Muito além dos nomes de peso, a greve dos atores é fortemente motivada pelos figurantes, dublês e iniciantes da indústria. Para demonstrar a força dessa classe, um grupo de dublês organizou um protesto na Geórgia, um dos principais polos de filmagens dos Estados Unidos.
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O protesto foi marcado por diversos atores responsáveis por se arriscarem em cenas de ação discursando em prol de melhor remuneração, pagamento residual e regulamentação do uso de inteligência artificial. Uma das formas que encontraram de enfatizar suas demandas foi atear fogo em um dos atores no palco do evento, que desfilou em chamas enquanto carregava uma plaqueta com o emblema do SAG-AFTRA, o Sindicato dos atores.
A dublê Elena Sanchez pegou o microfone para reclamar da falta de valorização de sua classe, citando o caso de John Bruckner, dublê que morreu em um acidente no set de The Walking Dead, série que é rodada em Atlanta, a capital da Geórgia:
“A Associação de Estúdios de Hollywood se opõe a dividir conosco os frutos de uma série de sucesso por acreditar que nós não corremos nenhum risco. Diga isso para o meu amigo John, que perdeu a vida trabalhando em uma de suas séries. Diga isso para qualquer um de nós que literalmente sangramos e tivemos ossos quebrados por vocês.”
O protesto relembra como a greve afeta os Estados Unidos como um todo. A Geórgia, em especial, sente o baque por ter se tornado um verdadeiro centro de filmagens para séries e filmes. Quando os estúdios se recusam a negociar com os trabalhadores, a paralisação afeta a economia do ecossistema que ali havia se instalado.
Por mais que muitos rostos famosos sejam vistos nos protestos, a greve afeta mais os desconhecidos e os profissionais que agem nos bastidores. Pagamentos residuais, vulgo repasse por reprises de séries, são uma fonte de renda importante para muitos desses profissionais menos conhecidos. Plataformas de streaming não pagam residuais aos trabalhadores.
Quem explica bem a necessidade da greve para os atores de menor renome foi o autor George R.R. Martin, criador de Game of Thrones e participante da paralisação dos roteiristas. Em seu blog, definiu:
“Greves não são sobre os autores, produtores ou showrunners renomados, quase todos esses estão bem. Estamos de greve pelos roteiristas iniciantes, pelos editores de história, pelos estudantes que sonham em entrar na indústria, pelo ator que apenas tem quatro falas, pelo cara trabalhando na equipe que sonha em criar sua própria série, assim como eu era nos anos 80.”
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Fonte: Atlanta News First