoje.

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