Apresentado com um trailer que mistura gameplay e momentos de história (veja aqui), o jogo Scarlet Nexus é a nova aposta da Bandai Namco quando o assunto é RPG de ação.
O game, desenvolvido por veteranos que já trabalharam na franquia Tales of, Code Vein e outros, tem como proposta trazer frescor para o gênero, mas sem perder a identidade e elementos que estamos acostumados a associar aos RPGs japoneses.
Nós do NerdBunker assistimos a uma apresentação sobre o jogo, com direito a alguns minutos de gameplay, e é fácil ver os pontos em que o jogo diverge de um Tales of. Ao invés de colocar o jogador em um mundo de fantasia ou pós-apocalíptico e distante, os desenvolvedores resolveram brincar com os conceitos de familiaridade e estranhamento, baseando a ambientação de Scarlet Nexus no mundo real.
Quem explica o pensamento por trás do universo do game é Kouta Ochiai, diretor de arte do game:
Decidimos não criar uma visão completamente alheia ou desconhecida de uma sociedade futurista e seus avanços tecnológicos, mas, ao invés disso, dar a sensação de que o mundo foi desenvolvido numa linha temporal estendida baseada nos nossos conhecimentos do mundo.
E então, partindo deste conceito, surgiu o país de New Himura, que conta com "um território tão gigantesco que não existe o conceito de 'do outro lado do oceano'". A trama do jogo acontece no futuro próximo de uma Terra que tomou um rumo diferente. No universo criado por eles, os avanços tecnológicos foram utilizados para que os humanos aprimorassem seus cérebros, e, por conta disso, algumas pessoas desenvolveram poderes.
Esses poderes não são raros a ponto de quem os possui ser considerado um super-herói: usar os cérebros é tão comum quanto o uso de eletricidade, e todos estão conectados em uma rede chamada Psynet — que certamente vai parecer algo muito suspeito para o jogador, mas não para os personagens que estão dentro da história.
Empréstimo de habilidades
Em Scarlet Nexus, você assume o papel de Yuito Sumeragi, herdeiro de um dos fundadores de New Himura. Apesar de sua linhagem, o jovem decide que não seguirá a carreira diplomática ou política, optando por se tornar um agente na organização conhecida como OSF, que recruta pessoas com bom domínio de suas capacidades cerebrais (e poderes, claro) para trazer paz aos moradores do país. Para isso, os escolhidos pela organização enfrentam os Others, monstros que caem do céu esporadicamente e causam destruição por onde passam.
O jogo começa no teste para a OSF, o que é bastante conveniente porque você aprende junto com o protagonista sobre as operações, inimigos, e mais. Ao controlar o personagem, você pode usar dois tipos de ataques: um envolvendo telecinese, ou seja, usar o poder da mente para arremessar objetos nos inimigos — principalmente carros, pelo que vimos. O outro é a boa e velha espada, que, além de dar cabo dos inimigos rapidamente, também é a responsável por recarregar a barra de poder cinético mais rápido.
Novos talentos e melhorias podem ser desbloqueados através de uma árvore de habilidades, que é, na verdade, o cérebro do protagonista.
Apesar de não ter testado o combate em primeira mão, pois a demonstração estava disponível apenas em vídeo, foi possível observar alguns combos interessantes e sequências rápidas de golpes, com a dose de espetáculo visual que estamos acostumados a ver em jogos de ação.
A equipe comporta até três personagens e Sumeragi tem acesso aos poderes dos companheiros esporadicamente. No trecho que acompanhamos, o protagonista estava acompanhado por Hanabi, uma garota com poderes de manipulação de fogo. De tempos em tempos, era possível pegar a habilidade dela "emprestada" e aprimorar os ataques com o elemento de fogo. Os companheiros de time são controlados por inteligência artificial e não houve nenhuma menção à multiplayer.

Monstros e desastres naturais
Os monstros são, sem dúvidas, um dos pontos mais interessantes de Scarlet Nexus. Chamados de Others, ou Outros, em tradução livre, eles caem do céu e causam destruição, indo atrás de cérebros humanos. No começo do jogo, o protagonista (e o jogador) não sabem porque isso acontece — mas a origem deles deve ser explicada na trama.
A aparição das criaturas é tão frequente no universo do game que há meios de saber onde e quando os Others vão chegar. Por conta disso, a população pode ser evacuada e os agentes da OSF sabem para onde ir.
Kenji Anabuki, diretor do jogo que trabalhou na franquia Tales of, comparou os inimigos do jogo a desastres naturais:
Você pode compará-los com os terremotos no Japão, considerados desastres naturais que podem acontecer em qualquer dia. [A população do jogo e os monstros] atingiram um ponto de coexistência.
O design das criaturas é algo que chama muita atenção. "Adicionamos elementos grotescos a objetos cotidianos, como flores e mobília", conta Ochiai. O resultado é bizarro, e a equipe sabe disso, afinal, contrataram um designer especialmente para cuidar da aparência dos monstros do jogo. O artista escolhido foi Masakazu Yamashiro, que nunca havia trabalhando com videogames, mas que foi a primeira escolha do diretor de arte desde antes do projeto ser aprovado.

Evocando os temas de morte e beleza, os inimigos misturam elementos orgânicos e inorgânicos, unindo objetos a pedaços humanos como pernas, braços e olhos.
Em um de seus trabalhos feitos para uma exibição de carros, Yamashiro misturou elementos humanos com rodas e outras imagens relacionadas a automobilismo — você pode conferir no Artstation do artista.
Detalhes curiosos
Scarlet Nexus é inspirado no mundo real, e isso gerou um desafio inusitado para os desenvolvedores na hora de fazer o design dos personagens. Geralmente, na hora de fazer um jogo, os artistas têm liberdade para criar visuais exóticos e coloridos, com espadas gigantes e cabelos que desafiam a gravidade. Mas, por ser um jogo baseado na realidade, os designs tinham que ser mais críveis e "pé no chão".
Com isso em mente, Ochiai e sua equipe chegaram ao visual de Sumeragi que vemos nas imagens e teasers do jogo: uma roupa preta, sóbria, porém com elementos visuais que dão essa sensação de exoticismo, como as linhas e detalhes vermelhos.

Tais detalhes também combinam com um dos principais temas que dá nome ao jogo: o de linha vermelha do destino. Na cultura do leste asiático, existe uma crença derivada da mitologia chinesa de que almas gêmeas são ligadas por um fio vermelho indestrutível, que pode ficar emaranhado ou esticado, mas nunca quebrar.
No caso dos personagens de Scarlet Nexus, essa linha vermelha não representa relacionamentos românticos necessariamente, podendo ser vista quando Sumeragi usa os poderes de algum de seus companheiros de equipe. Ao ativar o elemento de outra pessoa, é possível ver uma série de linhas nas costas do personagem.

A apresentação também revelou alguns aspectos técnicos do jogo. Anabuki explica que pretendem chegar a 30 quadros por segundo com a resolução Full HD nos consoles da geração atual (Xbox One e PS4), e que estão mirando em 60 fps e gráficos em 4K para os próximos consoles (Xbox Series X e PS5) e PC.
Durante o gameplay, pudemos ouvir tanto a dublagem em inglês quanto a dublagem japonesa do jogo, mas não ficou claro se haverá possibilidade de escolher o idioma do áudio do jogo. Não há informações sobre localização em português.
Scarlet Nexus será lançado para Xbox One, PS4, Xbox Series X, PS5 e PC, ainda sem previsão de lançamento.