Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Elementos repete temas, mas encanta com bons protagonistas | Crítica
Filmes

Elementos repete temas, mas encanta com bons protagonistas | Crítica

Nova animação da Disney Pixar fala sobre diferenças -- e não inova muito na mensagem

Camila Sousa
Camila Sousa
22.jun.23 às 09h00
Atualizado há mais de 1 ano
Elementos repete temas, mas encanta com bons protagonistas | Crítica
(Disney/Divulgação)

Existe um grande desafio quando um estúdio atinge seu ápice (sim, Marvel, também estamos olhando para você). Afinal, o que há a fazer após lançamentos como Toy Story 3 (2010) e Divertida Mente (2015)? A Pixar segue em busca dessa resposta e chega com Elementos, animação que encanta com seus protagonistas, embora não tenha nada muito inédito para apresentar.

Seguindo a ideia de personificar certos componentes da vida real, o longa mostra uma cidade em que os elementos da natureza Fogo, Água, Terra e Ar são vivos e dividem o mesmo espaço. Porém, existe uma grande separação quando falamos do Fogo — considerados perigosos, eles vivem em uma cidade à parte e não gostam de se misturar. Nesse contexto, a jovem do fogo Ember (voz original de Leah Lewis) conhece Wade (voz original de Mamoudou Athie), um rapaz de água, e começa a descobrir um novo mundo.

Só por essa apresentação já fica claro o quanto Elementos tem uma grande repetição de temas. Amadurecimento, deixar as expectativas dos pais de lado, um amor proibido, encontrar seu lugar no mundo… Todos esses assuntos clássicos do cinema e da TV estão presentes na produção, que só não se torna enfadonha pelo fato de os protagonistas serem extremamente carismáticos.

Coração do filme, Ember Lumen é apresentada desde o nascimento, e se torna fácil se conectar com ela. Filha única de uma família que deixou tudo para trás para começar uma nova vida, ela é a “menina dos olhos” do pai, Bernie (Ronnie Del Carmen), e a “garotinha perfeita”, que no futuro vai assumir os negócios da família. A potente voz original de Leah Lewis intensifica o belo traço da Pixar e faz Ember ser completamente crível - embora seja feita de fogo.

A personagem também cumpre o papel de ser os olhos do público ao andar pela Cidade dos Elementos. Como foi criada de forma reclusa na Cidade do Fogo, Ember vê com assombro cada pequeno detalhe e as diferenças entre cada ser que ocupa aquele espaço. Neste momento, Elementos começa a falar mais de seu tema central, que é a aceitação das diferenças. Ao andar por lugares com Água, Terra e Ar, a jovem é vista como perigosa. Outros elementos se desviam a todo o momento, e ela até usa um capuz para esconder seu brilho — em uma analogia praticamente perfeita do que muitas pessoas ainda sofrem no mundo real.

Esse tema é levado além com o desenvolvimento do relacionamento dela com Wade, um chorão habitante da água, que é o oposto de Ember em tudo. A chegada do personagem traz leveza à história e à vida da protagonista, que começa a vislumbrar a existência de novas possibilidades no mundo. E se ela tiver outros talentos? E se existir algo além de nascer, crescer e morrer exatamente no mesmo lugar?

Tal narrativa se mistura com a experiência de vida de Peter Sohn, diretor da produção, e é praticamente impossível deixar isso de lado ao ver o filme. Filho de imigrantes que se mudaram para os EUA, Sohn colocou em Ember todos os sentimentos de precisar “dar algo de volta” para os pais que se sacrificaram tanto por ele, ao mesmo tempo que questiona até onde isso é saudável e pode deixar de lado o que cada um possui de especial.

São temas universais, e isso torna fácil se conectar com a história de Elementos. Porém, já vimos essa mesma narrativa em várias outras produções do cinema — incluindo da Disney/Pixar —, o que nos leva a pensar se há uma crise de criatividade no estúdio. Será que estamos fadados a sempre contar a mesma história, com a mesma lição no final (por mais bonita que ela seja)?

Falando sobre a parte visual, o maior capricho está na criação dos protagonistas Ember e Wade, que possuem cabelos, silhueta e expressões incríveis para personagens feitos de fogo e água, respectivamente. Já a Cidade dos Elementos, embora repleta de coisas para ver em cada cantinho, não se destaca tanto. A criação do local é competente, mas a entrega não passa do que já esperamos de qualquer produção com o selo da Disney/Pixar.

Porém, ainda que não seja uma nova “joia da coroa” do estúdio, Elementos pode valer uma sessão sem muito compromisso — especialmente para quem pretende levar as crianças junto. Há vários momentos divertidos, que vão encantar os pequenos — mas segue a dúvida de quando (e se) o estúdio vai conseguir cativar novamente o coração dos adultos ao mesmo tempo.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast