Review | Sonic Forces

Depois do lançamento de Sonic Mania, considerado como um dos melhores jogos de Sonic da última década, as expectativas para Sonic Forces estavam mistas: muita gente estava empolgada com a perspectiva de que a Sega conseguiria se superar nesse novo jogo do ouriço em 3D, e outra parte da galera estava completamente descrente de que o Forces teria algum tipo de louvor.

Sonic Forces realmente tem elementos divertidos, mas a impressão que fica é a de que tudo acaba antes de podermos tirar maior proveito disso. O game é extremamente curto e o design de boa parte de suas fases é mais do mesmo, principalmente quando se vale de mapas antigos como Green Hill e Chemical Plant pela milionésima vez. Forces até tenta utilizar a mecânica de wall jump — pular entre paredes para ganhar altura — mas ela só aparece nas últimas fases do jogo e não é utilizada na batalha final, o que faz com que ela se torne irrelevante.

Mesmo jogando no Difícil, a dificuldade padrão do jogo, são poucos os momentos que exigem mais cuidado ou que apresentam um desafio elevado — tudo no mapa simplesmente empurra o jogador para frente. Forces conta com 30 fases no total, sem contar as bônus e as missões que pedem para que você revisite algumas delas, mas ainda assim parece curto. O design dos mapas dificulta a exploração dos cenários, muitas vezes punindo o jogador por tentar encontrar um caminho alternativo e desvendar todos os segredos dos níveis.

As fases são divididas entre Sonic moderno, Sonic clássico, fases do personagem customizável e do personagem junto com o Sonic moderno. Jogar com o Sonic clássico no Forces é muito estranho, ainda mais depois do Mania: o personagem parece diferente no Forces, como se o momentum ao qual estamos acostumados quando jogamos com ele não existisse mais. O Sonic moderno continua fazendo piadas a torto e a direito, seus controles são bem responsivos num geral; e o avatar foi uma agradável surpresa em questões de jogabilidade: mesmo sem correr super rápido, o personagem customizável é fácil de manusear e dispõe de boa variedade de ataques, que mudam de acordo com a arma que se está usando.

Ainda que a quantidade de opções para personalizar o seu avatar não seja tão abundante assim, o número de itens cosméticos é bem satisfatório. O jogo tem diversas roupas, macacões, estilos de pele e acessórios, itens que são coletados assim que uma fase é terminada. O gênero do personagem não influencia nas roupas que podem ser escolhidas.

Um dos pontos altos do jogo é, certamente, sua trilha sonora, composta de músicas eletrônicas e aquele rock característico do começo dos anos 2000 — não é a toa que o cantor que interpreta a principal música do jogo, Fist Bump, é o vocalista da banda Hoobastank, cujo hit "The Reason" tocava incessantemente nas rádios em 2003.

Em geral, as lutas contra chefões são divertidas, trazendo um grau de dificuldade moderado e, ao mesmo tempo, implementando algumas ideias bem interessantes no processo, como na primeira luta contra Infinite.

A história do jogo deixa a desejar. Alguns personagens são apresentados como vilões e só dão as caras durante as cutscenes, enquanto outros heróis queridos pelos fãs só aparecem para dizer que apareceram mesmo. O episódio de Shadow, distribuído gratuitamente como DLC, serve para dar uma ideia da história por trás de Infinite, e acaba reforçando a veia cômica da narrativa.

No fim das contas, Sonic Forces parece um jogo que precisava de mais tempo. Tanto o enredo quanto o design de fases poderiam ter saído melhores caso a equipe tivesse tomado mais tempo para trabalhar nelas — algumas boas ideias foram apresentadas, mas precisavam ser mais trabalhadas para atingir seu potencial máximo. O game ficou curto, e depois de umas boas 12 horas de jogatina já não há muito mais o que fazer. O resultado diverte e, ao mesmo tempo, frustra, principalmente quando percebemos que ele poderia ser melhor.

Sonic Forces está disponível para PS4, Xbox One, PC e Nintendo Switch.