Não é exagero dizer que o grande destaque de Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania é Kang. Personagem clássico dos quadrinhos, o Conquistador chega ao Universo Marvel dos cinemas com a missão de dar trabalho aos Vingadores sem repetir os passos dos vilões anteriores do MCU. Um objetivo que foi alcançado com a ajudinha de um certo vilão de uma galáxia muito, muito distante.
A bem da verdade, o personagem já havia dado o que falar antes mesmo de aparecer em Quantumania. O final da primeira temporada de Loki apresentou uma Variante de Kang e prometeu que o vilão principal apareceria para causar caos pelo multiverso, juramento que ficou claro quando o Marvel Studios anunciou que o filme Vingadores 5 vai se chamar “Dinastia Kang”.

Toda essa expectativa foi colocada à prova em Homem-Formiga 3, que finalmente trouxe Jonathan Majors na pele de Kang. O astro aproveitou a oportunidade para realizar o sonho de interpretar um antagonista, tipo de personagem que o fascina pela possibilidade de trazer mais profundidade que os mocinhos. Em entrevista à EW, ele explicou esse fascínio usando uma obra de William Shakespeare como exemplo:
“Quero interpretar Otelo, mas em Otelo você sempre tem que tomar cuidado com Iago, porque esse cara é o personagem mais complexo. Há pouca coisa que ele não faria.”
Acontece que esse sonho de Majors se realiza justamente no MCU, um universo que esteve bem servido quando o assunto é vilão por quase uma década graças a Thanos. Grande antagonista da Saga do Infinito da Marvel, o alienígena roxo se tornou tanto uma inspiração, quanto algo a se evitar na trajetória de Kang.
Kang é o novo Thanos?
Desde a enigmática aparição na cena pós-créditos de Os Vingadores (2012) até a emocionante batalha contra os heróis em Vingadores: Ultimato (2019), Thanos se consagrou como um dos grandes antagonistas do cinema blockbuster dos últimos anos. É claro que seu substituto nesse posto aproveitou todo esse prestígio para pegar algumas dicas.
Em entrevista exclusiva ao NerdBunker, Jonathan Majors explicou como Thanos o ajudou a se preparar para interpretar Kang:
“O que [o ator] Josh Brolin fez de forma tão bela com Thanos foi torná-lo mais tridimensional possível para deixar claro que o vilão acreditava mesmo naquilo. Acho que foi isso que tornou tão moralmente ambíguo quão mal ele é. E também acho que quanto mais vilanesco ou anti-heróico você for, mais sua constituição deve ser profunda."
A questão é que apesar de ter a mesma função, Kang não poderia ser um repeteco de Thanos, ou então a próxima saga da Marvel estaria condenada a ser repetitiva e previsível. Com isso, o Titã Louco curiosamente se tornou também um exemplo do que o Conquistador não poderia ser, limitações que foram usadas para encontrar a identidade da nova ameaça ao MCU.

Responsável por criar as histórias de Homem-Formiga 3 e Vingadores: Dinastia Kang, o roteirista Jeff Loveness explicou que o ponto central de Kang é sua natureza humana. Ao contrário de Thanos, que é literalmente um alienígena, o novo grande vilão terá conflitos que refletem desafios comuns aos seres humanos.
“Kang é um personagem muito solitário. Vamos vê-lo de muitas formas diferentes adiante, mas realmente gostaria de apresentar a humanidade e até vulnerabilidade desse personagem antes de ele atingir a escala apocalíptica dos Vingadores”, afirmou ao GamesRadar.
Uma deixa aproveitada com sucesso por Jonathan Majors, que disse ao Bunker que quis tornar esse vilão “o mais universal e humano possível” e cravou: “acho que somos sortudos que nessa próxima fase teremos um malvadão que também vai permitir que o público oscile entre aclamar e vaiar.”

A saída de Jeff Loveness foi usar o conflito interno como combustível para a ameaça que o personagem precisa ser. O roteirista vê o vilão como “um homem literalmente em guerra contra si mesmo”, um embate que ganha contornos literais se levarmos em conta que as variantes já travaram uma Guerra Multiversal e devem voltar para lutar pelo multiverso – como explicado na série Loki.
Essa fome de derrotar a si mesmo se transforma na missão de “conquistar” os outros universos. Motivação que fez Jonathan Majors estudar figuras históricas como Genghis Khan, Júlio Cesar e Alexandre, O Grande. Porém, há uma outra inspiração que nunca foi citada pelo ator ou pelo roteirista Jeff Loveness, mas que ajudou a moldar o personagem em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania.
A influência de Darth Vader em Kang
Não é preciso se esforçar muito para perceber o quanto Darth Vader, o lendário vilão de Star Wars, foi usado de modelo por Kang. Em Homem-Formiga 3, o personagem lidera com mãos de ferro um império que sufoca rebeliões no Reino Quântico. Como se não bastasse, ele se porta com uma frieza elegante e chega até a usar superpoderes para enforcar seus subordinados.

Mais do que um simples tributo, esse paralelo parece ter sido a forma que a equipe encontrou de traduzir um personagem com uma bagagem tão rica nas HQs para outra mídia. O diretor Peyton Reed – que trabalha tanto na Marvel quanto em Star Wars – explicou ao NerdBunker que essa transição foi parte fundamental em seu trabalho com Kang:
“É sempre divertido pegar esses personagens que as pessoas conhecem dos quadrinhos e descobrir como eles serão nos filmes, porque são duas coisas bem diferentes”.
E convenhamos que essa inspiração faz sentido. Não que Vader tenha viajado pelo multiverso ou algo do tipo, mas ele se tornou um ícone de vilania no cinema, especialmente considerando que ele tem menos de 10 minutos de tela no primeiro filme de Star Wars.

Essa influência deve aparecer novamente no MCU graças à filosofia que Majors adotou para o personagem. Assim como Vader, que funcionava como um espelho distorcido dos mocinhos e refletia o famoso “Lado Sombrio da Força”, Kang quer ser uma antítese do que o Universo Marvel tem de bom.
Em outras palavras, o Conquistador deve ser um Sith para os Jedi que habitam os Vingadores. Raciocínio explicado pelo ator ao Deadline:
“Você pode olhar para o Homem de Ferro do Robert Downey Jr, ele é o super-herói dos super-heróis. Para ser o super-vilão dos super-vilões, como eu contra-ataco isso no momento em que vivemos?”.
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