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Dark | Crítica
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Dark | Crítica

A série traz semelhanças com Stranger Things, Twin Peaks e Les Revenants

Marina Val
Marina Val
14.dez.17 às 18h08
Atualizado há mais de 1 ano
Dark | Crítica

Dark, nova produção original da Netflix, é uma série que desde que foi anunciada trazia em seus trailers algumas características que levavam a crer que ela seria uma versão alemã de Stranger Things. Entretanto, apesar de as duas se passarem em uma cidade pequena na qual uma criança desaparece, a produção alemã explora trilhas diferentes em seu mistério, abordando outras questões de ficção científica, temas mais pesados e trazendo uma melancolia que se assemelha mais a Les Revenants (a série francesa de 2004).

O ritmo é um pouco diferente do que estamos acostumados e a série só revela de fato seu tema central no terceiro episódio, apesar de colocar várias pistas e insinuações nos dois primeiros capítulos. Foi uma escolha inusitada, mas que funciona muito bem no contexto da trama.

A fotografia da série é bonita e envolvente, com tons mais frios que realçam o distanciamento e o vazio que está presente em todas as famílias de Winden, já todas têm segredos e mentiras diferentes para esconder. A trilha sonora também traz uma leve tristeza que enfatiza ainda mais o clima trazido pelo visual.

Porém, o mesmo cuidado não é colocado no desenvolvimento dos personagens. Nos episódios iniciais, todos os principais núcleos são apresentados de uma só vez e é extremamente difícil lembrar quem é quem e como cada um deles se relaciona com seus vizinhos. Como se trata de uma cidade pequena onde todo mundo se conhece e está conectado de alguma maneira, demorar para entender essas ligações pode ser um pouco frustrante.

Os habitantes da cidade são bidimensionais, sem profundidade, caracterizados apenas por seus problemas e defeitos, sem muitas características que os tornem marcantes ou que seja possível se identificar. Eles não são bem trabalhados na trama e, para piorar, não têm um contraponto ou momentos de calmaria que realmente mostrem a vida deles antes de as desgraças começarem. Então, o impacto das inúmeras revelações feitas em sequência não é notável.

Nesses momentos, é difícil não comparar com outras séries que têm uma execução melhor, como Stranger Things, que mostra o dia a dia das crianças antes de algo realmente ruim acontecer, ou mesmo Twin Peaks, com seus personagens excêntricos, ainda assim cativantes. É quase como se os criadores de Dark tentassem emular o mesmo sucesso dessas duas obras, mas sem entender o que as torna realmente especiais.

Faltam nuances que guiem a narrativa para algo além dos segredos. Quando algo grandioso acontece em Dark você não se importa muito com as consequências para as pessoas, apenas enxerga como algo maior para resolver o grande mistério da temporada. Se alguém morrer no processo, é apenas um habitante a menos para o espectador tentar lembrar o nome.

A série se mostra mais dedicada a criar novos segredos para uma eventual segunda temporada, deixa de lado respostas para o que já foi apresentado até ali e prefere até reintroduzir um personagem que aparece brevemente, só para criar um gancho para uma possível continuação.

Dark acertou no clima criado pela fotografia e na escolha de tema e local para ambientar a série. O mistério central é intrigante o suficiente para fazer com que ninguém desista de assistir na metade, mas ele tem partes que são facilmente dedutíveis e o desfecho no episódio final acaba sendo bem decepcionante. Resta torcer para que esses problemas sejam corrigidos na próxima temporada, se ela de fato for renovada.

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