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Sonic 2: O Filme | Crítica
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Sonic 2: O Filme | Crítica

Filme grandioso expande mitologia dos games em um festival de ação e comédia

Gabriel Avila
Gabriel Avila
30.mar.22 às 13h00
Atualizado há mais de 1 ano
Sonic 2: O Filme | Crítica

Filmes baseados em videogames têm um longo histórico de decepcionar os fãs, tornando raras as produções que se destacam positivamente. Uma delas foi Sonic: O Filme (2020), que conquistou o público ao apostar em uma aventura simples, mas divertida. Dois anos depois, a continuação Sonic 2: O Filme chega aos cinemas promovendo um mergulho profundo na mitologia dos jogos com ainda mais ação e comédia.

Nos cinemas, é comum que sequências de grandes sucessos se justifiquem com foco no “mais e maior”, replicando o que deu certo no primeiro em doses cavalares. Sonic 2 não foge a essa estratégia, mas se dá bem ao colocá-la em ação utilizando vários dos elementos clássicos dos jogos sem abrir mão do que tornou o primeiro longa tão querido pelo público.

Ao invés de tentar repetir a fórmula de road movie sobre uma amizade improvável, a continuação toma caminhos mais parecidos com os de uma história de super-heróis. Situado após os eventos da primeira aventura, o filme mostra o ouriço azul tentando ajudar a humanidade como um vigilante chamado Justiça Azul. As coisas saem de controle quando o maligno doutor Robotnik (Jim Carrey) retorna à Terra acompanhado de Knuckles, um guerreiro equidna que deseja destruir Sonic. Para impedir a dupla, o velocista conta com a ajuda de Tails, uma genial raposa vinda de outro mundo.

A chegada de novos inimigos e aliados dá a Sonic a oportunidade de viver no cinema uma aventura mais próxima dos games, o que se reflete em diferentes níveis. O principal deles está na ação, que ganhou ainda mais destaque com a adição de Tails, Knuckles e outros elementos dos jogos da SEGA. Ao invés de fugir de drones, mísseis e carros do mundo real, agora Sonic precisa lidar com ameaças tão poderosas quanto ele. Além de subir o nível de dificuldade, essa mudança abre um leque possibilidades para que o ouriço se solte em sequências de briga ou fuga empolgantes.

De volta à cadeira de diretor no segundo filme da carreira, Jeff Fowler não reinventa a roda, mas comanda a produção com cuidado o suficiente para que nada fique fora do lugar. Considerando a quantidade de componentes fantásticos intercalados com o mundo real, a equipe fez um belo trabalho para dar unidade a um universo tão peculiar.

Em partes, isso se deve também a um trabalho elogiável do time de efeitos visuais. A computação gráfica em Sonic 2 está na medida e raramente se destoa negativamente. Um feito e tanto, levando em conta que o longa é protagonizado por criaturas de design cartunesco e cores fortes. Certamente ajudou o fato de que dessa vez o filme não precisou refazer o visual dos personagens.

Outro ponto forte do longa é a comédia. Com a adição de John Whittington (LEGO Batman) à equipe que escreveu o primeiro, formada por Pat Casey e Josh Miller, o roteiro trouxe ainda mais piadas e situações engraçadas em um caos verborrágico com toques de nonsense. Cheio de referências à cultura pop e uma queda pelo pastelão, o texto compensa seus vários clichês com um humor certeiro, que dá o palco perfeito para que o elenco brilhe.

Grande nome da comédia, Jim Carey já havia se provado uma escolha acertada para o papel de Robotnik, mas retorna levemente mais contido. Ao contrário do que parece, isso não é um demérito, justamente porque potencializa os momentos descontrolados de Eggman, que ganha ainda mais tempo em tela na continuação.

O mesmo pode ser dito de Ben Schwartz, Idris Elba e Colleen O'Shaughnessey, as vozes de Sonic, Knuckles e Tails, respectivamente. Se Schwartz repete a comédia falastrona como o ouriço azul, a veterana O'Shaughnessey garante o carisma usando toda a experiência de dublar a raposa nos games. Elba é uma grata surpresa, já que garante a seriedade do equidna e, ao mesmo tempo, se sai muito bem nos momentos de comédia.

A grande dificuldade de Sonic 2 está no equilíbrio entre as criaturas mágicas e os humanos. Assim como acontece em muitos filmes desse tipo, a maior presença de seres fantásticos torna o núcleo humano pouco útil na trama.

A dinâmica entre Tom (James Marsden) e Maddie Wachowski (Tika Sumpter) e Sonic garantem um carisma de aquecer o coração, especialmente nas pontes que constroem com o primeiro longa, mas é nítida a dificuldade de encaixá-los na trama geral. Essa sobra impacta diretamente no ritmo do filme, que parece obrigado a desacelerar justamente quando começa a preparar seu clímax grandioso.

Felizmente, a produção retoma o curso e chega ao fim em uma nota alta. Além dos vários acenos espalhados para os fãs dos games, Sonic 2 conquista por trazer um universo tão fantástico para o nosso mundo com carinho e respeito. Sem um pingo de cinismo, o filme acredita tanto no que está contando que se torna quase impossível não se deixar levar pelo ouriço azul e seus amigos coloridos. No fim, essa é a prova de que às vezes apostar no “mais e melhor” pode funcionar se tiver uma boa história a contar.

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