Alice Monstrinho é desenvolvedora de jogos, quadrinista e dubladora que trabalhou na coletânea Mulheres & Quadrinhos, vencedora de duas categorias do Troféu HQ Mix 2020, e também fez parte do elenco de vozes de The Last of Us Part II.
Ela também é uma das artistas responsáveis por criar as recompensas do Nerdcast RPG: Coleção Cthulhu. O NerdBunker bateu um papo com Monstrinho para saber sobre suas referências, como é adaptar uma obra que nasceu em outra mídia, sobre o trabalho como atriz (a gente falou do curta de The Last of Us aqui) e também descobriu sobre o seu lado boxeadora! Confira abaixo:
NerdBunker: Qual a sua relação com o RPG?
Tive contato com D&D aos meus 11 anos e fiquei maravilhada. Aos 13, criei um grande interesse por Vampiro: A Máscara e outros livros da editora White Wolf, pois já gostava de terror e abrir aqueles livros me trouxe um fascínio pelo sobrenatural e por horror pessoal. As ilustrações de artistas como Brom e Tim Bradstreet foram de grande influência. Ao criar tantos personagens para jogar, descobri que isso era algo que queria fazer profissionalmente.
"Tive a chance de participar de campanhas de diversos sistemas, live-actions, e até mesmo conheci meu marido jogando uma campanha de Vampiro: Idade das Trevas em 2006. Desde que rolei os dados pela primeira vez, em 2001, nunca passei um único período sem jogar em algum grupo, e além de me trazer tantas amizades (e casamento!) foi um grande norte para minha vida profissional."
Entre as muitas recompensas da campanha do Nerdcast RPG: Coleção Cthulhu, você está trabalhando em quais?
Ilustrarei uma das histórias da graphic novel, roteirizada pelo grande Fábio Yabu.
Qual o principal desafio de adaptar algo de outra mídia?
Cada pessoa enxerga personagens, locais e acontecimentos de uma maneira diferente e muito pessoal, portanto é virtualmente impossível trazer à tona algo que remeta o que todos estão imaginando. O desafio principal é concretizar visualmente todo esse compilado de ideias juntando as visões dos fãs, narrador e jogadores e, ao mesmo tempo, trazer um pedaço meu, vindo da minha própria forma de ver e sentir essa história.
Quando você descobriu que precisava contar histórias, que isso era uma profissão, afinal?
Apesar de sempre saber que trabalharia com arte, penso que justamente jogar RPG e ler os nomes dos autores foi das primeiras vezes que entendi como uma obra era produzida. Alguns quadrinhos e mangás que continham notas dos autores, como One Piece, também me levaram a entender que para qualquer traço sair, precisamos de um artista. Uma vez que descobri a profissão de quadrinista ou artista para jogos, perto dos meus 12 anos, sabia que seriam nessas águas que iria me aventurar.
[caption id="attachment_442144" align="aligncenter" width="986"] Alice Monstrinho também fez parte do elenco de vozes de The Last of Us Part II (Foto: Divulgação)[/caption]
Se não trabalhasse com arte, o que você acha que faria?
É muito difícil imaginar outra coisa, mas provavelmente seguiria como atriz, locutora e dubladora. Se fosse para pegar algo longe da área de artes cênicas e visuais, seguiria os passos do Búfalo e tentaria a carreira de boxeadora, já que adoro o esporte, pratico há anos e tive a chance de competir no boxe amador em 2016.
Como você consegue conciliar seu trabalho como desenvolvedora de jogos, quadrinista e dubladora?
O malabarismo do tempo é bem complicado e muitas vezes trabalho à exaustão, mas tenho cronogramas que sigo religiosamente para não deixar passar algum prazo. Apesar de cansativo, ainda me divirto muito com meu trabalho e a empolgação que tenho a cada nova produção é um ótimo combustível. Além disso, minha equipe de apoio composta por maridão Humberto, cachorra Lariat e gata Hadouken salvam minhas energias e me trazem toda motivação do mundo.
Você tem até o dia 2 de fevereiro de 2021 para apoiar o Nerdcast RPG: Cthulhu. E já pode escutar o último episódio agora!