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Dragon Age: The Veilguard prioriza conexões, escolhas e impacto | Review
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Dragon Age: The Veilguard prioriza conexões, escolhas e impacto | Review

The Veilguard é o Dragon Age que esperamos… e que entrega ainda mais

Bah Gutierrez
Bah Gutierrez
28.out.24 às 12h16
Atualizado há 5 meses
Dragon Age: The Veilguard prioriza conexões, escolhas e impacto | Review
Divulgação/BioWare

Com uma narrativa que mescla épico e relações interpessoais, The Veilguard é o Dragon Age que esperávamos — e ainda mais. Depois de dez anos, finalmente um novo título chega às mãos de fãs ávidos e novatos curiosos, mostrando o quanto um mundo despedaçado ainda pode ser chamado de lar apesar de todos os problemas, pessoais e externos, de qualquer um em Thedas. Após jogar por mais de 60 horas, posso afirmar com tranquilidade que este foi o melhor game que experimentei neste ano.

Trazendo não apenas uma, mas diversas jornadas épicas, a BioWare mais uma vez aplica camadas de profundidade em histórias e escolhas, falando sobre amor, aceitação e companheirismo em tempos difíceis. Provavelmente, assim como eu, você não só terá sua memória marcada pela narrativa de seus companheiros ou personagens que aparecem ao longo do caminho, como também se identificará com os eventos e delicadezas de certos assuntos tratados ao longo deste RPG formidável, desde políticas totalitaristas, ganância humana até questões de gênero e transição.

Preparativos encerrados para começar uma jornada espetacular (Imagem: Captura de tela/BioWare)

Assumindo o papel de Rook, personagem completamente personalizável, você será responsável por liderar uma resistência composta por amigos diversos (em todos os sentidos possíveis) contra entidades élficas revoltadas que desejam acabar com o mundo. Você escolhe seu histórico, em qual facção atua, formatando suas motivações neste universo tão amplo e moldando seu papel neste enredo.

Personalização em foco

Suas seleções impactam diretamente tudo e todos ao seu redor: tem necromante, detetive, arqueira veterana, e muitas outras personalidades únicas — cada qual com habilidades e motivações próprias — que vão te fazer rir, chorar, e, com certeza, repensar cada decisão. Inclusive, algo que gostaria de ressaltar é a forma como corpos diversos são retratados de maneira natural ao longo da jogatina, e que delícia é ver isso em tela! Representações de corpos mais velhos, PcDs, LGBTQIAPN+, entre outros, são complementares às suas vivências e possibilitam a conexão e humanização de todas as questões retratadas, por mais difíceis que sejam. Você vai se relacionar ao menos com uma delas, confie em mim.

Se você ama combate estratégico, The Veilguard vem com tudo, apresentando classes como Combatente, Mago e Errante, além de uma árvore de habilidades extensa em formato de constelação e completamente cambiável a todo momento. Quer ir de espada, magia ou ataques rápidos à distância? Dá para personalizar tudo, e a construção de personagem é bem ampla e pode ser feita de acordo com seu bel-prazer. Eu, por exemplo, adicionei elementos de cicatrizes e trouxe a não-binariedade para minha protagonista, e posteriormente ao longo do jogo ainda abordei estes mesmos aspectos em conversas íntimas com meus parceiros graças aos inúmeros diálogos que determinam o tom de sua comunicação com o mundo. E ah: a linguagem neutra foi super respeitada a todo momento, como era de se esperar de um game cuja diretora é uma mulher trans incrível (obrigada por sua existência tão importante e essencial, Corinne Busche!).

A não-binariedade não afeta a jogabilidade (Imagem: Captura de tela/BioWare)

Quanto à jogabilidade, existem inúmeras dificuldades e alterações de acessibilidade, deixando a experiência bem personalizada. Joguei no modo “aventura”, que acredito ser a dificuldade “normal” desenvolvida pela BioWare: inicialmente pareceu fácil demais, mas aos poucos foi dificultando do jeito que gosto. Mas, caso você prefira relaxar na narrativa ou buscar um desafio ao estilo soulslike, é possível ir por todos estes caminhos.

Os combates trazem ação (com ataques corpo-a-corpo ou à distância, poções de vida, ataques especiais e sistema de reviver de acordo com suas escolhas de itens/companheiros) alinhada à estratégia com finalizações de quick time events, que podem ser desativados, e uma funcionalidade que amei: uma roda de escolha de poderes super prática e fluida que permite combos variados e sinergias distintas em equipe, essenciais para virar o jogo nas batalhas. A porradaria “pausa” enquanto você seleciona quais habilidades vai utilizar de dois colegas, então escolha bem seus aliados para cada missão. Eles serão tanto sua fortaleza quanto seus melhores amigos (ou até amantes, quem sabe?).

