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Immortality | Review
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Immortality | Review

Com mecânicas simples e mistério instigante, novo jogo de Sam Barlow é uma experiência brilhantemente assustadora

Tayná Garcia
Tayná Garcia
30.ago.22 às 05h00
Atualizado há mais de 2 anos
Immortality | Review

Descrito como uma trilogia interativa, Immortality é o novo jogo de Sam Barlow, criador dos aclamados Her Story e Telling Lies, que coloca o jogador para investigar um mistério.

Marissa Marcel é uma atriz francesa que estrelou três filmes na carreira. Só que nenhum deles foi lançado… e ela desapareceu inexplicavelmente. Seus fãs, então, encontraram e reuniram as gravações dos projetos inacabados em um banco de dados, a fim de preservar e compartilhar o legado de Marcel.

A ideia é que o game é, na verdade, um programa de computador com todo o material encontrado, reunindo cenas dos filmes, bastidores das filmagens, ensaios, audições, leituras de roteiro e até vídeos caseiros da atriz. Cabe a você assistir e analisar o conteúdo para desvendar o que aconteceu com ela.

Immortality é um jogo em FMV, então todos os vídeos são em live-action e foram interpretados por atores

Um quebra-cabeça vivo e amaldiçoado

Immortality não é apenas uma investigação, mas também um processo de restauração. Isso porque todo o material está bloqueado, e é preciso destravar cada vídeo. Para isso, existe o “modo de imagem”. Com ele, você pode pausar uma cena em qualquer momento e clicar em um objeto, pessoa ou detalhe que considerar interessante. E, então, outro vídeo que apresenta o mesmo elemento é automaticamente desbloqueado.

É uma ótima ferramenta para o jogador já traçar as semelhanças entre os materiais, mas que facilmente também o deixa confuso, só que de forma totalmente proposital. Afinal, o jogo é um quebra-cabeça vivo, que lida com três “arcos” ao mesmo tempo, representados pelos filmes de Marcel: Ambrosio, de 1968; Minsky, de 1970; e Um Par Para Tudo, de 1999.

O conteúdo é desbloqueado de forma aleatória e você precisa, sem nenhum tipo de dica ou guia, entender a história de cada longa e o que está acontecendo nos bastidores. E, em pouco tempo, já é possível perceber que o mistério engloba não apenas a atriz, mas várias figuras envolvidas nos projetos.

Além disso, realidade e ficção se relacionam e têm uma linha tênue entre si, o que adiciona uma camada de complexidade ao imenso puzzle que é Immortality.

Uma parte boa é que o próprio jogo relaciona e organiza os vídeos em dois grupos: ordem cronológica ou pelos acontecimentos dos filmes

No entanto, há ainda mais mistério envolvido. Antes de começar minha experiência, os desenvolvedores avisaram que o game poderia estar amaldiçoado – o que só realmente entendi ao começar a jogar.

Immortality também conta com uma mecânica para rebobinar os vídeos que, a princípio, parece simples. Mas nem todo vídeo é o que parece e, ao retroceder as imagens, cenas escondidas, misteriosas e até levemente perturbadoras podem aparecer.

Os vídeos “secretos” são sinalizados por efeitos sonoros, que consistem em ruídos e zumbidos que alertam quando há algo ali. A trilha sonora, que apresenta um tom de música clássica, também acompanha e reage às ações do jogador, ora se intensificando subitamente, ora sumindo por completo.

As cenas escondidas somadas aos efeitos sonoros bem pensados criam uma atmosfera tensa e assustadora para quem está com as mãos no controle. Muitas vezes, me senti apreensiva, mas sempre intrigada e curiosa em descobrir mais. É impressionante pensar que apenas um depósito de vídeos foi capaz de causar esses sentimentos!

Há ainda momentos em que há uma clara inspiração no suspense e terror do clássico Twin Peaks, e até uma quebra de quarta parede, mas é melhor parar por aqui para não estragar nenhuma surpresa.

Segredos estão por toda parte em Immortality, desde o próprio título até o menu diferentão, em que Marissa invade a tela a cada clique

É importante também ressaltar que o game lida com muitos temas delicados, como blasfêmia em relação à fé católica e uso de drogas, e até pesados, como assassinato, suicídio e abuso sexual.

O jogo está com texto em português brasileiro, mas a dublagem está disponível apenas em áudio original (inglês). A localização nacional é consistente e muito satisfatória, ainda mais em um título como Immortality, em que é extremamente necessário que o jogador entenda os contextos das cenas e o que as pessoas estão conversando.

A imortalidade

Immortality é um jogo de mistério que, com mecânicas simples e bem pensadas, entrega uma experiência brilhantemente assustadora – e digo isso como uma fã assídua do gênero de terror que não se assusta tão facilmente.

É aquele tipo de game que você se vê pensando sobre até mesmo quando não está jogando, pois ele desafia e instiga a percepção e a criatividade do jogador, além de ser uma história com muitos acontecimentos abertos à interpretação. Mesmo após rolar os créditos, você vai sentir que precisa voltar e continuar.

O título também tem potencial para provocar uma união entre os players, uma vez que a experiência de cada pessoa será diferente, e trocar informações e debater teorias é algo que sempre agita a comunidade.

Barlow descreveu Immortality como seu projeto mais ambicioso e complexo – e realmente é. O jogo é capaz de deixar qualquer um obcecado em descobrir os mistérios envolvendo Marissa Marcel e aposta em uma proposta bem diferente dos outros lançamentos do ano, o que o torna essencial para quem é fã de um bom mistério.


Este review foi feito com uma cópia cedida pela Half Mermaid Productions.

Immortality está disponível para PC e Xbox Series X|S — e também já chegou ao catálogo do Xbox Game Pass e PC Game Pass.

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