Logo do Jovem Nerd
PodcastsNotíciasVídeos
Thronebreaker: The Witcher Tales | Review
Games

Thronebreaker: The Witcher Tales | Review

Um conto épico sobre guerras, reinos e cartas

Flávio Priori
Flávio Priori
23.out.18 às 13h02
Atualizado há cerca de 1 ano
Thronebreaker: The Witcher Tales | Review

Há dois anos, a CD Projeckt Red nos trazia Gwent, jogo de cartas que nasceu dentro do universo de The Witcher. Agora a desenvolvedora polonesa nos apresenta mais um spin-off da franquia, este que foi idealizado como um modo campanha de Gwent, mas evoluiu de tal forma que ganhou vida própria e se tornou algo muito maior e independente. Falo de Thronebreaker: The Witcher Tales, mais recente produção do estúdio.

Mesmo sendo um produto aparentemente tão específico, é preciso cuidado para não julgar Thronebreaker de forma errada. Ele é muito mais do que só um jogo de cartas. Seria difícil inclusive encaixá-lo em um único gênero específico, já que ele reúne elementos de vários estilos para contar sua história. Uma mistura nascida como um jogo de cartas, mas que traz também influências de adventures, gerenciadores e até mesmo visual novels. E o resultado dessa mistura é digno de aplausos.

Uma carta na manga

Gwent vai passar por uma grande reformulação chamada Homecoming. O jogo será praticamente refeito, com mudanças significativas em suas bases. Esse novo modo, se não for igual, deve ser bem próximo ao que aparece em Thronebreaker e, vendo o resultado, é louvável o trabalho da CD Projeckt Red. Ela soube quebrar e refazer os sistemas do jogo de cartas em favor de algo mais direto, mas mantendo o lado estratégico. Como o próprio Gwent evoluirá a partir disso é papo para outro dia, mas ao menos em Thronebreaker funciona muito bem.

As mudanças introduzidas deram uma nova dinâmica ao carteado, ainda retendo os elementos estratégicos e o estudo de um baralho com sinergia, mas dando mais fluidez para um jogo que não é sobre cartas, apesar de usá-las como uma de suas mecânicas principais. E aqui, já vale o aviso, se você nunca jogou Gwent na sua vida pode vir sem medo. Nenhum conhecimento prévio é necessário.

Thronebreaker: The Witcher Tales | Review Na oficina é possível liberar novas cartas e ganhar alguns bônus.

Para quem já conhece o jogo: o tabuleiro foi simplificado para apenas quatro linhas e as restrições de cartas quanto a posicionamento foram praticamente eliminadas. O sistema de três rodadas ainda se mantém, mas, a favor do dinamismo, muitas batalhas já começam na terceira rodada inspirando um raciocínio bem mais ofensivo, já que não é preciso poupar cartas para outras rodadas. Depois da segunda metade do game, as lutas convencionais se tornam mais frequentes.

Destaque maior fica para os quebra-cabeças, confrontos espalhados nos mapas como objetivos secundários. Neles, a equipe de desenvolvimento se permitiu ir ainda mais além, fornecendo desafios dos mais variados e instigando bastante o jogador a entender as mecânicas de cada carta e como elas podem ser aproveitadas em conjunto. Cada um dos quebra-cabeças tem seu próprio conjunto de regras e sempre é uma surpresa o que nos aguarda. Minha parte favorita.

Um baralho não se faz sozinho

A parte de criação do baralho em Thronebreaker é bem simplificada e tranquila, no sentido que não é necessário fazer milhares de contas e planos rebuscados. Por padrão, você já tem um bom acervo de cartas, que vão variar conforme a progressão da história. A montagem é feita no seu acampamento, que pode ser evoluído de algumas formas. Essas evoluções lhe darão acesso a novas cartas (ou versões melhoradas das já existentes), diminuirão custos de criação, etc.

Já as cartas especiais vão demandar um pouco mais de trabalho de exploração e até um pouco de diplomacia. Várias delas estão espalhadas pelo mapa na forma de missões secundárias. Ajudar um cavaleiro errante, intervir em uma vila sendo atacada ou capturar uma fera podem render um prêmio valioso. Por fim, ainda há cartas específicas de personagens da história que lhe acompanharão na sua jornada.

Reis, guerras e traições

Thronebreaker nos conta a história da Rainha Meve de Lyria e Rívia, durante os eventos da Segunda Guerra do Norte — e antes do primeiro The Witcher —, contra o poderoso Império Nilfgaardiano. Devido a fatos que ocorrem no começo do game, Meve precisa sair de Lyria para escapar da morte e arrumar alguma forma de montar um exército para contra-atacar o exército de Nilfgaard, que já dominou sua terra.

A rainha parte em busca de aliados que possam ajudar em uma nova ofensiva, mas o estrago feito pelos inimigos foi grande. A força de outros reinos também foi comprometida quando não devastada, de forma que qualquer auxílio é bem-vindo: mercenários, civis e até de povos distantes.

A trama tem um bom desenvolvimento e se firma por si só, não dependendo de conhecimento prévio do universo da franquia. Todo o destaque com certeza vai para a rainha Meve, uma líder destemida e forte, que não tem medo de enfrentar uma ameaça assustadora, mas sabe que como chefe de um reino não pode simplesmente fazer o que quiser, especialmente quando há outras vidas em jogo. Uma ótima protagonista que não me espantaria se desse as caras futuramente em outros jogos. Além dela, outro que rouba a cena é Gascon, um ladrão no começo da história, mas que depois se mostra uma figura bastante peculiar.

Ao longo dos mapas — gigantes, diga-se de passagem — e conforme a história progride, escolhas surgem a todo momento, e muitas delas complicadas sob o aspecto moral. Thronebreaker se passa durante uma guerra, então espere por opções difíceis nas quais geralmente temos que optar pelo menos pior. Lembrando sempre que tudo que você decidir certamente terá uma consequência, às vezes imediata, às vezes a longo prazo. Suas decisões podem afetar a moral do exército (bônus no combate), liberar novas missões secundárias, cartas novas, lutas extras ou até mesmo heróis do seu grupo podem te abandonar, e consequentemente suas respectivas cartas.

Talvez aqui minha única reclamação de Thronebreaker é que poderia haver algum lugar de consulta de missões concluídas, missões em aberto, descrição de personagens, etc. para servir de referência. Há muito conteúdo — só a campanha leva umas 20 horas fácil — e às vezes dá para se perder um pouco nas prioridades.

Por fim, é preciso falar do ótimo trabalho de localização do jogo, totalmente traduzido e com um belo trabalho de dublagem, com vários profissionais conhecidos do mercado, tais como Mauro Ramos, que faz a voz do narrador e do lendário Gilberto Baroli, como Conde Caldwell.

O trono quebrado

Thronebreaker: The Witcher Tales se mostrou um produto muito maior que parecia ser, saindo de um mero modo de jogo para ser um título completo e muito envolvente. Sua forma atualizada do Gwent junto com as inovações de mecânicas dão a ele uma força estrondosa, sendo algo fácil de entender mas que permite muitas experimentações e desafios.

Ao mesmo passo, a saga da Rainha Meve é conduzida de maneira muito interessante com boas reviravoltas. Some isso ao sistema de escolhas e consequências e temos uma grande história. Seja para aqueles com saudades do mundo de The Witcher, ou para recém-chegados em busca de um bom RPG com doses de estratégia, o novo jogo da CD Prokect Red é mais do que recomendado.


Thronebreaker: The Witcher Tales chega no dia 23 de outubro para PC e no dia 4 de dezembro para PlayStation 4 e Xbox One.

Encontrou algum erro neste conteúdo?

Envie seu comentário

Veja mais

Utilizamos cookies e tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossas plataformas, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.
Para mais informações, consulte nossa Política de Privacidade.
Capa do podcast