Quando a Marvel anunciou What If…? como a primeira série animada de seu universo compartilhado, uma das poucas regras estabelecidas foi o formato de antologia, em que cada episódio contaria uma história fechada. Porém, no penúltimo capítulo da temporada, a animação muda as regras em sua aventura mais intensa.
Para trazer ainda mais ação à reta final de seu primeiro ano, a animação mostrou o retorno de Ultron, vilão apresentado no segundo filme dos Vingadores, que aqui finalmente tem a chance de colocar o plano de dominação mundial em prática.
[Atenção! A partir daqui, spoilers do oitavo episódio de What If…?]
Para o penúltimo episódio da temporada, a Marvel resolveu apresentar o que aconteceria se o Ultron tivesse sido bem sucedido no plano de se apoderar do corpo do Visão. A resposta é óbvia e o capítulo não perde tempo para revelar: ele promove uma era de destruição que resulta na morte da maior parte do planeta Terra.
Entre os heróis, restaram apenas a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro, dupla que usa as últimas forças para sobreviver e derrotar o vilão robótico. Eles vão até a Sibéria para usar a consciência virtual do cientista Arnim Zola como vírus para desligar o exército robô por dentro. Com o sacrifício de Clint Barton — em uma cena que inverte o desfecho da Viúva Negra em Vingadores: Ultimato —, eles triunfam. Porém, quando Zola finalmente se conecta aos robôs, eles descobrem algo ainda mais assustador: o Ultron principal está fora de alcance.
Isso porque após destruir a humanidade e concluir seu plano, Ultron testemunhou a chegada de Thanos. Antes que o Titã Louco pudesse dizer uma palavra, ele acaba morto pelo androide, que toma as Joias do Infinito e expande seu genocídio por todo o universo. Essa turnê de caos e destruição passa por diferentes mundos do MCU, como Asgard, Ego, Sakaar e Xandar. Com a nova missão concluída e um vazio por não ter mais propósito, o vilão consegue vislumbrar o Vigia, dando início ao momento mais empolgante do episódio — e talvez da temporada.
Com todo o poder das Joias do Infinito, Ultron quebra as barreiras do multiverso e tira o Vigia do posto de narrador e o coloca no centro da ação. Em uma porradaria épica que ameaçou as infinitas realidades do universo Marvel, o vilão tem a chance de reforçar suas convicções ao questionar por que Uatu não age tendo acesso a vários universos e poder para interferir. Ao mesmo tempo, serve para que a entidade repita as regras que regem sua vida e o impedem de fazê-lo.
O resultado dessa briga monumental é a retirada estratégica do Vigia. Nos minutos finais do capítulo ele recorre ao Doutor Estranho Supremo do quarto episódio em busca de ajuda, indicando um finale poderoso e ainda mais ligado às histórias apresentadas anteriormente na série.
É importante ressaltar que apesar do Ultron ter feito bonito e se firmado como um vilão digno de atenção, o destaque do episódio não poderia ser outro que não o Vigia. Episódio após episódio, o personagem parecia estar por ali meramente como decoração, chegando ao ponto de quase desaparecer mesmo exercendo o papel de narrador.
No oitavo capítulo, finalmente temos a chance de conhecer um pouco mais de Uatu. Não só na extensão de seus poderes quase divinos, mas também em suas vontades e frustrações. Não é o suficiente para traçar uma personalidade, mas vê-lo torcendo para que os heróis façam determinadas ações ou abrindo mão do orgulho para pedir ajuda marca um grande avanço e dá a Jeffrey Wright a oportunidade de ir além em seu trabalho de voz.
É curioso perceber também que a Marvel não teve o menor pudor em destruir de vez o rótulo de antologia. É verdade que a produção já havia dado pistas de que abandonaria essa estrutura ao deixar ganchos para a continuação de histórias como a da Capitã Carter ou mesmo dos Zumbis Marvel. Porém, ao apresentar o Ultron nos minutos finais do sétimo episódio, dedicar o oitavo a ele e deixar a resolução para o nono, a animação estabelece uma relação de dependência entre as histórias.
Se por um lado pode gerar sensação de estranhamento ou até de enganação por parte do público, também faz sentido com a estratégia da Marvel nos cinemas. Assim como o MCU, que é composto por filmes independentes que ocasionalmente se cruzam em eventos maiores, What If…? promete um encontro entre os protagonistas de suas histórias em um grand finale que fará jus ao conceito de multiverso.
What If…? já está disponível no Disney+. O nono e último episódio da temporada estreia na próxima quarta-feira (6).