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Silvio não é um bom filme, mas Rodrigo Faro o torna pior | Crítica
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Silvio não é um bom filme, mas Rodrigo Faro o torna pior | Crítica

Com flashbacks e homenagens, longa é um tributo pouco inspirado sobre o “homem do baú”

Camila Sousa
Camila Sousa
16.set.24 às 16h08
Atualizado há 7 meses
Silvio não é um bom filme, mas Rodrigo Faro o torna pior | Crítica
(Divulgação)

Quando a morte do apresentador Silvio Santos foi anunciada em 17 agosto, surgiu a dúvida sobre como seria o lançamento de Silvio, longa comandado por Marcelo Antunez (Rodeio Rock) e focado no sequestro do apresentador, ocorrido em 2001. A resposta é uma singela homenagem logo no começo da projeção, que é até tocante, mas não salva o filme pouco inspirado, estrelado por Rodrigo Faro (Chamas da Vida).

Longe do formato de uma cinebiografia tradicional, o longa é focado em um acontecimento específico: o sequestro de Silvio Santos, em sua própria casa, em agosto de 2001, dias após sua filha, Patrícia Abravanel (Polliana Aleixo), ser libertada do cativeiro pelo mesmo sequestrador. O foco é menos no acontecimento com a filha, e mais em como Senor Abravanel passou horas tentando conversar e negociar com o sequestrador, Fernando Dutra Pinto (Johnnas Oliva).

O roteiro, assinado pelo estreante Anderson Almeida e com mais seis colaborações, aproveita momentos do sequestro para encaixar flashbacks e mostrar momentos da trajetória de Silvio Santos, como o começo da vida artística na Rádio Nacional e a relação com Manuel de Nóbrega (Duda Mamberti), a quem considerava como um grande amigo e um “segundo pai”.

Tais sequências, claro, são feitas da forma mais leve possível, sempre colocando o ar de superação ao redor do homem do baú. Em certos momentos, defeitos são apontados, como a ideia do Baú da Felicidade, e a relação escondida com a primeira esposa, Cidinha (Marjorie Gerardi), mas até as falhas de Silvio Santos sempre são apresentadas com uma ideia de que o empresário errou “achando que estava acertando”. Assim, Silvio mira em criar um personagem cinza, mas acerta mais na ideia de um “herói ferido”, que realmente não tem culpa das coisas que aconteceram ao redor.

Os flashbacks, no entanto, não ocupam grande parte das quase 2 horas da projeção, que é focada realmente no sequestro, e perde muita força (mesmo) sempre que Rodrigo Faro aparece em tela – o que é bastante tempo. A começar pela caracterização, o ator e apresentador nunca realmente convence na pele do dono do SBT. Faro claramente tentou fugir de uma representação caricata, para não soar como uma "imitação" de Silvio, mas o resultado é uma performance sem sal, que lembra pouco o artista da vida real. Os momentos mais emotivos também perdem força quando é ele quem precisa conduzir a cena, já que é difícil sentir boas expressões por baixo de uma maquiagem que soa ultrapassada.

Silvio não é um bom filme, de fato, mas quando um protagonista se torna a pior parte de um longa já bem fraco, é sinal que a escolha de elenco falhou miseravelmente.

A fraca atuação de Faro fica ainda mais evidente em comparação com outros nomes do elenco, como o próprio Johnnas Oliva, que interpreta o sequestrador Fernando Dutra Pinto. Reprisando o papel que fez na série O Rei da TV (2023), Oliva faz um trabalho competente, ainda que sofra com escolhas de cenas um tanto cafonas, como quando encontra uma versão jovem de si mesmo assistindo ao programa de Silvio Santos na televisão.

Imagem do filme Silvio Vinícius Ricci interpreta Silvio na juventude, e entrega um trabalho mais interessante (Divulgação)

A comparação fica ainda pior em relação a Vinícius Ricci, que faz o jovem adulto Silvio Santos, entre as décadas de 1950 e 1960. Com experiências na TV desde 2009, Ricci entrega um comunicador em início de carreira muito mais interessante e cativante do que Faro fez em qualquer uma das cenas do filme.

Ter um protagonista que quebra a imersão na história a todo momento, torna as 2 horas de exibição de Silvio enfadonhas, especialmente na reta final, em que claramente não há mais nada a contar. Essa característica fica ainda pior por uma decisão narrativa questionável de arranhar a trama de outros personagens, como o policial que busca vingança de Dutra pela morte de colegas da corporação, ou a rixa entre as polícias civil e militar em relação a como conduzir o caso.

Todas essas características tornam Silvio uma pouco inspirada adição ao hall de filmes baseados em personalidades brasileiras. Com a recente morte do apresentador, fica a expectativa de que obras mais interessantes, e sem medo de tocar nos pontos polêmicos, sejam lançadas futuramente e façam mais jus à figura que Senor Abravanel sempre foi, à exemplo, inclusive, da já citada série O Rei da TV.

Silvio está em cartaz nos cinemas brasileiros. Aproveite e conheça todas as redes sociais do NerdBunker, entre em nosso grupo do Telegram e mais - acesse e confira.

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