Battlefield sempre me pareceu um dos FPS mais interessantes para se ter por perto. A vasta quantidade de jogadores que se enfrentam ao mesmo tempo, os mapas gigantescos, cenários destrutíveis e a grande quantidade de veículos disponíveis criam muitas possibilidades e uma narrativa própria para cada uma das partidas.
Mesmo com um multiplayer tão dedicado, complexo e divertido, o pessoal da DICE continua insistindo em campanhas para um jogador. Entendo a demanda pelo famigerado single player, mas faz muito tempo que uma campanha individual não chama atenção da forma como, por exemplo, Medal of Honor com Steven Spielberg.
Reinventar o estilo, criar opções, desconstruir os trilhos que guiam os jogadores por algumas horas contra a inteligência artificial do jogo é uma tarefa complicada. Some isso à dificuldade de contar uma história que realmente instigue o jogador a seguir adiante numa trama focada na Segunda Guerra Mundial, já bem manjada por todo mundo e alguns desenvolvedores já até pensariam em desistir da tarefa.
Não é o caso da DICE, ou pelo menos foi o que nos disse Eric Holmes, Design Director da DICE, responsável direto na criação do conteúdo para o single player de Battlefield V. A ideia, segundo ele, não é contar os acontecimentos da invasão da Normandia ou o assassinato de Hitler, mas sim narrar histórias de guerra. “Nosso foco será nas pessoas que vivem no meio daquela guerra, e não na guerra em si”, explicou.
As histórias de guerra que serão narradas no game são protagonizadas por completos desconhecidos, vivendo seu dia à dia como soldados, em missões especiais ou não. Óbvio que mesmo na situação de rotina, os fatos serão desencadeados de tal maneira a transformar o cotidiano em algo fora do normal.
A questão que fica é se o roteiro vai conseguir criar o apelo emocional necessário para gerar uma empatia do jogador com o personagem, senão, qual o motivo de jogarmos a campanha?
Com isso em mente, fomos testar as campanhas para um jogador de Battlefield V. Digo no plural, já que experimentamos três histórias diferentes entre si. Deixando o prólogo de lado, já que se trata de um compilado de experiências que serão melhor apreciadas nas demais campanhas, experimentamos Nordlys, Under no Flag e Tirailleur.
Nordlys é a palavra utilizada na Noruega para Aurora Boreal. Em toda a experiência de Battlefield V para um jogador a ideia de utilizar o idioma de cada nacionalidade se faz presente, segundo Holmes, para aumentar a autenticidade e dramaticidade do todo. Sendo assim, não espere por dublagem em português brasileiro porque parece que não vamos ter nada do gênero (e se por acaso eles mudarem de ideia, recomendo fortemente ignorar e ficar no idioma original com legendas em português). De volta a história, temos a apresentação de duas personagens principais, uma cientista / espiã, presa para interrogatório, e uma soldado disposta à tudo para cumprir a sua missão suicida.
A missão acontece numa usina hidrelétrica inspirada numa localidade real da Noruega, de propriedade da Norsk Hydro, responsável pela produção de água deuterada, utilizada pelos nazistas para a produção de suas usinas nucleares. No papel da soldado, ela precisa invadir a instalação, encontrar e resgatar a cientista, para então fugir do complexo sãs e salvas.
Apesar de ser uma missão com destino traçado, é possível realizá-la de algumas maneiras diferentes. Todo o mapa disponível para a elaboração de uma estratégia se faz valer para evitar conflitos desnecessários. Mas ao mesmo tempo, se quiser brincar de Rambo, você pode tentar entrar pela porta da frente e metralhar qualquer coisa que sua mira alcançar. As abordagens diferentes ajudam a dar um tom mais autêntico à missão, mas a inevitável conclusão permanece imutável.
O interessante dessa missão (e das demais também) é que elas funcionam mais ou menos como mini campanhas. Alguns podem dizer que elas são demasiadas longas, mas neste caso, é bom não as confundirmos com capítulos de uma saga. Cada história tem seu começo, meio e fim, e elas tentam, à todo custo, surpreender você (e por isso mesmo não gostaria de me alongar em detalhes aqui).
Da soldado compenetrada em sua missão, passamos para um esquadrão de desajustados. Under no Flag diz respeito à uma tropa de soldados e criminosos inconsequentes, que foram recrutados pelo exército por conta das suas habilidades, e não pelo caráter. É desse contexto que nasceram as forças especiais dos exércitos, tais quais as Black Ops, por exemplo.
Das nevascas para montanhas áridas, na beira do mar, é uma mudança de ares muito bem vinda. A missão continua sendo apresentada mais ou menos da mesma maneira, mas aqui temos um protagonista que conversa mais e se expõe mais emocionalmente. Quase que parece uma missão do jogo concorrente.
O mapa parece menos expansivo, no entanto, a missão em si não lhe dá muitas brechas para criar muitos caminhos. É preciso invadir um hangar e sabotar os aviões. E lógico que as coisas dão errada e você precisa derrubar os pássaros do céu à sua maneira. Aqui experimentamos um pouco de artilharia pesada e é bem divertido.
Por fim, Tirailleur nos coloca para seguir os passos de um pelotão senegalês durante a guerra. A conquista por espaço dentro de um campo trincheirado, repleto de inimigos, é de tirar o fôlego. Não paramos de atirar por um mísero segundo, com hordas infinitas de soldados tentando dominar as bases espalhadas pelo cenário.
Desta vez, durante a missão somos apresentados a novos objetivos que antes não existiam, como por exemplo, dominar um determinado número de bases inimigas, explodir tantos bunkers nazistas e por aí vai. O trecho que experimentei dessa missão era quase sem informações de história. Mas, como já foi provado nas demais campanhas, tudo pode mudar em questão de minutos, o que é bom.
Battlefield V chega em 18 de novembro para PC, Xbox One e PlayStation 4. (E espero que as campanhas para um jogador continuem a existir por muito tempo.)