A Netflix está reforçando seu catálogo de animes com produções originais e licenciamentos. Durante o Anime Japan 2019, pudemos conversar com John Derderian, diretor de animações japonesas e globais da empresa, e ele deu algumas informações sobre o processo de criação das co-produções da empresa, além de comentar algumas decisões de distribuição.
A plataforma lançou alguns animes em parceria com grandes estúdios japoneses, como é o caso de A.I.C.O. -Incarnation-, título feito em conjunto com o estúdio Bones, responsável por Fullmetal Alchemist e My Hero Academia. Porém, criar animações originais pode ser mais complicado do que parece. Um dos maiores problemas é a fila de produção dos estúdios, que pode ser bastante longa, segundo Derderian:
As vezes chegamos com um projeto para o estúdio e eles respondem com um: 'adoramos a ideia, podemos começar a trabalhar nisso em 2021'.
O prazo é longo, mas, levando em conta que um mês de trabalho é o equivalente a um episódio, os números se tornam bastante compreensíveis. Mesmo com essa fila extensa, a Netflix continua com suas parcerias com os estúdios japoneses e já anunciou novos títulos para o futuro, como Super Crooks, uma animação de Altered Carbon e Dragon's Dogma. A plataforma também investe em produções fora do Japão, como é o caso do Powerhouse Animation Studios, um dos responsáveis pela produção do anime de Castlevania.
Sem prometer números como fez em 2018, o diretor afirma que a empresa quer entregar conteúdo de qualidade. Recentemente, a Netflix firmou parcerias com estúdios como David Productions e Sublimation.
Derderian também falou sobre a distribuição de animes licenciados, comentando que a decisão de quais títulos dublar ou não é um esforço conjunto do time global com as equipes locais de cada região, e explicando que é raro vermos animes da temporada sendo lançados simultaneamente na Netflix por conta da quantidade de idiomas que precisam estar disponíveis no lançamento do episódio: o tempo entre receber o episódio e traduzi-lo é muito curto.
É possível notar uma tendência no uso de computação gráfica nos originais da plataforma. Apesar de garantir que o visual 2D não vai desaparecer por completo — o anime de 7Seeds mistura desenho tradicional com CG — o diretor apontou que esse tipo de tecnologia facilita na hora de contar histórias com pano de fundo de ficção científica, como em Knights of Sidonia. O reflexo disso pode ser visto em títulos como Ultraman e Ghost in the Shell SAC_2045, ambos produzidos pela parceria entre Sola Digital Arts e Production I.G.
A jornalista visitou o Anime Japan 2019, um dos maiores eventos de anime do mundo, a convite da Netflix.