Em um pequeno palco colocado na área de exposição de jogos do BIG Festival 2016, Luiz Roveran e Pedro Frois começaram a tocar os acordes iniciais do tema de The Legend of Zelda. A música logo tomou conta do lugar e chamou a atenção daqueles que estavam jogando os games expostos.
A dupla forma o Co-Op Players, um grupo de música instrumental que desde 2014 cria arranjos para temas de jogos clássicos como Sonic, Final Fantasy, Tetris e Chrono Cross.
As músicas, apesar de serem facilmente reconhecidas para quem joga videogame, possuem uma sonoridade diferente, não só pelo fato de serem tocadas em formato acústico, mas por terem um pouquinho de ritmos brasileiros, como a bossa nova, o baião e MPB.
Foi na faculdade de música que Luiz Roveran e Pedro Frois perceberam que, mesmo parecendo universos distantes, música de jogos e ritmos brasileiros tem elementos que são parecidos.
“Como a gente tocava [música brasileira] na faculdade era meio natural a gente pensar em, por exemplo, escutar o tema do Pokémon e lembrar do Ijexá [Ritmo típico do nordeste], com os acordes”, fala Luiz Roveran em entrevista ao Jovem Nerd News.
Os músicos falam que a proposta deles com Co-Op Players é realmente se diferenciar com essa sonoridade instrumental e de mistura de ritmo. Um exemplo que resume bem essa característica, segunda eles, é o arranjo que eles fazem para o tema de Tetris, que é super simples, mas que consegue se transformar em algo bem mais rico nas cordas dos violões de Roveran e Frois.
A gente toca em versão original, faz em versão baião, faz em [Jazz] bebop, tem improviso. Ele é resumo do pensamento do Co-Op Players
A dupla até chega a tocar alguns temas sem fugir muito da versão original, como na Dark World de Zelda ou a clássica Time’s Scar de Chrono Cross, o forte mesmo são os arranjos diferentes e adaptações para a música com dois violões.
Um exemplo disso é o tema de Corneria, do Star Fox de Super Nintendo, um dos arranjos preferidos de Pedro Frois. “[O tema de Corneria] é um rock que a gente adaptou para o violão acústico, meio swing e com compasso diferente. Essa é a que mais gosto de tocar”, falou o músico.
Inspirações
Quando falamos de música para jogos, é inevitável citarmos nomes como Konji Kondo (compositor dos temas de Mario e Zelda) e Nobuo Uematsu (Final Fantasy). Mesmo gostando bastantes dos trabalhos de ambos, as inspirações para os Co-Op Players estão em outros compositores, apesar de continuar no Japão.
Pedro Frois fala de um compositor mais contemporâneo, mas que está crescendo muito no cenário de música de jogos, que é Hiroki Morishita, compositor de Fire Emblem Awakening e Fire Emblem Fates. “Me apaixonei pelo estilo de composição deles, porque a harmonia é bem complexa e ele mescla compassos diferentes, que é uma coisa que eu gosto”.
Já Luiz Roveran diz ama de paixão as composições feitas por Yasunori Mitsuda em Chrono Trigger, Chrono Cross e Xenogers. “Eu gosto porque ele une muitos elementos de música folclórica de vários lugares e que funcionam muito bem”, comentou.
Também foi com essa paixão, inclusive, que os Co-Op Players abriram o concerto em comemoração aos 20 de Chrono Trigger, que rolou ano passado em São Paulo. Certamente um ponto alto na carreira dos dois.
O Co-Op Players também pareceu ter agradado o público que estava no BIG Festival, no último fim de semana. Tanto que a dupla vai realizar mais apresentações no evento: na quinta, sábado e domingo. O BIG Festival está rolando essa semana, no Centro Cultural São Paulo.
Nós listamos os 10 games que você deve experimentar no evento.
Para quem não poder ir e quiser ouvir mais arranjos de temas de jogos, o Co-Op Players também tem um canal no YouTube com vídeos das versões.