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A Maldição da Residência Hill - 1ª Temporada | Crítica
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A Maldição da Residência Hill - 1ª Temporada | Crítica

Série cria trama original em cima do espírito do livro original

Cesar Gaglioni
Cesar Gaglioni
24.out.18 às 19h00
Atualizado há mais de 1 ano
A Maldição da Residência Hill - 1ª Temporada | Crítica

A Maldição da Residência Hill, nova série de terror da Netflix, marca a terceira vez que o livro A Assombração da Casa da Colina, de Shirley Jackson, é adaptado para uma outra mídia. No primeiro filme, Desafio do Além, de 1963, o espectador fica com a dúvida se tudo o que aconteceu na mansão foi de fato real ou se era apenas a imaginação dos protagonistas. Na segunda versão, A Casa Amaldiçoada, de 1999, o roteiro deixa claro que o local era mesmo assombrado por entidades malignas. Já o grande trunfo desta nova versão é estabelecer que alguns dos fenômenos são reais e outras são apenas manifestações mentais dos personagens, deixando no público a tensão de descobrir o que realmente está acontecendo ali.

A trama gira em torno da família Crain, que durante os anos 80 viveram na casa mais mal-assombrada dos EUA. Nos dias de hoje, eles são forçados a retornar para o local para combaterem os fantasmas do passado de uma vez por todas.

Apesar de ser inspirado na obra de Jackson, a série tem poucas semelhanças com o material original, trazendo, apenas, personagens com os mesmos nomes daqueles mostrados no romance. Porém, esse talvez seja a melhor decisão do projeto. O livro, que faz parte do cânone da literatura dos EUA e é conhecido por diferentes gerações, já tem sua história conhecida do começo ao fim. Ao trazer uma trama nova, A Maldição da Residência Hill consegue trazer algo familiar, mas que surpreende ao mesmo tempo.

O diretor Mike Flanagan (Jogo Perigoso), que comandou todos os episódios, aposta, em alguns momentos, nos tradicionais jump scares, com fantasmas aparecendo de repente e gritando. Porém, a série, num geral, tem seu terror construído de maneira lenta e gradual, baseado muito mais nos traumas de seus protagonistas do que em sustos fáceis.

Outro ponto digno de aplausos na direção da série é a forma na qual o cineasta se aproveita de detalhes na decoração da Residência Hill para causar um certo desconforto no espectador. Muitas vezes me peguei assustado com algo no fundo da tela, com o medo passando dois segundos depois, quando percebi que se tratava apenas de uma estátua ou uma cadeira. Vale também o elogio para o sexto episódio da série, que simula três grandes planos sequências, com o maior deles trazendo 17 minutos sem cortes aparentes de câmera.

Para contar essa história, Flanagan alterna entre presente e passado, mostrando como os eventos ocorridos na casa afetaram os protagonistas nos dias de hoje, com os primeiros cinco episódios explorando a jornada O diretor faz as transições entre as linhas temporais de maneira elegante, apostando constantemente nos raccords visuais e sonoros, uma técnica cinematográfica que une dois planos distintos através de um elemento em comum.

A paranoia de se saber o que é "real" e o que é apenas imaginação dos personagens também é um elemento recorrente durante a série, e que só aumenta conforme vamos descobrindo todo o peso emocional que eles carregam, já que passamos a enxergar aquele mundo com os olhos do protagonista que está destacado em cada um dos episódios.

Parte drama familiar, parte série de terror, A Maldição da Residência Hill pode ser descrita como uma versão assombrada de This is Us. O projeto consegue absorver a essência principal da obra original de Shirley Jackson e mostrar que talvez fantasmas não sejam exatamente aquilo que a cultura pop nos diz, mas sim materializações de nossos medos, anseios e desejos. E entende também que muitas vezes mergulhar nas profundezas de si mesmo é uma experiência mais assustadora do que qualquer mulher de branco que habite os corredores de uma mansão

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