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Fe | Review
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Fe | Review

Uma experiência cativante - com ressalvas

Priscila Ganiko
Priscila Ganiko
16.fev.18 às 19h45
Atualizado há mais de 1 ano
Fe | Review

Com foco nos sons e na comunicação entre os animais, Fe é um jogo indie que chama a atenção por suas cores vibrantes mas faz você ficar por suas pequenas nuances.

Criado pelo estúdio Zoink em parceria com a Electronic Arts e distribuído pela EA Originals, Fe é um game de plataforma 3D que te coloca na pele de um filhote perdido na floresta — e isso é tudo o que você fica sabendo no começo. O mapa é bastante básico e só uma dica ou outra aparece na tela, iniciando sua jornada no universo de Fe apenas com a cara — ou melhor dizendo, o focinho — e a coragem.

A primeira coisa que você aprende quando acorda é a se comunicar, seja com plantas ou com outros pequenos animais. O pequeno Fe emite sons capazes de criar vínculos com outros seres, através de grunhidos e até mesmo cantando. A mecânica é essencial para progredir no jogo, e conforme a história se desenrola você aprende novos "idiomas", como, por exemplo, o chilro dos pássaros.

Todo o trabalho de som do título é interessante, e eu particularmente recomendo jogar usando fones de ouvido para tirar o máximo proveito da experiência. É possível localizar um animal se guiando apenas pelo som, e os barulhinhos emitidos pela floresta e pelo protagonista, além de fofos, dão mais vida ao mundo virtual. A trilha sonora é rica em cordas e seu ritmo acompanha a aventura do personagem de forma bem bem acentuada, variando em intensidade e volume conforme Fe passa pelas áreas dos mapas. Apesar da música ser tão constante na hora de se comunicar com os outro animais, a própria trilha do jogo acaba sendo intrusiva demais em alguns momentos, com seu volume subindo demais e tomando todo o foco para si em situações que ela deveria servir apenas como pano de fundo.

Cada nova raça encontrada possui meios para ajudar Fe em sua aventura. A cada idioma aprendido, o personagem consegue interagir com novas partes do cenário e avançar por lugares diferentes, descobrindo atalhos e segredos, além de encontrar os cristais que liberam novas habilidades. Um detalhe interessante é que não é necessário ter todas as habilidades para chegar ao fim da história já que existem diversas maneiras de atingir o mesmo objetivo.

A narrativa é contada através de desenhos em rochedos espalhados pelos mapas e em visões que se assemelham a flashbacks em que o jogador pode andar e mover a câmera. Os desenhos nas pedras se assemelham a pinturas rupestres, cheias de símbolos que retratam as espécies da floresta em eventos importantes. Apesar de serem relativamente fáceis de encontrar, essas rochas deixam a interpretação sobre a narrativa livre e a sensação que fica é a de que muitas informações se perdem entre a percepção de quem está jogando e a mensagem que a Zoink realmente queria passar.

Os quebra-cabeças que aparecem no decorrer do game são simples e o aspecto de plataforma apresenta um certo nível de desafio, mas não chega a ser impossível. Em alguns momentos, porém, a experiência pode se tornar bem frustrante: por vezes, um erro pode fazer com que você seja obrigado a repetir uma boa parte da área. O sistema de checkpoints também é um pouco confuso, optando por salvar sua posição automaticamente em alguns locais do mapa ao invés de salvar no checkpoint mais próximo do objetivo.

A parte de idiomas parece ter sido finalizada às pressas: os dois últimos são sub utilizados, aparecendo raramente no caminho principal, enquanto os outros estão presentes por toda a extensão da floresta, o que deixa a sensação de que nem todos os idiomas têm a mesma importância.

Outro problema enfrentado durante o jogo é na transição entre os mapas, que ocasionalmente causa queda na taxa de quadros e às vezes faz com que um comando seja perdido, mas nada que estrague a experiência no geral.

E é essa experiência que cativa em Fe. O fato de comandar um animal pequeno que não ataca e apenas fala com as coisas a seu redor remete a um sentimento de unidade com a natureza e as outras espécies, ainda mais quando as vemos trabalhando em conjunto para atingir algum objetivo. Apesar da história ser apresentada de um jeito confuso, são os pequenos momentos em que você usa a conversa para conseguir ajuda ou para se comunicar com os outros habitantes da floresta que fazem valer a pena. Mesmo falando línguas diferentes, os filhotes são capazes de se entender e se ajudam sem esperar nada em troca enquanto os adultos só dão ouvidos ao protagonista depois que ele aprende a falar seu idioma — e isso não parece tão distante da nossa realidade. A chave para o sucesso em Fe está na comunicação, e, quem sabe, para o nosso sucesso também.


Este review foi feito com uma cópia de Fe para PlayStation 4 cedida pela EA.

Fe está disponível para Nintendo Switch, PS4, Xbox One e PC.

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