A convite da Diamond Films Brasil, entrevistamos Sharlto Copley, ator e produtor-executivo de Hardcore: Missão Extrema. Durante a conversa, ele contou um pouco sobre como é usar financiamento coletivo para produzir um longa, explorar novas tecnologias, encarar perigos e também sobre interpretar mais de uma dezena de personalidades diferentes no mesmo filme.
Jovem Nerd News: Vocês usaram sites de financiamento coletivo para conseguir dinheiro para os efeitos de computação gráfica e mixagem de som. Foi assustador filmar um longa e saber que, mesmo depois de esse processo estar terminado, vocês ainda teriam que fazer uma campanha para conseguir o resto da verba que era necessária para completar Hardcore: Missão Extrema?
Sharlto Copley: De certa maneira, sim. Entretanto, nós estávamos confiantes que tínhamos algo bom e original que as pessoas conseguiriam ver o potencial.
JNN: Ao ler sobre a produção do filme, fica claro que vocês queriam trilhar novos caminhos e entender como implementar uma tecnologia diferente em um filme. Considerando isso e a chegada dos headsets de realidade virtual, você enxerga um futuro no qual esses dispositivos serão usados para fazer com que as pessoas se sintam ainda mais dentro do filme do que em Hardcore: Missão Extrema?
SC: Eu acredito que sim, mas os espectadores ainda precisam passar por um período de adaptação. Especialmente com o VR. Não fazer com que as pessoas sintam vertigem é um desafio imprescindível.
JNN: Você foi transformado em 11 “Jimmys” diferentes em Hardcore Henry. Como é ter tantas personalidades diferentes no mesmo filme?
SC: Isso foi o que eu mais gostei das filmagens. A parte mais interessante e desafiadora é que não são 11 pessoas totalmente diferentes. São 11 versões do mesmo personagem. Um dos twists do filme revela o motivo disso.
JNN: Esses 11 personagens foram bem planejados e detalhados antes de você interpretá-los ou você esperou estar caracterizado para decidir que tipos de personalidade eles teriam?
SC: Muito foi planejado com antecedência, mas o visual para cada um deles só foi decidido na Russia. Alguns foram criados durante as filmagens e um deles, “Jimmy Hippie” foi criado na manhã do dia da filmagem. O filme deveria ter um “Jimmy motoqueiro”, com uma Harley Davidson, mas depois de 2 horas de maquiagem, o tatuador não conseguiu fazer com que as minhas tatuagens falsas parecessem reais o suficiente. Então eu peguei outros figurinos e o “Jimmy Hippie” nasceu em 5 minutos.
JNN: O personagem “Jimmy” chegou a aparecer no videogame Payday 2. Dada a maneira com a qual Hardcore: Missão Extrema flerta com videogames como mídia, você se sente disposto a, um dia, trabalhar em um videogame, seja só emprestando sua voz novamente ou fazendo todo o processo de captura de movimentos?
SC: Sim, claro! Eu na verdade interpretei 260 páginas de diálogo para o Jimmy em Payday 2. Eu adoraria dublar videogames mais vezes.
JNN: Todas as cenas de ação foram filmadas de verdade, sem CG, certo? Quão perigoso e assustador foi isso? Você chegou a temer pela sua segurança em algum momento?
SC: Sim, todas as cenas de ação que você vê no filme foram feitas de verdade por um dos incríveis dublês que interpretaram Henry. Foi o filme mais difícil e perigoso que eu já fiz. Algumas das cenas mais perigosas foram a corrida por cima de uma ponte, com um cara correndo com um capacete especial com uma GoPro, que restringia a visão dele. E algumas coisas como Henry em pé em cima de uma van. Ele joga uma granada na van que explode embaixo dele e o lança em uma moto em movimento. Coisas insanas. Eu não temi pela minha segurança, já que o pior que tive que passar foi quando me atearam fogo, mas as coisas realmente perigosas ficaram com os dublês.
JNN: Em uma entrevista anterior, você mencionou como sentia que a estética de Hardcore: Missão Extrema era algo “que nasceu da geração da internet”. Você sente que nós podemos estar assistindo a algo que pode virar um novo gênero?
SC: Eu acredito que sim. Acho que pessoas vão começar a explorar isso em outros gêneros. Acho que este filme está à frente de seu tempo. É algo que os espectadores podem levar um tempo para se adaptar, mas você verá mais vezes. Especialmente em terror.
JNN: Você improvisou muitos dos seus diálogos em Distrito 9. Isso é algo que você curte fazer como ator? Você teve chance de fazer o mesmo em Hardcore: Missão Extrema?
SC: Sim, isso [de improvisar falas em Distrito 9] é verdade. Neill Blomkamp criou um espaço maravilhoso para que eu pudesse interpretar e criar e isso é algo que eu sempre serei grato. Em Hardcore: Missão Extrema, o que nós fizemos foi que eu e Ilya [Naishuller, diretor e roteirista do filme] planejávamos a cena logo no começo da manhã. Eu ensaiava e mudava qualquer diálogo que quiséssemos melhorar. Então eu usava apenas esses diálogos durante as filmagens, já que a natureza técnica das filmagens, com ação e cenas muito longas que fizemos, não permitia muita improvisação entre um take e outro.
Hardcore: Missão Extrema será lançado no NET NOW em 27 de julho.
O longa é inteiramente filmado em primeira pessoa, mostrando o ponto de vista do protagonista e conta a história de um humano transformado em um ciborgue e que não lembra nada sobre o seu passado. Depois de ter sua esposa e "criadora" sequestrada, ele parte em uma missão para salvá-la e evitar que um homem ganancioso utilize a tecnologia de Henry para criar soldados a partir de bioengenharia.
O filme conseguiu financiamento através do Indie GoGo e é dirigido por Ilya Naishuller e traz Sharlto Copley, Tim Roth e Haley Bennet no elenco.