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Resident Evil 4 é o melhor remake da franquia até hoje | Review
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Resident Evil 4 é o melhor remake da franquia até hoje | Review

Após quase 20 anos, o clássico do survival horror está de volta, e em sua melhor forma

Tayná Garcia
Tayná Garcia
17.mar.23 às 04h01
Atualizado há cerca de 2 anos
Resident Evil 4 é o melhor remake da franquia até hoje | Review
Resident Evil 4/Capcom/Divulgação

Resident Evil 4 foi originalmente lançado em 2005 e marcou o mundo dos videogames. Até hoje, é um dos jogos mais aclamados da franquia, da Capcom e até de todos os tempos, então era de se esperar que o anúncio de um remake agitasse toda a comunidade.

Agora, após quase 20 anos (sim, estamos velhos), um dos maiores clássicos do survival horror está de volta – e em sua melhor versão. Sendo uma recriação completa, o jogo moderniza a história, o visual e a jogabilidade do original, enquanto se mantém fiel à essência daquela experiência que marcou tantos jogadores no início dos anos 2000.

As expectativas, é claro, estavam altas. Mas o novo Resident Evil 4 conseguiu encontrar uma maneira de superá-las e se tornar um dos melhores remakes dos últimos anos, logo ao lado de Resident Evil 2 e Final Fantasy VII Remake.

Un forastero!

Ambientado seis anos após os eventos de Raccoon City, Resident Evil 4 é protagonizado por Leon Kennedy que, agora, é um agente do governo. Ele é enviado para resgatar a filha desaparecida do presidente em um vilarejo isolado na Europa. No entanto, o que seria um simples resgate rapidamente se torna algo muito maior e mais complicado, envolvendo cultos, parasitas e muita manipulação.

Os habitantes do vilarejo estão ainda mais aterrorizantes, apresentando olhos avermelhados e postura bem agressiva (Imagem: Resident Evil 4/Capcom/Divulgação)

Se você está preocupado com cortes na história, pode respirar com tranquilidade. Mostrando que a Capcom aprendeu com o tropeço de Resident Evil 3 em 2020, criticado por cortar muito conteúdo do original, o remake mantém os principais arcos do clássico de 2005 e não comete o mesmo erro.

Dividido em 16 capítulos ao todo, o jogo é relativamente fiel em termos de estrutura, mas também conta com alguns desvios narrativos e adaptações para acompanhar as mudanças do level design. As alterações e adições tornam a experiência mais moderna e “palatável” ao público de hoje, contando com momentos inéditos e até releituras de áreas conhecidas – um grande acerto que expande o gameplay de forma coerente.

O novo Resident Evil 4 aposta em um tom ligeiramente mais sério, refletido pelo visual e por leves mudanças em diálogos e personagens. Os momentos cômicos de Salazar, por exemplo, foram amenizados para dar um foco nas crueldades cometidas pelo vilão em seu castelo. No entanto, isso não quer dizer que não houve espaço para momentos bem-humorados e até para as “cafonices” que tanto amamos do original.

Nem todas essas cenas estão presentes no remake, mas há vários momentos que agradam o lado cafona dos fãs. O humor irônico e os trocadilhos de Leon, por exemplo, marcam presença, assim como seus mortais na esquiva e chutes exageradamente poderosos. Apenas senti – e, talvez, seja meu lado saudosista falando mais alto – algumas ausências, como a voz marcante do Mercador, mais zoeiras com Salazar e uma certa cena com lasers. Ainda assim, o saldo em termos de narrativa é bastante positivo.

Prepare-se para os papéis de alguns personagens secundários serem expandidos (Imagem: Resident Evil 4/Capcom/Divulgação)

Cuidado com estética e detalhes

Com uma pegada realista, Resident Evil 4 opta por uma estética sombria e focada em ambientações escuras, o que acompanha o estilo dos remakes mais recentes da franquia.

