Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Conversamos com Masaaki Yuasa, diretor de Devilman Crybaby
Séries, TV e Streaming

Conversamos com Masaaki Yuasa, diretor de Devilman Crybaby

Modernizando uma história, sem deixar de lado a essência do mangá

Marina Val
Marina Val
15.jan.18 às 17h42
Atualizado há cerca de 7 anos
Conversamos com Masaaki Yuasa, diretor de Devilman Crybaby

No ano passado, fomos convidados pela Netflix para visitar o Science SARU, estúdio de animação em Tóquio, no Japão, e também para participar de uma mesa redonda com Masaaki Yuasa, diretor de Devilman Crybaby, junto com outros jornalistas de diversas partes do mundo.

Yuasa falou brevemente sobre o processo de produção do anime e justificou o uso do Adobe Animate (anteriormente conhecido como Adobe Flash) para fazer todos os 10 episódios no tempo previsto. Além disso, ele comentou que o anime tem um contraste bem forte e um estilo mais "mangá" que não funcionaria bem em animação 3D, por exemplo. O resultado dessa decisão artística é bem claro só de ver o trailer:

Watch on YouTube

Como essa nova adaptação animada é baseado em um mangá de 1972, Yuasa comentou um pouco sobre a estrutura do projeto e a dificuldade de deixá-lo contemporâneo, sem perder a essência do original:

Esse foi um projeto difícil para mim, porque o jeito que ele é feito é muito único. E até mesmo Go Nagai seguiu em frente com o original por aquilo que o inspirou, ele nunca pensou realmente em como terminar, apenas seguia seu próprio fluxo. Ele se desenvolve e termina com esse final surpreendente. Então a estrutura de toda a história é feita de um jeito que é muito difícil retratar em apenas uma narrativa. A história original foi escrita há 45 anos, então ela basicamente reflete como era a sociedade naquela época e como as pessoas levavam suas vidas, até mesmo as roupas refletem isso. Mas queríamos criar algo que as pessoas vão gostar de assistir no tempo atual. No entanto, quando falamos sobre a história original, olhamos para a franquia e vemos que ela foi reescrita diversas vezes de outras formas depois. E a primeira versão da série foi muito bem feita e é bem original, então eu quis reutilizá-la e manter sua essência, mas também mudar algumas características que a deixariam mais contemporânea, como no design dos personagens — nós o redesenhamos para ter um ar mais atual.

Entretanto, não se engane achando que tornar mais atual significaria aliviar alguns elementos impróprios para crianças que são explorados no mangá, já que, segundo o diretor, eles são necessários para contar a história:

Na história original havia muitos elementos sexuais e queríamos incorporar essa essência, então aderimos esses aspectos no nosso anime. E justamente porque estávamos desenvolvendo essa série na Netflix, nós pudemos fazer tudo o que queríamos, o que não seria possível em uma emissora convencional. Estamos mais “a par” da história original, há muita violência e conteúdo sexual, mas há alguns mangás para o público infantil. Então na época, as pessoas ficaram surpresas. E eu acho que Go Nagai sempre serviu como uma referência nesse sentido, porque vemos mais tarde que essa série é uma “releitura” do trabalho de Go Nagai. Então sempre tivemos essa ideia de querer ir longe com essa abordagem da violência e sua representação. Acho que as suas características têm sido diminuídas, mas segundo a minha ideia de ética, o ideal seria introduzir essas características de violência e sexualidade na série porque o resultado final é bem chocante. Eu realmente acredito que seja necessário para eu contar a história.

Diretor Masaaki Yuasa em sua mesa de trabalho no Science SARU

A parceria com a Netflix significa que o anime está sendo lançado simultaneamente para o mundo inteiro, mas Yuasa não sentiu necessidade de fazer nenhuma grande mudança na produção por conta disso:

Antes de tudo, precisamos criar uma série que vai agradar o público japonês, mas nós não tivemos nenhuma ideia diferente para atrair o público estrangeiro. Há alguns anos, nós fizemos um curta de animação focado no público internacional, mas acredito que não há realmente uma diferença entre o público japonês e o estrangeiro.

Ao ser questionado sobre o que influenciou seu estilo meio psicodélico presente na maioria de suas animações, Yuasa comentou:

Eu provavelmente fui inspirado por muitas “veias” diferentes, mas eu não quis negar o estilo de outros animes porque acredito que faço parte desse mundo de animações japonesas. E tentei [me inspirar] nos bons animes, daqueles que eu gosto muito e acredito que são bons. E também de animações estrangeiras. Basicamente, tudo que me deixa impressionado eu uso como inspiração.

O diretor citou também algumas influências internacionais, com alguns nomes que são bem conhecidos pelo público ocidental:

A série Dokonjō Gaeru, o curta A Yellow Frog, trabalhos antigos de Hayao Miyazaki, Steven Spielberg e Brian de Palma — porque esses eram os que eu gostava de assistir quando era criança. Yellow Submarine, Planeta Fantástico [animação francesa de René Laloux], trabalhos de Akira Kurosawa e Alfred Hitchcock. Animações que eu assisti quando era pequeno e qualquer coisa que me interessa. Acredito que qualquer coisa que eu considere divertida pode virar uma animação, sempre acreditei nisso. Então eu tentei retratar o que eu senti que seria divertido de assistir.


Devilman Crybaby já está disponível na Netflix.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast