Jason Statham lutando contra um tubarão gigante ancião é o tipo de premissa que não precisa de muito para funcionar. De alguma forma, Megatubarão (2018) ainda conseguiu deixar a desejar pela falta de coragem e por manter certo semblante de seriedade. O filme foi um sucesso de bilheteria mesmo assim, e agora a continuação vem para fazer jus à galhofa honesta e ambiciosa que deveria ter sido desde o início.
No universo de Megatubarão 2, pesquisadores descobrem a existência dos últimos Megalodontes, espécie extinta de tubarão gigante. As criaturas sobreviveram ao impiedoso avanço do tempo ao se esconder em uma enorme trincheira no fundo do oceano. Em uma nova jornada ao local, o grupo descobre não só muitos outros seres ameaçadores, mas também uma conspiração envolvendo operações ilegais de mineração subaquática.
Aqui, Jonas Taylor (Jason Statham) e sua equipe lutam para conciliar a preservação da natureza com a pesquisa para melhor entender o que é a Trincheira. Em uma expedição que dá errado, esbarram em uma enorme base secreta, que extraí minerais do fundo do mar. Enquanto tentam encontrar uma forma de driblar as criaturas monstruosas e os criminosos ambientais, o grupo passa a suspeitar que algum suposto aliado está colaborando com a atividade ilegal.
É um filme assumidamente bobo, com um teor de ficção científica ainda mais forte, e com o coração no lugar certo. O contraste entre o espetáculo de monstros gigantes e a mensagem pró meio-ambiente cria algo inusitado, que a sequência sabe tratar com leveza e grandiosidade. Mas, para conseguir equilibrar tons tão distintos, Megatubarão 2 abraça um tom cômico que pode não funcionar para boa parte do público.
A vantagem em relação ao antecessor é ser mais autoconsciente da própria tosqueira, e lidar com tudo de um jeito descontraído que dá gostinho de blockbuster questionável do começo do século. O protagonista de Jason Statham é uma máquina de galhofa a pleno vapor, seja pilotando um jet-ski para empalar um tubarão gigante, ou então cuspindo frases de efeito incansavelmente.
Esse efeito fica ainda mais visível no restante do elenco. DJ (Page Kennedy) estaria em casa em algo como Anaconda (1997) por suas constantes tiradinhas fora de hora. Jiuming, vivido pelo astro chinês Jing Wu, parece completamente alheio ao caos ao seu redor, sempre com um sorriso no rosto. Em dado momento, deixa de ser surpreendente a ideia de que o filme pode acabar em um grande abraço entre a “disfuncional família de heróis”.
Para equilibrar a breguice, o diretor Ben Wheatley (Free Fire: O Tiroteio) dobra a atenção nas cenas de ação. Ainda que nada seja realmente convincente ou memorável, há esforço em tentar transmitir a imponência das criaturas, ou então o isolamento da base subaquática em meio a escuridão do oceano profundo. Complica um pouco que os momentos são mal executados, com correria que desorienta e computação lamentável, mas é visível que há uma tentativa de fazer algo melhor.
Megatubarão 2 pode ser resumido dessa forma: melhor que o antecessor, mas não bom o bastante para justificar qualquer empolgação. Pelo menos a experiência é mais agradável, com bom humor e absurdos o bastante para segurar a atenção.
Filmes de tubarão existem aos montes, portanto é preciso mais ousadia e menos vergonha na cara para se destacar entre os demais – e a continuação dá um passo nesse caminho. É um começo modesto, mas a jornada é longa demais para acreditar que essa franquia chegará lá um dia.
O longa está em cartaz nos cinemas brasileiros.