Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
25 anos de Cowboy Bebop; ainda vale a pena assistir ao anime?
Animes e Mangás

25 anos de Cowboy Bebop; ainda vale a pena assistir ao anime?

Após o sucesso, a aventura espacial ganhou mangá, filme e até uma série live-action da Netflix

Paloma Pinheiro
Paloma Pinheiro
08.abr.23 às 10h00
Atualizado há cerca de 2 anos
25 anos de Cowboy Bebop; ainda vale a pena assistir ao anime?
Netflix/Reprodução

Mesmo após 25 anos do lançamento, Cowboy Bebop segue como uma das grandes referências da cultura pop. Com o sucesso do anime de 26 episódios, a aventura espacial ganhou adaptações em outras mídias, incluindo mangá, filme e uma série live-action lançada pela Netflix em 2021.

Originalmente, a produção estreou em abril de 1998 na TV Tokyo. Anos depois, se tornou um clássico cult que continua conquistando fãs a cada geração.

Mas o que faz de Cowboy Bebop uma obra que vale à pena assistir mais de duas décadas depois? Logo abaixo você confere alguns aspectos que tornam essa produção tão única:

Aventura espacial

A história se passa no ano de 2071, após uma parcela sobrevivente da humanidade deixar as ruínas do planeta Terra. Com a expansão para novos territórios no espaço, veio também o aumento da criminalidade, que a lei e ordem da Terra já não conseguiam mais conter.

Nesse cenário, a humanidade cria um sistema semelhante ao do “Velho Oeste”, representado pela figura dos “cowboys”, caçadores de recompensas que ajudam a capturar criminosos.

É aí que Cowboy Bebop apresenta dois de seus personagens principais: Spike Spiegel e Jet Black, caçadores de recompensa que viajam a bordo de uma nave espacial chamada Bebop.

Vontade de criar algo completamente novo

Normalmente, adaptar um mangá para anime é mais comum que fazer o processo contrário. Mas algumas obras de sucesso seguem essa via de “contramão” e Cowboy Bebop é uma delas.

O estúdio Sunrise (atualmente, Bandai Namco Filmworks) foi responsável pela produção, com uma equipe que incluía Shinichirō Watanabe (Samurai Champloo) como diretor, Keiko Nobumoto como roteirista e Toshihiro Kawamoto como designer de personagens e diretor de animação.

As ideias de Watanabe para Cowboy Bebop refletiram um movimento que se destacou por toda a década de 1990. Após o impacto de Akira (1988), a indústria de animação japonesa começou a se expandir com novos diretores, temas mais maduros e adaptações importantes que viriam pela frente, como a de Ghost in the Shell (1995).

Em entrevista ao IGN em 2017, Watanabe comentou o caráter híbrido de Cowboy Bebop, que reúne diversos gêneros e inspirações no intuito de criar um produto único:

“Ao criar Cowboy Bebop, pensei que seria mais interessante se eu adicionasse diferentes tipos de elementos para criar algo completamente novo.”

Nesse cenário, a lista de influências  de Cowboy Bebop é extensa e celebra, principalmente, o gênero western/faroeste e a ficção científica. As referências começam já nos títulos dos episódios, chamados de "sessions", em alusão às sessões de improviso no jazz.

Além disso, quase todos os episódios recebem o nome de canções consagradas, como "Simpatia pelo Diabo" (The Rolling Stones) e "Bohemian Rhapsody" (Queen), títulos dos episódios 6 e 14, respectivamente.

Em uma das principais referências ao cinema hollywoodiano, Cowboy Bebop celebra os filmes de kung fu e um de seus maiores representantes: Bruce Lee. Isso acontece porque Spike Spiegel é um praticante do Jeet Kune Do, um sistema de arte marcial desenvolvido por Lee.

Outra clássica referência ao cinema aparece no episódio 20, intitulado "Pierrot le Fou" ("O Demônio das Onze Horas"), filme homônimo de Jean-Luc Godard e um dos marcos do movimento conhecido como Nouvelle Vague.

Grupo a bordo da Bebop

Faye, Spike, Jet, Ein e Ed viajam a bordo da Bebop. Netflix/Reprodução

Além de levar o grupo em várias aventuras pelo espaço, a Bebop também aparece como palco de várias situações problemáticas enfrentadas pelos cowboys.

