Coringa está cheio de momentos que mudam o rumo da narrativa do vilão da DC. São cenas capazes de transformar toda a trama e o crescimento do personagem. Mas, duas delas, segundo Lawrence Sher, diretor de fotografia do longa, são especiais neste quesito.
Em entrevista com a Variety, Sher contou sobre como foi gravar a cena em que Arthur Fleck, vivido por Joaquin Phoenix, está no metrô – sim, aquela cena – e parece efetivamente se transformar em Coringa. O diretor de fotografia falou também sobre o icônico momento em que Arthur dança na escada.
[AVISO: O texto abaixo contém SPOILERS de Coringa]
Para Lawrence Sher a cena do metrô foi decisiva na transformação do personagem. Para o diretor, se trata de um momento de "sonho febril", onde todos elementos trabalham para esta conclusão, desde os ângulos da câmera, iluminação e as cores.
Definitivamente, havia a intenção neste filme de tentar criar quadros cheios de tensão. Criei certas regras para mim e para o operador da câmera para aquela cena, para nunca gravar ao nível dos olhos. Nós poderíamos filmar ele do alto ou de baixo; poderíamos gravar também em um nível fraturado. Encontraríamos uma maneira de dissecar o quadro.
O diretor revelou que, em momentos do personagem sozinho, a intenção era mostrá-lo com um sentimento de solidão.
Nas cenas em que ele estava sozinho, mostrávamos ele isoladamente. Queríamos encontrar um quadro que falasse emocionalmente. Todd e eu gostamos de misturar várias coisas estilísticas em nossos filmes. Temos cenas muito específicas com movimentos de câmera lenta precisos em câmera lenta. Há cenas intencionalmente estáticas. Outras, com a câmera na mão.
Já sobre a cena da dança na escadaria, Sher defende que faz parte da ascensão do Coringa.
As escadas fazem parte do mundo de Arthur, sua ascensão ao personagem e mostra para onde ele está indo. Existe a ideia de que a escada é algo árduo, pois Arthur precisava suportar todos os dias apenas para chegar em casa. O filme é muito sobre dicotomias e sobre os dois lados de nosso próprio ser. Todos somos bons e todos também temos o potencial de sermos maus. Toda vez que ele vai para casa, ele está tentando ser a melhor parte de si mesmo. Ele está lutando para ser o mais humano e, no final do filme, quando finalmente está virando o Coringa, ele vive a parte mais verdadeira de si mesmo, mesmo que seja o mais caótico, violento e cheio de raiva. Ele está fazendo isso em comemoração. É mais fácil descer as escadas do que subir as escadas.
O diretor de fotografia defende que a ideia de ele descer as escada é simbólico e demonstra como ele está "indo para baixo para entrar na parte mais sombria de si próprio", ao mesmo tempo em que Arthur está celebrando ele mesmo.
O principal aqui é que as primeiras tomadas dele subindo as escadas são lentas. O trabalho da câmera no início do filme é metodicamente lento, assim como a caminhada dele. A imagem dele no topo da escada é estática e não há movimento da câmera. Ao final, colocamos um guindaste para podermos avançar com ele. Quando ele dança e dá essa energia, é uma celebração. É uma cena de dança que não é realizada da mesma maneira que a cena do começo do filme.
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Coringa estreou recentemente e já arrecadou US$ 299 milhões nos Estados Unidos, somando mais de US$ 947 milhões mundialmente.
O longa já está disponível nos cinemas do Brasil. Confira a nossa crítica!