A roda de habilidades traz sinergia entre poderes dos companheiros (Imagem: Captura de tela/BioWare)

Relacionamentos

Seu relacionamento com os companheiros aumenta conforme decisões narrativas, com o quanto joga com cada um e de acordo com finalizações das missões dos integrantes da equipe. As características complexas de cada um me fizeram ter vontade de montar um harém e ter relacionamentos com todos, mas só consegui com um deles — infelizmente, acho que Baldur’s Gate 3 não fez escola aqui e não creio que poderemos ter uma dinâmica poligâmica no jogo. Ainda assim, fiquei bem satisfeita com o que me foi apresentado… tem perfil para todos os gostos!

Emmrich, o necromante sênior de Nevarra, traz habilidades de controle espiritual. Harding, uma habilidosa batedora anã, protege seus aliados com um arco. Bellara, uma estudiosa das ruínas élficas, manipula o Imaterial para dar suporte à equipe. Darvin, o Guardião Cinzento, luta ao lado de seu grifo Assan, enquanto Lucanis, o assassino sombrio dos Corvos Antivanos, é especialista em ataques rápidos e necróticos. Neve, uma maga de gelo, controla o campo de batalha com habilidades de congelamento ao lado dos Dragões das Sombras, e Taash, ume caçadore qunari, usa sua força bruta e poderes de fogo para combater os inimigos.

Neve é uma das personagens que pode acompanhar Rook em sua missão (Imagem: Captura de tela/BioWare)

A relação entre todos é construída de maneira natural, com diálogos constantes aqui e ali (e que inclusive voltam a se repetir se são interrompidos por uma luta) que fazem você querer ouvir todos os detalhes engraçados ou sombrios de cada um, tratando sobre família, luto, religião, sexualidade e poder. As missões de relacionamentos podem te levar desde um passeio até o cemitério, uma batalha árdua, até… um jantar com seu crush e sua sogra bem exigente. Quem nunca? Um aviso importante: as decisões têm peso e afetam suas relações profundamente. Escolhas impulsivas podem arruinar a confiança de seu aliado favorito, comprometendo suas habilidades nas batalhas e até impedindo um romance. Confie em mim, perder um interesse amoroso por uma escolha mal pensada é uma dor real aqui. Eu sofri um belo luto com isso, acredite em mim.

Enquanto você explora locais lindos visualmente mas corrompidos socialmente como Rivain, Weisshaupt e as misteriosas Estradas Profundas com ambientes de cair o queixo, constantemente vai se deparar com ações nas quais vai precisar de seus colegas, como por exemplo aproveitar das asas de Assan para alcançar lugares distantes até a astúcia de Neve para encontrar segredos. Inclusive, já que citei aspectos gráficos, já deixo aqui o recado para quem reclamou da nova direção de arte: o bafafá nas redes sociais não faz jus ao quão belo este game é. Os cenários estão estonteantes, desde cidades repletas de vida até pântanos assustadores ou praias tropicais belíssimas. A adição de um visual mais cartunesco às feições das pessoas só trouxe mais complexidade para entendermos suas emoções e jornadas.

Cenários e ambientação estão belíssimos (Imagem: Captura de tela/BioWare)

Há três tipos de missões: principais, secundárias e de seus amigos da causa. Minha sugestão é que você deguste The Veilguard como um bom vinho, já que não adianta correr para finalizar apenas o arco básico: muita história e detalhes essenciais estão escondidos e emaranhados em tarefas que parecem simples ou desnecessárias. Não são. Sua relação com as facções como a Guarda Cinzenta e a Vigília Fúnebre aumenta de acordo com os trabalhos que vai finalizando e o quanto você atualiza as lojas de cada local para ter acesso a novas armas, armaduras, itens, missões e presentes para seus amigos; impactando até mesmo em batalhas importantes ao longo da gameplay e inserindo uma profundidade que vai tornar seu desenvolvimento único dependendo de cada jogador. Uma dica para fãs de longa data é se preparar para easter eggs e até mesmo a volta de queridinhos da franquia, uma surpresa deliciosa que faz uma linda ode à Dragon Age enquanto ainda oferece novidades refrescantes.

