Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Mulher-Hulk: Defensora de Heróis esmaga temores dos fãs com estreia fantástica
Séries, TV e Streaming

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis esmaga temores dos fãs com estreia fantástica

Com roteiro esperto e humor afiado, primeiro episódio apresenta heroína promissora ao MCU

Gabriel Avila
Gabriel Avila
17.ago.22 às 22h00
Atualizado há mais de 2 anos
Mulher-Hulk: Defensora de Heróis esmaga temores dos fãs com estreia fantástica

É fato que a Mulher-Hulk nasceu apenas como uma versão feminina do primo famoso. Porém, em seus mais de 40 anos, a personagem percorreu caminhos diferentes do Hulk e conquistou o próprio espaço dentro do Universo Marvel com muita identidade. Com esse histórico, chega a ser pouco surpreendente que a heroína repita o feito em sua série solo, que chega ao Disney+ nesta quinta-feira (18).

As várias diferenças entre ela e o Golias Esmeralda aparecem logo nos primeiros minutos de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis. A cena inicial mostra o cotidiano de Jennifer Walters (Tatiana Maslany) como uma empolgada advogada falastrona, que também consegue quebrar a quarta parede e falar diretamente com quem está assistindo.

Após essa apresentação, o público é convidado a assistir à origem da personagem, descobrir como ela recebeu seus poderes e como vai usá-los. Tal escolha, de mostrar a comédia e a vida nos tribunais antes do componente super-heróico, não é aleatória. Essa é a forma da produção criada por Jessica Gao (Rick and Morty) deixar claro quais são as prioridades da temporada.

Não que o lado heróico seja ignorado, pelo contrário. O capítulo inicial da série segue toda a cartilha para uma boa história de origem e brilha justamente pela autoconsciência. Se o público já viu a origem de um Hulk, suas dores e formas de superá-las, qual é a graça de repetir o truque? Essa é a parte brilhante da série: focar em como Jennifer é diferente de Bruce Banner (Mark Ruffalo).

Mais do que cumprir o papel de personagem estabelecido que passa a bola para uma nova figura, o Hulk aparece como uma das grandes ferramentas para que a série mostre o que não vai ser. Uma forma esperta de prever comparações descabidas, como se personagens com os mesmos poderes só pudessem protagonizar as mesmas histórias.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis se sai especialmente bem por equilibrar tantas questões no mesmo episódio. Há a apresentação da protagonista, a continuação da jornada do Hulk e o esforço em situar o que está acontecendo como parte de um universo maior. Tudo isso enquanto define assinaturas bastante características que garantem tanto o interesse do público, quanto seu lugarzinho em um MCU em plena expansão.

A primeira delas é a comédia, que chega na medida certa por misturar sarcasmo, metalinguagem, fisicalidade e até um pouco de autodepreciação, sem nunca pesar a mão em nenhum desses pontos. O roteiro merece elogios por fazer tudo isso enquanto usa ingredientes obrigatórios da chamada “fórmula Marvel” a seu favor. Mulher-Hulk evita várias armadilhas comuns desse universo ao não tentar explicar ou racionalizar demais uma história de fantasia.

O humor do cotidiano de uma advogada funciona por si só e a veia cômica cresce quando adentra o mundo dos heróis. Isso acontece justamente pela série não tentar maquiar seus aspectos mais fantasiosos e estranhos com um verniz de realismo. E, mesmo com tudo isso, Mulher-Hulk é mais madura do que muitas produções que apelam para essa saída em busca de validação.

Já a segunda assinatura é aguardada quebra da quarta parede. Fiel tanto aos próprios quadrinhos da personagem, quanto à influência de Fleabag, confirmada em entrevistas, o recurso é utilizado na medida e rende algumas das melhores piadas da produção. Em partes justamente por aproveitar a consciência da personagem para tecer os mais variados comentários a respeito do universo cinematográfico que a cerca — e pensar que o Deadpool nem entrou oficialmente para o MCU e já tem gente usando um dos seus truques para nos fazer rir.

Porém, é impossível falar sobre os destaques da estreia sem citar Tatiana Maslany. A atriz prova que não havia uma escolha melhor para o papel ao interpretar Jennifer Walters com toda a intensidade que se espera. Além de um timing cômico impecável, a atriz constrói uma personagem carismática e falha, que conquista o público mesmo quando o fator Gama não está em cena.

Até porque quando Jennifer se torna a Mulher-Hulk, há um estranhamento instantâneo gerado pela computação gráfica. Problema sinalizado desde os primeiros trailers, o CGI da protagonista e do próprio Hulk é bastante inconsistente. São vários os momentos que servem perfeitamente para explicar o "vale da estranheza" — conceito que aponta a repulsa causada por réplicas muito parecidas com seres humanos, mas que não são idênticas.

Porém, mesmo não sendo o ideal, o CGI está longe de comprometer o projeto. O humor físico proposto pelos personagens não é prejudicado pelos efeitos visuais, além de ser claro o refinamento extra em momentos em que expressões faciais ganham mais destaque. Mesmo inegavelmente abaixo do esperado para uma produção de uma gigante como a Disney, os efeitos são funcionais o suficiente para que a Mulher-Hulk seja tão interessante quanto Jennifer Walters – mais uma prova do enorme carisma de Maslany.

Dessa forma, nem a computação gráfica mediana tira o brilho da estreia de Mulher-Hulk: Defensora de Heróis. A série começa com o pé direito ao apresentar uma personagem cativante que transita entre o mundano e o super-heróico. Resta saber para onde o restante da temporada vai levar Jen Walters, mas a estreia me deu toda a confiança para ser carregado em seus braços verdes por onde for.

Mulher-Hulk: Defensora de Heróis ganha novos episódios às quintas-feiras no Disney+.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast

Saiba mais