As personalidades diferentes de Spike, Jet, Faye, Ed e o comportamento de Ein constantemente desencadeiam uma série de confusões que dão o tom cômico ao anime. Mas uma particularidade parece ser o ponto de encontro entre esses indivíduos tão diferentes: a solidão.

Como dito antes, a partir dos anos 90, as animações japonesas destacaram novas temáticas, geralmente mais maduras. Nesse contexto, é comum perceber obras com uma narrativa mais niilista e até mesmo apocalíptica.

Em Cowboy Bebop, o tom cômico e as situações de aventura frequentemente se intercalam com momentos de muita melancolia, mostrando o passado difícil dos protagonistas e sequências de ação violentas.

Quanto ao processo de design dos personagens, Kawamoto revelou em entrevista anterior uma possível influência de Star Wars, em meio ao anúncio de Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999):

"O título provisório do projeto era Shooting Star Bebop. Naquela época, a produção de Star Wars Episódio I havia sido anunciada. Então tivemos ação no espaço com naves espaciais em nossa mente."

No caso específico do visual de Spike, houve ainda uma forte influência de Lupin III, clássico da animação japonesa. Em relação à personalidade, a equipe buscou referências em Joe Yabuki, protagonista do clássico sobre boxe Ashita no Joe.

Algumas artes publicadas em Cowboy Bebop: Illustrations - The Wind mostram a evolução do processo de design dos personagens. Confira na galeria abaixo:

1 /3

A música em Cowboy Bebop

A trilha sonora é outro grande destaque de Cowboy Bebop. Não é à toa que o nome da nave principal dessa história é também o nome de um estilo de jazz — o Bebop — que se originou por volta dos anos 1940.

A compositora Yoko Kanno foi responsável pela trilha e montou uma banda de jazz e blues, os Seatbelts, especialmente para interpretar as canções do anime. Além da própria abertura, o jazz embala muitas das sequências de ação e luta, que refletem a velocidade e ousadia do Bebop.

Outra grande referência musical presente na obra são os personagens Antônio, Carlos e Jobim, uma homenagem ao compositor brasileiro popularmente conhecido como Tom Jobim. Veja abaixo:

Antônio, Carlos e Jobim são um trio recorrente nos episódios de Cowboy Bebop. Crunchyroll/Reprodução

O que veio depois: mangá, filme e Cowboy Bebop da Netflix

Logo após a ideia de criar o anime, Cowboy Bebop ganhou duas adaptações em mangá no Japão. A primeira, intitulada Cowboy Bebop: Shooting Star, começou a ser publicada um pouco antes da estreia do anime, em outubro de 1997. Já a segunda, chamada apenas de Cowboy Bebop, foi publicada entre novembro de 1998 e março de 2000.

Três anos após a estreia, o anime ganhou um filme animado, que contou com o retorno de Watanabe como diretor e parte da equipe original. A trama é ambientada entre os episódios 22 e 23 do anime e segue o grupo de caçadores de recompensa em uma nova aventura contra um terrorista espacial.

Em 2021, Cowboy Bebop retornou aos holofotes com uma adaptação em série live-action da Netflix, estrelada por John Cho (como Spike Spiegel) e Mustafa Shakir (como Jet Black).

A produção recebeu várias críticas negativas, incluindo um comentário recente de Watanabe, em que o diretor revela que não conseguiu continuar assistindo à série. Pouco depois da estreia, a Netflix anunciou o cancelamento definitivo do live-action.

A adaptação de Cowboy Bebop da Netflix incluía John Cho, Mustafa Shakir e Daniella Pineda no elenco. Netflix/Reprodução

See You Space Cowboy...

Seja pela ação, a trilha intensa, ou pelos momentos de solidão e melancolia, Cowboy Bebop ainda consegue entregar uma experiência capaz de conquistar novos fãs, mesmo 25 anos após seu lançamento.

Isso se deve, em grande parte, às inúmeras referências da obra, que tornam o anime atraente para um público cada vez mais diverso. Ainda assim, o anime é muito mais que apenas um mix de diferentes elementos.

Com ele, Watanabe e sua equipe conseguiram criar uma obra atemporal, que destaca várias nuances da natureza humana, ao mesmo tempo que emociona novas gerações de fãs.

Cowboy Bebop tem 26 episódios e está disponível na Crunchyroll e na Netflix, com dublagem e legendas em português brasileiro.

Fique ligado no NerdBunker para mais novidades. Aproveite e baixe o novo Aplicativo do Jovem Nerd para iOS ou Android.

Veja mais sobre

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast