Leonel Caldela é um escritor responsável por romances como A Lenda de Ruff Ghanor, Ozob: Protocolo Molotov (NerdBooks), O Código Élfico (Leya), A Flecha de Fogo (Jambô), além de ser um dos autores fixos do cenário de Tormenta.
Talvez você também o conheça como o narrador do Nerdcast RPG Call of Cthulhu e tenha se surpreendido com as criações e reviravoltas da história que ele criou. Agora, ele está preparando mais um romance justamente sobre essa aventura, que será lançado muito em breve graças ao poder do financiamento coletivo.
O NerdBunker bateu um papo rápido com Leonel para entender melhor a paixão dele por RPG e também o processo criativo desse autor que já criou tantos livros incríveis. Confira:
Qual a sua relação com o RPG?
Comecei a jogar RPG em 1992 e ele rapidamente se tornou meu principal hobby! Nesses quase 30 anos, fiquei poucos períodos sem jogar. Gosto de lembrar de como era jogar tanto tempo atrás... Enquanto a gente cresce, o RPG cresce junto. Trabalho com RPG há pouco mais de 15 anos, então o jogo ocupa minha cabeça também nos momentos de expediente!
"Posso dizer que pra mim o RPG foi transformador. Conheci meus melhores amigos jogando, adquiri desenvoltura social, aprendi a contar histórias, desafiei alguns medos... Realmente o hobby só meu trouxe coisas boas."
Entre as muitas recompensas da campanha do Nerdcast RPG: Coleção Cthulhu, você está trabalhando em quais?
Mais fácil dizer em quais não estou trabalhando! Os colecionáveis fogem à minha alçada, embora eu veja alguns protótipos e dê palpites. De resto, além de escrever os romances estou supervisionando a parte criativa.
Qual o principal desafio de adaptar algo de outra mídia?
"Aceitar que as mídias são diferentes e isso significa histórias diferentes. O que é muito bom num podcast não necessariamente será adequado a um romance, por exemplo. A própria mídia, a maneira como ela funciona e a velocidade com que a consumidos, dita muitos rumos da história."
Podemos ver isso claramente no Nerdcast RPG. Existem várias soluções de trama que beiram o absurdo, de propósito: por exemplo, a existência de um templo profano sob o Estádio Olímpico de Berlim. Mas, numa mídia rápida, que se utiliza de conversa coloquial, esse tipo de elemento se encaixa bem. Num romance seria mais difícil manter a verossimilhança nesse caso.

Quando você descobriu que precisava contar histórias, que isso era uma profissão, afinal?
Desde criança tive essa vontade. Cresci com muitos livros e HQs, então era um desejo natural. A única dúvida era realmente como fazer isso acontecer e se daria certo. O caminho se revelou através da revista Dragão Brasil e do cenário de RPG Tormenta. Mostrei contos aos editores da DB, que também criaram Tormenta, e em um ano fui convidado para escrever um romance no cenário. Desde então me tornei um dos autores principais e nunca deixei de estar envolvido com esse mundo.
Se não trabalhasse com arte, o que você acha que faria?
Cheguei a ser tradutor em início de carreira. Provavelmente eu continuaria na tradução e me envolveria mais com a parte editorial da Jambô. Mas, se isso não acontecesse, é bem possível que eu fosse para o caminho acadêmico, provavelmente em Literatura.
Você tem alguma rotina de escrita que considere "peculiar"? Tem autores que só escrevem escutando determinado estilo de música, outros que têm que escrever logo quando acordam, outros que preferem a madrugada...
Minha rotina peculiar é justamente ter uma rotina rígida! Acordo todos os dias bem cedo, escrevo (ou faço outras partes do trabalho, como pesquisar) de manhã e à tarde, por várias horas, como se estivesse num escritório. Mantenho essa rotina todos os dias, muitas vezes até mesmo nos fins de semana. Acho que minha única outra mania notável é sempre começar o dia ouvindo música — quase sempre punk, quanto mais rápida melhor. Existem períodos em que continuo ouvindo música para escrever, enquanto em outros vou para a música instrumental ou mesmo o silêncio.
Você tem até o dia 2 de fevereiro de 2021 para apoiar o Nerdcast RPG: Coleção Cthulhu. E já pode escutar o último episódio agora!