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O Indiana Jones 4 não é tão ruim quanto você lembra
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O Indiana Jones 4 não é tão ruim quanto você lembra

Filme lançado em 2008 dividiu opiniões, mas é redimido com aventura competente e digna do herói

Pedro Siqueira
Pedro Siqueira
30.jun.23 às 10h00
Atualizado há quase 2 anos
O Indiana Jones 4 não é tão ruim quanto você lembra
Crédito: Lucasfilm/Divulgação

Calma, muita calma, querido leitor. É bem possível que, agora mesmo, você esteja de punhos fechados querendo me perseguir igual a uma bola de pedra gigante e corrigir o que diabos pode haver de errado comigo. Mas o fato é que, sim, coube a mim a tarefa não só de defender Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008) como, se a sorte me sorrir, convencer você a dar uma nova chance à aventura injustiçada de Harrison Ford.

Para começo de conversa, a nível pessoal, a missão não é lá tão difícil. Assim como boa parte dos jovens nerds que nos acompanham, me apaixonei pelos 3 primeiros filmes de Indiana Jones ainda na infância. O senso de aventura, comédia e maravilha, muito bem embaladinhos em um pacote com estética única (a ponto de você reconhecer o personagem só pela silhueta) e uma trilha sonora matadora (John Williams, o que dizer?) deixaram o pequeno Pedrinho louco para desbravar o mundo em busca de relíquias perdidas. Até que veio o novo filme. E, bem, o fato é que eu gosto bastante (e não ironicamente) do que vejo.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal chegou aos cinemas em maio de 2008, 19 anos após a aventura mais recente de Ford como o herói, e, bem, é eufemismo dizer que a recepção não foi exatamente calorosa. O filme, atualmente, tem uma média de 6,2 estrelas (de uma escala de 10) no IMDb, com muitos fãs notando um claro declínio em relação aos três lançamentos anteriores. Mas como o propósito aqui é provocar, o caro leitor, por favor, me responda: Era MESMO necessário algo que superasse a trilogia clássica?

Harrison Ford retorna deliciosamente rabugento como Indiana Jones. Créito: Lucasfilm/Divulgação

A grande aventura de envelhecer

Caveira de Cristal traz um Indiana mais velho, tentando se virar em um mundo que aparenta não ter mais espaço para antigos arqueólogos. É então que um jovem (Shia LaBeouf), com uma forte ligação com o passado do herói, o joga de volta à aventura, em uma jornada atrás dos mistérios das titulares caveiras de cristal.

Estão lá todos os elementos que nos fizeram amar Indiana Jones. Das empolgantes perseguições e tiroteios até o lado emocional do herói, sempre explorado em filmes anteriores, mas, agora, potencializado com um Indiana encarando a inevitável passagem do tempo. Ainda que não atinja, de longe, os níveis de perfeição da trilogia original, e nem mesmo eu argumentarei contra isso, o filme é uma jornada muito competente pelo que já esperamos de uma história de Indy. Tudo isso, claro, imprimido na maior joia de toda a franquia: o próprio Harrison Ford.

Indy sempre foi um herói improvável, relutante em salvar o dia e, acima de tudo, falho. Ainda que cheio de boas intenções, o homem nunca escondeu o saco cheio em se ver perseguido por nazistas, cultistas e todo tipo de vilão. E o que seria melhor para imprimir isso do que a rabugice real de Ford?

Ainda que nutra um carinho especial pelo arqueólogo, o ator não tem papas na língua ao dizer que está, também, retornando aos papéis pela bufunfa, e em Caveira de Cristal não seria diferente. Neste caso, no entanto, o “problema” dá a volta e fica bom, já que se Ford não quer estar no papel, Indy quer menos ainda sair em novas aventuras.

Em um nível mais básico, o roteiro segue, direitinho, a cartilha de uma aventura competente de Indiana Jones. Estão lá os artefatos místicos, os puzzles milenares, as locações exóticas e… Sim, até o parceiro de jornada, vivido por LaBeouf (relaxem, esse eu não vou defender mesmo, não). Mas os cabeças da franquia, George Lucas e Steven Spielberg, evitam o caminho mais fácil, buscando dar um frescor, vindo do espaço, à história.

Mistério das caveiras de cristal está ligado à paranoia alienígena da década de 1950. Crédito: Lucasfilm/Divulgação

Indy raiz

Desde a própria concepção, Indiana Jones, enquanto “ideia”, sempre foi uma homenagem às produções seriadas da década de 1940. Os três filmes originais do herói são tão inspirados nas aventurinhas de caubói e mais, que literalmente se passam durante tais décadas. Já Caveira de Cristal joga Indy na década de 1950, bem quando a humanidade dava os pequenos passos na exploração espacial, que culminaram no grande salto para a humanidade em 1969, com a chegada dos primeiros astronautas à Lua.

O filme bebe das fontes do cinema de ficção científica da época, misturando o lado mais místico das caveiras de cristal com uma possível visita alienígena à Terra, bem num período histórico em que conspirações do tipo estavam em alta. Basta dizer que o incidente de Roswell, talvez a teoria de visitas extraterrestres mais famosa, em que um balão-sonda se despedaçou no solo, embora muitos jurem, de pés juntos, que o tal “balão” era uma espaçonave, ocorreu apenas 10 anos antes dos eventos do filme.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal representa, também, a memória de um tipo de filme que quase se perdeu ao longo dos últimos 15 anos. Curiosamente, o longa chegou às telonas no mesmo período do primeiro Homem de Ferro (2008), estaca zero do universo Marvel e seus 32 (e contando) filmes.

Se hoje somos bombardeados pelo cinema de super-heróis, em 2008, era divertido ver um herói à moda antiga retornando à ação. Ainda mais em uma aventurinha com começo, meio e fim, sem qualquer necessidade de acompanhar zilhões de séries de TV, quadrinhos ou declarações de produtores executivos no Twitter.

Indiana Jones volta em escassez de aventuras à moda antiga. Crédito: Lucasfilm/Divulgação

Em retrospecto, é ainda mais auspicioso que Indiana Jones retorne à telona em 2023, em meio ao que muitos chamam de “fadiga de heróis”, e amparado por produções que quebraram o molde Marvel com bastante sucesso, como os fenômenos Top Gun: Maverick (2022) e Avatar: O Caminho da Água (2022).

Tal retorno chega com a missão de provar, mais uma vez, que ainda há espaço para um velho amigo e seus badulaques místicos, mesmo em um mundo dominado por multiversos e Joias do Infinito. E, claro, essa missão torna-se um pouquinho mais fácil com as lições trazidas pelo quarto filme, para o bem e para o mal.

No fim das contas, Indiana Jones apresentou, em Caveira de Cristal, tudo de melhor que entregou ao longo dos 3 filmes anteriores. Nada menos do que diversão, pura e simples, mantendo a chama de Indy viva nos nossos coraçõezinhos aventureiros. Afinal, quem foi que disse que salvar o mundo não pode ser divertido?

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