Que o jogo é esteticamente deslumbrante não é uma surpresa, mas o que impressiona é o cuidado com detalhes. Cada região apresenta particularidades, o que torna o visual de cada local mais único e chamativo. A vila se destaca pelos cenários levemente pálidos com indícios de lutas passadas e manchas de sangue, já o castelo de Salazar enche os olhos pelas cores vibrantes e objetos de arte da realeza.

A mesma qualidade está presente na aparência dos personagens, inimigos e chefões. Luis Serra, o misterioso espanhol que ajuda Leon, está praticamente irreconhecível (o que, neste caso, é um elogio). Mas os destaques ficam para os antagonistas, que estão maravilhosamente horripilantes. Acredite, desta vez, o Lorde Saddler é um vilão que realmente bota medo.

Parar um bichão desses com uma faquinha é prazeroso demais (Imagem: Resident Evil 4/Capcom/Divulgação)

Com o auxílio da estética sombria, a atmosfera de Resident Evil 4 beira ao impecável. Imersiva e cuidadosa, a construção da ambientação misteriosa sempre deixa o jogador apreensivo com o que pode acontecer ou aparecer. Muito desta tensão se deve ao excelente design de som, que opta por usar o silêncio ao seu favor. A exploração não conta com trilha sonora na maior parte do tempo para ampliar os sons ambientes, como passos e vozes distantes. Assim, qualquer barulhinho, seja o sopro do vento ou grasnar de um corvo, é capaz de causar sustos e suores nas mãos.

A trilha só realmente aparece em momentos de combate, o que estabelece e intensifica um sentimento de urgência que te deixa mais nervoso na hora de sacar as armas e se defender. Desta forma, o som faz toda a diferença em Resident Evil 4. Então fica a dica de ouro: seja corajoso e jogue com fones de ouvido.

Equilíbrio entre terror, ação e "picadillos"

O combate equilibra armas de fogo e armas corpo-a-corpo, com itens escassos, gerenciamento de inventário e munição e inimigos de variados tipos ao decorrer do jogo. Como era de se esperar, o gameplay apresenta evoluções naturais de mecânicas e uma movimentação aprimorada de Leon. O que eu não esperava, no entanto, era que eu me apaixonasse tanto pela faca nesta nova versão.

O motivo é o famoso “parry”, que consiste na ideia de contra-atacar na hora certa para bloquear um golpe adversário. Com isso, a faca se torna quase essencial para poupar balas e aumentar as possibilidades do combate a curta distância – e, acredite, é extremamente divertido enfrentar criaturas com apenas um combo de parry, facadas e chutes. No entanto, parece que a Capcom já antecipava o amor inusitado, uma vez que a arma branca é quebrável e precisa ser reparada. Então nada de usá-la sem pensar.

Outra novidade é a furtividade. Inimigos podem ser abatidos de forma sorrateira com a faca, para evitar conflitos maiores. No entanto, a mecânica não funciona bem na prática, uma vez que os inimigos não são muito espertos, tornando o ato de ser furtivo fácil até demais e longe de ser um grande atrativo do combate.

Leon também pode se agachar, o que não é exatamente uma esquiva, mas é útil para escapar de golpes altos (Imagem: Resident Evil 4/Capcom/Divulgação)

Lembra aquele cuidado com detalhes visuais que foi mencionado? O mesmo acontece com as animações de Leon, com movimentos e reações bem realistas. O balanço da arma, por exemplo, é muito natural e acompanha o ritmo da respiração do protagonista. Ainda podemos vê-lo carregar cada bala da escopeta, enxugar o suor do rosto após um confronto e até limpar as gotas de chuva do braço.

Esse mesmo cuidado é refletido em Ashley Graham, a filha do presidente, que acompanha Leon em boa parte da história. Ela se incomoda se o jogador aponta a luz da lanterna na direção de seu rosto, por exemplo.

