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Daisy Jones and the Six poderia ser a série do ano, mas esbarra em clichês | Crítica
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Daisy Jones and the Six poderia ser a série do ano, mas esbarra em clichês | Crítica

Série mostra trajetória de banda fictícia de rock dos anos 1970

Daniel Reininger
Daniel Reininger
31.mar.23 às 15h04
Atualizado há mais de 1 ano
Daisy Jones and the Six poderia ser a série do ano, mas esbarra em clichês | Crítica
(Prime Video/Divulgação)

Daisy Jones & the Six chegou ao Prime Video com a promessa de ser uma das grandes séries do ano. Afinal, estamos falando de um drama pop de música brilhante e nostálgico no estilo de Quase Famosos, baseado em parte na história turbulenta do Fleetwood Mac.

Porém, embora o elenco tenha boa química e a produção seja cuidadosa, a narrativa se concentra demais no melodrama e nostalgia, sem aprofundar temas mais espinhosos e, por isso, perde a chance de realmente deixar sua marca na história.

Trajetória de sucesso

Imagem de Daisy Jones and the Six Ambientação nos anos 1970 é um dos destaques da série (Prime Video/Divulgação)

A série é baseada no livro homônimo de Taylor Jenkins Reid e é narrada em formato de entrevistas documentais com diversos personagens envolvidos na treta, entre eles músicos, empresários e amigos. A trama acompanha a banda fictícia Daisy Jones & the Six e sua repentina separação durante uma turnê no auge do sucesso, nos anos 1970.

Embora a série já comece interessante, sem dúvida melhora quando o vocalista Billy Dunne (Sam Claflin) sai da reabilitação e a cantora com problemas de autoestima Daisy (Riley Keough) aparece mais. No entanto, apesar dos personagens interessantes, a verdade é que a minissérie nunca decola de verdade.

Mesmo com uma bela homenagem à cena musical de Los Angeles dos anos 1970 e muita atenção aos detalhes, a beleza estética perde a força por conta da superficialidade da trama. Alguns dos melhores momentos buscam inspirações óbvias em outras obras, como o próprio clássico Quase Famosos, especialmente quando temos a aparição de um repórter novato da Rolling Stone que cobre a banda.

Mais um triângulo amoroso na cultura pop

Imagem de Daisy Jones and the Six Jornada de Daisy Jones é um dos destaques da história (Prime Video/Divulgação)

A história, porém, foca demais na vida amorosa dos personagens principais envolvidos em um clássico triangulo amoroso, enquanto reforça a ideia de "sexo, drogas e rock'n roll" como o grande vilão da trama. Afinal, esses aspectos são constantemente mostrados não só como possível causa da ruína desses grandes artistas, mas também como motivo para pessoas quebradas, como os protagonistas, não conseguirem se relacionar de forma saudável.

Isso fica claro numa determinada cena em que a tensão sexual entre Daisy e Billy está no auge, mas ele se nega a entrar no quarto de hotel dela após ver bebidas à mostra. Ele justifica que "só viu tentações" ao olhar pra dentro. Esse tipo de situação se repete e deixa a série com um tom maniqueísta, ao mesmo tempo em que esses elementos servem como justificativas para as atitudes tóxicas dos personagens.

Felizmente, Daisy, a jovem selvagem no centro da história, ajuda melhorar a narrativa. Ela é resiliente, determinada e traz emoção aos acontecimentos. As inseguranças de Daisy servem como guia para boa parte da trama, mas o trauma em si é pouco explorado, sempre mantido no nível mais raso, justificado com algumas poucas cenas e focando nas dificuldades de Daisy em se relacionar e confiar em si mesma. É importante destacar que, apesar disso, o crescimento e empoderamento da personagem é um dos pontos altos da série.

Até por isso, o foco mesmo da série é a relação de amor e ódio de Daisy Jones com Billy Dunne, líder dos The Six, com quem tem muitas semelhanças e, por isso mesmo, tem uma relação explosiva. Mas o relacionamento deles, como retratado em alguns capítulos, não funciona tão bem. Ambos acabam saindo como antipáticos e fica difícil se importar com eles por boa parte da história, apesar da boa interação entre os dois atores.

Trilha vale a jornada

Imagem de Daisy Jones and the Six Apesar dos problemas narrativos, série conquista fãs de música (Prime Video/Divulgação)

O lado bom é que a talentosa Keough (que é neta do Elvis Presley) e Claflin realmente se esforçaram para cantar as músicas, criadas com a ajuda de um produtor de música premiado com o Grammy, Blake Mills, e pelos músicos Phoebe Bridgers, Marcus Mumford e Jackson Browne. Convincente, a trilha é muito boa (e até adicionei algumas músicas da banda fictícia na minha playlist). Infelizmente, mesmo com tudo isso, é difícil entrar totalmente na história.

Vale destacar ainda Nabiyah Be, atriz que nasceu em Salvador, na Bahia. O pai é Jimmy Cliff, grande músico jamaicano de reggae e ska, e a mãe é uma psicóloga brasileira chamada Sônia Gomes. Ela vive Simone Jackson, melhor amiga de Daisy e cantora de dance music, com um arco interessante que mostra sua trajetória sofrida. É uma das personagens com mais profundidade. Pena ter pouco espaço.

Embora a história não capture totalmente a essência do que seria a trajetória de uma banda de rock icônica, a química entre Keough e Claflin é inegável, mesmo que nem sempre explorada da melhor forma. No fim do dia, Daisy Jones & The Six é um bom passatempo capaz de empolgar pelas músicas, apesar de estar repleta de clichês e apresentar um discurso moralista. Como entretenimento leve com toques dramáticos, cumpre seu papel.

Todos os episódios de Daisy Jones and the Six estão no catálogo do Prime Video.

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