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Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Crítica
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Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Crítica

Longa presta belas homenagens a Chadwick Boseman, mas preocupação com o futuro da Marvel impede que a mensagem do filme seja realmente poderosa

Camila Sousa
Camila Sousa
09.nov.22 às 10h00
Atualizado há mais de 1 ano
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre | Crítica

Quando paramos para ver um filme, série, ler um livro ou jogar um game, projetamos ali acontecimentos de nossas próprias vidas. O entretenimento, para além da distração, nos ajuda a processar o mundo real e superar medos e problemas. Isso é levado ao extremo em obras como Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, que possuem uma forte ligação com um acontecimento da vida real. É uma pena, porém, que a Marvel pense tanto no futuro, que tire a força de uma mensagem importante no presente.

Como não poderia ser diferente, o longa presta belas homenagens a Chadwick Boseman, intérprete do herói principal, que morreu de câncer em 2020. Em mais de um momento, a sala de cinema ficou em silêncio total, salvo por algumas fungadas dos que estavam mais emocionados. A perda e o luto saem do mundo real e passam a fazer parte da história, mostrando como Ramonda (Angela Bassett), que voltou ao papel de rainha, precisa mostrar ao mundo que Wakanda continua sendo uma nação forte e soberana de seus recursos, especialmente o Vibranium.

O começo do filme é forte com essa premissa e, seguindo o título, dá a entender que a nação será o ponto principal da narrativa. O problema é que Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, assim como várias outras produções do MCU, não pode ser um filme por si só. Em vários momentos, é perceptível que a história que Ryan Coogler queria contar foi pausada para a apresentação de algum personagem que será utilizado no futuro, ou uma linha de diálogo que fará sentido em alguma série do Disney+.

Claro, tudo isso faz parte do modus operandi da Marvel há bastante tempo, e essa crítica poderia ser feita a diversos filmes e séries do estúdio. No entanto, dói mais no caso de Wakanda Para Sempre, que precisava ser um filme diferente, para celebrar o legado deixado por Boseman e se despedir do herói T’Challa. Isso é colocado no filme em momentos poderosos, mas a mensagem perde força quando, em seguida, o espectador é bombardeado por grandes cenas de ação e pancadaria - que até são bem executadas, mas acrescentam pouco ao que o filme deveria ser.

Na ânsia de equilibrar uma história de luto e superação com tudo o que precisa ser estabelecido no MCU, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre se torna longo e cansativo, porque nada chega a ser bem desenvolvido. A questão do Vibranium, que parece importante no começo, é deixada de lado rapidamente; a trama envolvendo o Everett Ross de Martin Freeman poderia facilmente ser cortada do filme e até a nação de Wakanda aparece pouco, embora seja o título da produção.

O lema estabelecido por T’Challa é repetido em alguns momentos, mas há pouca informação sobre como a nação em si se sente perante a repentina partida de seu rei, por exemplo. Ao invés disso, o longa precisa estabelecer Riri Williams (Dominique Thorne), a futura Coração de Ferro, Namor (Tenoch Huerta) e seu reino submarino, quem será a próxima figura de Pantera Negra e várias outras tramas que, sozinhas, caberiam facilmente em outro filme.

Nessa confusão de temas, o que se sobressai são as atuações. Ainda que merecesse mais tempo de tela para mostrar seu luto como mãe, Angela Bassett brilha como Ramonda, ao mostrar a força de uma mulher que tenta manter sua casa (e nação) unida após uma grande perda. Embora tenha uma apresentação apressada, o Namor de Tenoch Huerta possui as camadas necessárias para a criação de um bom anti-herói e Letitia Wright surpreende no papel de Shuri.

Ponto central do luto, pela forte ligação que tinha com o irmão, a princesa de Wakanda é a que mais ganha tempo de desenvolvimento e Wright surpreende ao evoluir a personagem a cada novo acontecimento. A forma como Shuri lida com o luto reflete um sentimento de revolta comum em quem passa por algo parecido. Ao tentar processar a partida do irmão, a jovem se torna amarga, e busca a todo custo alguém para culpar pelo que lhe aconteceu. A dor do coração se torna quase física e Shuri precisa colocar aquilo para fora de algum jeito, nem que seja da forma errada.

Se fosse 100% focado nisso, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre teria todos os elementos para ser um dos filmes mais emocionantes do Marvel Studios. Afinal, o luto é algo universal, que faz (ou fará) parte da vida de todos em algum momento. Mas, infelizmente, nem uma produção com uma importância emocional tão grande passa ilesa do “grande plano” para o futuro do estúdio. Easter-eggs são colocados, cenas pós-créditos são exibidas e, até em oposição com a mensagem principal do filme, terminamos a sessão mais preocupados com o que virá no futuro do que com o que estamos assistindo no presente.

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