O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder teve seu terceiro episódio lançado no Amazon Prime Video e, apesar de manter a grandiosidade da estreia dupla, “Adar” perde um pouco de força ao apostar em muitos mistérios, mas oferecer poucas respostas em um único capítulo.
Focado no reino dos homens, o episódio deixa os elfos de Lindon e os anãos um pouco de lado para mostrar grandes rivalidades existentes na Terra-média e além.
[Spoilers de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder a partir daqui]

O capítulo começa mostrando o que aconteceu com Arondir (Ismael Cruz Cordova) após os eventos da estreia. Nesse contexto, a série introduz o que seria um campo de trabalho forçado comandado pelos orques. Por lá, Arondir encontra companheiros elfos e, mostrando talento para liderança, inicia um plano de libertação.
A trama, bem explorada em vários momentos do episódio, serve para mostrar como os orques se comportam durante a Segunda Era da Terra-média. Além de cruéis, eles possuem uma estratégia para escravizar elfos e fazê-los trabalhar à luz do sol, quando as criaturas do mal não podem sair. Toda a parte visual do local é bem trabalhada, embora alguns efeitos visuais macro ainda incomodem.
O núcleo também é importante para começar a estabelecer a figura de Adar (Joseph Mawle), que parece uma espécie de comandante do exército maligno. O capítulo não detalha se Adar é Sauron, mas aposta no suspense ao não dar detalhes ou mostrar o rosto do personagem. Embora dê para entender os motivos dessa escolha, fica a sensação de que O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder está focando demais nos mistérios e deixando outras partes da história de lado.

Esse sentimento se torna ainda maior porque o episódio “Adar” faz isso repetidamente. Além do comandante dos orques, outro personagem que soa duvidoso até demais é Halbrand (Charlie Vickers). Levado para Númenor ao lado de Galadriel (Morfydd Clark), o mortal parece um sobrevivente comum, que vê na ilha uma oportunidade de recomeço. No entanto, ao trabalhar sua história, a produção escolhe fazer um pingue-pongue: ora como um homem banal, ora como alguém odioso e dono de uma força interna que não consegue controlar. Criado exclusivamente para a série, Halbrand não é cativante o suficiente para despertar tanto interesse do público, o que torna a inclusão de um mistério sobre ele uma escolha questionável.
No núcleo dos Pés-peludos, O Estranho (Daniel Weyman) segue dando pequenas pistas sobre sua origem, mas nada palpável. Até aqui, são três personagens carregando grandes segredos sobre suas identidades, o que torna a narrativa desbalanceada. Se tivesse um grande enigma para trabalhar ao longo de sua primeira temporada, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder teria mais tempo para desenvolver seus vários núcleos de forma equilibrada. Já com três incógnitas, a produção parece querer despistar os fãs ao invés de entregar uma história bem construída. É provável que as respostas sobre os personagens sejam dadas no futuro, mas não há como negar que três grandes mistérios em um único capítulo tornaram “Adar” cansativo de assistir.
Rivalidade em Númenor
Além destes pontos, o terceiro capítulo do seriado aprofundou a já mostrada rivalidade entre elfos e humanos. Se Arondir enfrentou olhares atravessados durante sua patrulha no começo de O Senhor dos Anéis, o mesmo acontece com Galadriel ao ser levada para Númenor, o maior reino dos homens naquele momento. As orelhas pontudas da elfa incomodam por onde ela passa, e os diálogos entre a personagem e rainha regente Míriel (Cynthia Addai-Robinson) deixam claro que há muito ressentimento entre as duas raças.
Essa construção é válida, uma vez que pode desenvolver narrativas interessantes durante a série. Outro ponto positivo é a dinâmica entre Galadriel e Elendil (Lloyd Owen), apresentado na história antes de se tornar um grande capitão. Owen acerta ao entregar um personagem falho, mas que tem sabedoria e entende várias coisas que estão acontecendo nas entrelinhas.

O único ponto que realmente incomoda no núcleo de Númenor é quando Os Anéis de Poder tenta criar um certo clima de romance entre dois nomes muito óbvios, mas sem nenhuma química. É uma cena rápida, mas que frustra por apostar na construção tediosa de que dois personagens não podem ficar próximos ou vão criar sentimentos românticos entre si.
Dessa forma, O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder chega ao terceiro episódio perdendo um pouco da força inicial e gerando uma certa preocupação de como as histórias serão conduzidas. A série continua grandiosa e bela de assistir, mas nada disso será suficiente se os personagens e as histórias que têm a contar não forem o foco principal.
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