Equipamentos de combate

Uma coisa que me incomodou foi a distribuição de itens, que segue uma linearidade assim como o game em si, que não pode ser considerado um mundo aberto por mais que exista, sim, uma bela liberdade para seguir de acordo com seus desejos. Muitas vezes, por curiosidade da história, finalizei os arcos de meus colegas antes de continuar a história principal, recebendo itens e armaduras bem valiosos de acordo com meu perfil de jogatina. Por isso, quase todas as vezes em que eu finalizei um capítulo importante, eu recebi um item que não era tão bom quanto os que eu já estava utilizando — principalmente porque, ao longo da exploração, você acha baús que podem subir automaticamente a raridade de seus utensílios já equipados com novos buffs interessantes. Acabando o capítulo 10, por exemplo, eu recebi um arco que não chegava aos pés do outro que eu estava usando desde o meio do jogo justamente por isso. Ainda assim, as possibilidades são inúmeras dependendo do seu gosto, e você pode usar runas em sua adaga principal para adicionar buffs estratégicos às batalhas.

Não se esqueça de melhorar seus itens! (Imagem: Captura de tela/BioWare)

É possível também elevar a qualidade de equipamentos em seu quartel-general, o Farol, onde você pode bater aquele papo com os companheiros, explorar histórias extras, mudar o visual dos personagens e até meditar em seu quarto também personalizável. Lá você pode escolher se vai desbravar as Encruzilhadas para acessar os diversos locais de Thedas ou simplesmente seguir por viagens rápidas pelo mapa do mundo, o que me deixou bem feliz pela praticidade (já que sou especialista em me perder em labirintos). Você encontra ao longo do caminho altares com buffs, tesouros escondidos e segredos que podem ser deixados de lado por alguém desavisado. É o tipo de RPG que não só te faz protagonista, mas também criador do próprio caminho, com uma imersão digna de deixar qualquer um preso à cadeira do PC ou no sofá da sala com o console.

Nem tudo são flores

Mas agora é a hora em que vou falar sobre minha experiência negativa de The Veilguard. Eu joguei no computador e vou dizer com tranquilidade que tentei desconsiderar mais de uma vez os bugs enfrentados, visto que este se tornou meu game favorito de 2024… mas não é possível ignorar tantas ocorrências. Veja bem, espero muito que a atualização de lançamento resolva todas as questões que passei, mas não parece ser tão fácil assim. No Discord oficial, os desenvolvedores pediram para atualizar o drive de placas de vídeo da fabricante NVIDIA (já que alguns jornalistas ao redor do globo sequer conseguiam entrar no game), mas mesmo depois de seguir as instruções, ainda tive inúmeras ocorrências.

A lista é grande: desde algo pequeno como Rook ficar constantemente careca até inúmeros saves corrompidos que me fizeram perder um bom tempo de gameplay. O jogo travando com  a tela preta durante mudanças de menu, gatilhos de lutas que não iniciaram no momento certo, continuidade de história (que me deixava maluca procurando o lugar certo por longos períodos de tempo, a ponto de eu desistir de uma certa missão para só depois eu voltar no mesmo lugar depois e magicamente funcionar), renderização mal aplicada no meio de lutas e de cenas animadas, reinicialização de jogo porque saí de um lugar e eu acabava caindo no nada porque o chão não foi carregado… Sei que tudo isso pode ser resolvido em uma boa atualização, mas acho importante notar que meu caminho não foi lá muito fácil mesmo tendo um computador bem potente e com todos os requisitos exigidos pela BioWare. Fico me questionando se nos consoles a situações foi igual ou não.

Um lugar para chamar de lar

Ainda assim, Dragon Age: The Veilguard é uma experiência inesquecível e nada disso tira a genialidade deste novo título. Com finais diferentes e resultados inesperados, você pode perder pessoas, ganhar relacionamentos, descobrir mais e mais sobre a trama maravilhosa através de cartas e um sistema super intuitivo mesmo para quem nunca jogou nada da série, fazendo se apaixonar por este mundo mágico e corrompido de Thedas.

Por mais que uma década tenha se passado desde o último lançamento, a franquia se reinventou e acrescentou de maneira muito positiva ao enredo geral. Quando questionei qual era a essência de Dragon Age para uma de minhas amigas especialista no assunto, Clarice França, ela me falou algo muito bonito: “é basicamente uma dark fantasy sobre encontrar um lugar de pertencimento em um mundo caindo aos pedaços”... E eu achei o meu, com um Rook não-binárie traumatizade passando por trancos e barrancos ao lado de companheiros únicos, vivendo histórias de amor e ódio, chorando e me divertindo por horas a fio. E saiba que Thedas está de portas abertas, aguardando você para descobrir seu próprio caminho nesse universo também.


Esta review foi feita com uma cópia de Dragon Age: The Veilguard para PC, fornecida pela EA.

Dragon Age: The Veilguard será lançado no dia 31 de outubro para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC.

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