Adiado para o próximo ano, Dragon Ball Z: Kakarot é um dos grandes jogos da E3 2019. A nova produção da Cyberconnect2, empresa que revolucionou os jogos inspirados em anime com a franquia Naruto Ultimate Ninja agora embarca numa nova aventura, agora pegando emprestado os personagens de Akira Toriyama e dando uma nova vida digital a eles.
A demonstração disponível na E3 2019 tem um tempo limite para ser jogada: 20 minutos. Em 20 minutos você precisa se familiarizar com os comandos, treinar, caçar dinossauros, voar pelo mapa gigantesco, enfrentar ameaças, coletar as Z Coins, comer, realizar missões paralelas e derrotar Raditz. Chega a ser um pouco frustrante, mas faz parte do show.
O que importa é que ele é mais interessante do que achei que seria. Depois de anos experimentando as campanhas estilo RPG de Naruto, o meu maior medo era encontrar algo semelhante, uma skin de jogo novo. Por sorte, minhas previsões se provaram apenas os murmúrios de um velho sem esperança na indústria.
O que a CC2 criou com Kakarot foi um RPG japonês ambientado no universo de Dragon Ball e com sua própria identidade. Mesmo experimentando apenas um grão de areia da experiência como um todo, deu para sentir que a experiência vai bem longe de tudo que você já experimentou em relação à jogos da franquia.
Apesar de muito semelhante a um mundo aberto, a ideia do jogo não é a mesma. Nem tentem comparar o game a um mod do Goku em GTA V. Os desenvolvedores tiveram o cuidado de criar um mundo o mais próximo possível do que já existe no anime ou mangá. A imersão é o alvo aqui.
Claro, por se tratar de um jogo de videogame, é claro que alguns desafios não relacionados à fase em questão (Dragon Ball Z) precisaram ser inseridos. Alguns dos inimigos espalhados pelo cenário se mostraram inspirados nos robôs da força Red Ribbon, e é bem natural que isso acontecesse. Bem, pelo menos não são caranguejos na praia.
A demonstração não foi muito longe nessa parte, infelizmente. Pude presenciar apenas uns três tipos de inimigos. Robôs com uma carinha de caveira, algo que se assemelhavam a mini satélites que atiravam lasers em você e um chefe de uma missão paralela que era um robô de outra cor. Meio decepcionante, mas também, parte da experiência de testar um jogo em desenvolvimento.
A fauna do jogo era mais bonita e igualmente limitada. Aquele pobre dinossauro que o Gohan vai devorando aos poucos durante o seu treinamento com Piccolo está lá, inclusive indicado no mapa. Engajar em combate com ele lhe garante alguns pontos e itens de cura. O legal é que ele não “morre” de fato, mas desfalece e permanece ali até que retorne no game em algum momento.
Por falar em itens, existe uma parte de exploração introduzida na demo que coloca o jogador para colher minerais e outros tipos de materiais. Difícil saber para que servirão no futuro, mas em breve devem anunciar alguma coisa.
Toda a mecânica envolvendo as Dragon Balls não foi sequer mencionado, mas ao adentrarmos ao menu do jogo, já podemos encontrar uma área dedicada a elas.
Outro elemento que aparece constantemente no mapa são as Z Coins, moedas colecionáveis que servem para a compra de habilidades especiais personalizáveis, que apesar de não disponíveis na demo, existirão na versão final do game.
Para navegar no mapa você pode voar, correr (o mapa é gigantesco, não recomendaria isso) ou utilizar sua nuvem voadora. O cenário é vasto e repleto de montanhas, rios, cachoeiras e vales, tudo que um dia será destruído por conta de um Galick Ho (assim esperamos). Não haviam cidades na demonstração, mesmo porque nesta parte em específico não existem nenhuma.
Fui atrás de uma missão paralela para subir alguns níveis antes de enfrentar Raditz e, como era de se esperar, as coisas ficaram meio aleatórias. Quem me passou a missão foi o Andróide n°8, e eu devia enfrentar um robô malvado. Confesso que não foi muito divertido.
A parte de subir de nível também não pode ser explorada de forma eficiente porque a demonstração não me deixava trocar habilidades, aumentar pontos de ataque ou nada do gênero. Mas dava para ver que tudo isso será possível na versão final do jogo.
Para não perder a oportunidade, fui atrás de Raditz. Depois daquela mesma conversa de sempre, era hora de Piccolo e Goku lutarem contra o novo saiyajin. Uma opção de criar o seu próprio time para os combates vindouros aparecia no menu, mas para esta versão estava travada. Não era possível alterar entre os personagens durante a luta também, mas quem sabe na versão final, não é?
O combate em Dragon Ball: Kakarot é bem dinâmico. Tem mais liberdade que a franquia Tales of costuma oferecer, por exemplo, e chega até mesmo a nos fazer acreditar que estamos num combate mais tradicional dos jogos de DBZ que já existem. Mas aos poucos somos trazidos de volta ao mundo do JRPG, com os ataques causando danos múltiplos indicados na tela, esquivas na hora certa, tempo para defender e habilidades especiais que requerem “mana” (ou ki).
O legal do combate é a total liberdade que o jogo lhe oferece, sem demarcar nem ao menos a área do combate em questão. As habilidades especiais são acionadas através de certas combinações de botões (aquela famosa janela extra com os golpes e os botões designados), os disparos de ki gastam um pouco a barra de magia ,assim como o voo mais rápido, e o ataque corpo a corpo pode ser usado apertando múltiplas vezes o mesmo botão. Mas assim como todo RPG, é necessário ficar de olho quando é hora de atacar e defender.
A luta com Raditz é dividida em três partes. Uma com a ajuda de Piccolo e as demais não. O irmão de Goku ataca com magias de longa distância e uma rajada de energia de ambas as mãos que causam um dano considerável (inclusive, a câmera muda de ângulo para ajudá-lo a esquivar, quase como um minigame). Depois de umas 300 barras de energia (é claro que estou exagerando aqui), Raditz morre.
Apesar do personagem ser aquela bucha de sempre, essa foi uma das lutas mais interessantes que tive com Raditz em muito tempo. Fico imaginando como será enfrentar Freeza em cinco minutos ou treinar no caminho da serpente. Esse Dragon Ball Z: Kakarot ainda tem muita coisa para mostrar, e do meu lado, estou ansioso para ver o resultado final disso tudo.