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Crash Team Rumble é um divertido jogo sem futuro | Preview
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Crash Team Rumble é um divertido jogo sem futuro | Preview

Beta do game é satisfatório, mas não passa confiança de algo que possa sobreviver muito além do lançamento nos dias de hoje

Arthur Eloi
Arthur Eloi
26.abr.23 às 13h18
Atualizado há cerca de 2 anos
Crash Team Rumble é um divertido jogo sem futuro | Preview
Crash Team Rumble/Divulgação

O potencial e carisma de Crash Bandicoot vão muito além de seus jogos de plataforma. É por isso, aliás, que o mascote do PlayStation conseguiu rivalizar o bigodudo Mario nas pistas, com Crash Team Racing, e também nos mini-games caóticos de festa, com Crash Bash. Com a recém-retomada da franquia em excelentes remakes e até um quarto título inédito, já é hora de voltar a explorar o alcance do marsupial insano. Crash Team Rumble poderia ser isso, mas não deve sobreviver muito além de seu lançamento.

O novo título desenvolvido pela Toys for Bob, mesma equipe da N.Sane Collection e de Crash Bandicoot 4: It’s About Time, realizou testes beta fechados em abril, e o NerdBunker pulou nos servidores para disputar algumas partidas. A experiência foi divertida, mas também levemente amarga ao demonstrar bem alguns dos maiores problemas da indústria de games atualmente.

No jogo inédito, equipes de quatro jogadores se enfrentam em intensas partidas em que o objetivo é coletar duas mil frutas (ou Wumpas) antes de seus rivais. Os mapas são repletos de caixas quebráveis e saborosas frutas, que precisam ser reunidas e depositadas em plataformas na base para poder pontuar. Os jogadores, claro, podem atrasar ou até impedir o progresso dos demais na base da porradaria.

Com visual colorido, boas músicas e objetivos simples o bastante, Crash Team Rumble rende boas partidas. A jogabilidade é satisfatória para se movimentar e também para sair no soco (e barrigadas) com os demais. É uma boa experiência de jogo de festa, daquelas que qualquer um dos seus amigos pode disputar intensamente mesmo sem ser muito habilidoso com games. O maior problema do título é não se aceitar assim, e tentar mirar em um multiplayer competitivo que torna tudo menos interessante.

Game reúne diversos personagens da franquia Crash Bandicoot em partidas caóticas [Créditos: Crash Team Rumble/Divulgação]
Por exemplo, não basta que os vários personagens da franquia Crash tenham movimentos e habilidades diferentes. O jogo insiste em categorizá-los em classes/funções, como maior foco em capturar frutas, defender objetivos ou coletar power ups para o time. Não que a presença desse elemento estratégico seja ruim.

Em uma partida, por exemplo, um rival jogando de Dingodile deu bastante trabalho ao se posicionar na plataforma de pontuação do meu time, efetivamente impedindo qualquer colega de equipe de avançar o placar para o nosso lado. Foi tenso e divertido? Sim, claro, mas foi um problema que não pediu respostas complexas para ser resolvido, apenas bater no inimigo até ele se afastar do objetivo.

O jogo parece se achar mais complexo do que realmente é, e entende essa complexidade como necessária, por algum motivo. É uma tentativa de investir na onda de hero shooters, que pedem por equipes “bem configuradas e equilibradas” onde todos desempenham seus papéis, como um Overwatch ou Rainbow Six Siege da vida. Forçar esse ângulo soa contraditório ao apelo da simplicidade do jogo.

Futuro opaco

Jogo pago com abordagem de free-to-play, Crash Team Rumble não passa confiança para o futuro [Créditos: Divulgação]
Um pulo no menu do game explica tudo que você precisa saber: o projeto é pensado como um game como serviço, daqueles que recebe atualizações constantes de conteúdo. A partir dessa abordagem, é fácil entender que os desenvolvedores - ou a publicadora, claro - queiram algo que ofereça um fluxo recorrente de novidades e desafios.

No papel, ter um jogo em constante evolução parece bom, mas na prática há um preço invisível para manter vivo um projeto desses - especialmente se sua proposta não é ser algo para ser jogado diariamente, por anos e anos. Não faltam exemplos recentes de títulos que morreram cedo por não se alinharem com esse formato: lembra de Hyper Scape? Knockout City? E Rumbleverse? Ou até mesmo MultiVersus, que sumiu prometendo voltar só em 2024?

Mesmo o beta de Crash Team Rumble já é infestado de itens cosméticos e títulos para conseguir, barras de XP e desafios diários para completar, e o sempre-presente menu de Passe de Batalha, pensado para sustentar o jogo. Com isso, surge a promessa de lançamentos ocasionais de novos personagens, rebalanceamentos constantes e tudo que se espera de um “jogo vivo”.

É difícil imaginar o game reunindo uma base de fãs considerável (e pagante) para garantir seu suporte pelos próximos anos, e é mais difícil ainda crer que a Activision não mantém expectativas irrealistas para a sobrevivência do projeto. Não ajuda também que se trata de um jogo pago e com um preço elevado, ainda que tenha todos os maneirismos de um free-to-play.

Por fim, é especialmente decepcionante que seu potencial de “jogo de festa” não possa realmente ser atingido, já que oferecerá apenas partidas online e nenhuma opção de disputas em tela dividida - o que, por sua vez, até garantiria sobrevida em caso de desligamento dos servidores ou baixa popularidade online.

O beta deixa um gosto amargo na boca. Crash Team Rumble é divertido o suficiente para render boas disputas, com jogabilidade simples e satisfatória. Mas tudo ao seu redor tira qualquer confiança de que possa ser uma experiência verdadeiramente agradável. Há potencial aqui, porém nenhuma perspectiva triunfa em meio às desoladoras expectativas e práticas que assombram os jogos como serviço.

Crash Team Rumble chega Xbox One, PlayStation 4, Xbox Series X | S e PlayStation 5 em 20 de junho. Haverá crossplay entre todas as plataformas.

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