Mas, como o assunto da vez é Ashley, você já deve estar se perguntando sobre a inteligência artificial da personagem no gameplay. Agora, há dois botões de comando para a garota, o que torna a tarefa de mantê-la a salvo (muito) mais fácil. Os comandos consistem em pedir para que ela fique perto ou longe de Leon, ou até que se esconda em armários, a afastando do perigo. Com isso, sua movimentação — que, sim, está mais esperta — pode ser levemente controlada pelo jogador.

O que impressiona com Ashley, no entanto, é um trecho que mostra como ela teve que amadurecer na marra diante de toda a situação caótica, sendo um dos maiores momentos de terror do remake.

Olhe atentamente a imagem, e você vai descobrir por que precisa preparar o coração para o jogo... (Imagem: Resident Evil 4/Capcom/Divulgação)

O ritmo de Resident Evil 4 mantém um bom equilíbrio entre terror e ação, sendo também marcado por vários confrontos contra chefes e mini chefes. Apesar de serem momentos de pura adrenalina, senti que essas lutas foram curtas, levando apenas poucos minutos.

Isso, no entanto, muda ao aumentar o nível de dificuldade, o que torna os confrontos mais desafiadores. O jogo apresenta quatro dificuldades diferentes, em que a "Padrão" pode ser um tanto fácil para veteranos de Resident Evil. Então, se você já jogou o original e está em busca de um desafio, fica a recomendação para se preparar e enfrentar o "Intenso" e o "Profissional".

Ao lado dos objetivos principais e lutas contra chefões, o remake também foca em exploração por suprimentos e tesouros, quebra-cabeças, tarefas opcionais providas por bilhetes nos cenários e até minigame. Este último, uma distração deliciosamente divertida da história principal.

Resident Evil 4 é cheio de novos puzzles, mas é o castelo de Salazar que rouba a cena neste quesito, passando a mesma sensação de exploração que a delegacia de RE2 (Imagem: Resident Evil 4/Capcom/Divulgação)

Em termos de acessibilidade, o jogo oferece opções visuais e auditivas para pessoas com deficiência (PcD), além de configurações voltadas para enjoo de movimento. Elas são um grupo de predefinições, ou seja, não é possível personalizar uma a uma, o que as torna limitadas.

Com a volta do dublador Felipe Grinnan como Leon, Resident Evil 4 conta com localização em português brasileiro. Apesar de alguns erros de tradução aqui e ali, as legendas e o texto geral estão satisfatórios, com boas descrições de itens e adaptações de trocadilhos. Mas o destaque fica para a dublagem, com ótimas atuações de voz do elenco principal. Assim, é mantida a qualidade de localização vista em jogos anteriores da franquia.

Uma recriação bem pensada e planejada

Esticado além do original, a campanha dura cerca de 20 horas e, como era de se esperar, existe o fator replay. Enquanto escrevia a análise e relembrava meus sentimentos ao jogar, tudo o que conseguia pensar é que mal posso esperar para testar minhas habilidades em um Novo Jogo+, além de desbloquear toda a galeria de artes conceituais e me preparar para a chegada do modo Mercenários.

Resident Evil 4 pode não ter o mesmo impacto de Resident Evil 2 em 2019. Afinal, era o primeiro remake da franquia no motor gráfico RE Engine, que se tornou queridinho da Capcom nos últimos anos e foi usado em vários de seus principais jogos, como Devil May Cry 5 e até o vindouro Street Fighter 6.

Mas é inegável que o jogo mostra como os desenvolvedores aprenderam tanto com o sucesso de RE2 quanto com o fracasso de RE3, culminando em uma experiência com tudo o que um Resident Evil precisa. É uma recriação fiel e, ao mesmo tempo, inovadora, sendo o melhor remake da franquia até hoje. Um jogão, que valeu toda a espera.


Esta review foi feita com uma cópia cedida pela Capcom.

Resident Evil 4 está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC (via Steam) a partir de 24 de março.

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