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Gato de Botas 2 triunfa com conto de fadas espetacular | Crítica
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Gato de Botas 2 triunfa com conto de fadas espetacular | Crítica

Filme revive franquia Shrek com boa história, personagens cativantes e animação belíssima

Gabriel Avila
Gabriel Avila
10.mar.23 às 16h49
Atualizado há mais de 1 ano
Gato de Botas 2 triunfa com conto de fadas espetacular | Crítica

Gato de Botas 2: O Último Pedido é um feito e tanto. Lançado em um momento de baixa da franquia Shrek, o filme foi recebido com desconfiança e até indiferença. Porém, o longa abraçou o desafio e transformou um derivado de pouca relevância em um conto de fadas contado por meio de um verdadeiro espetáculo visual.

Na nova aventura, o Gato de Botas descobre que suas nove vidas estão chegando ao fim. A má notícia o leva a pendurar o chapéu e a espada por medo de morrer em definitivo. As coisas mudam quando ele descobre a existência da estrela do desejo, que pode lhe conceder uma sonhada imortalidade. O problema é que ele não é o único interessado no misterioso objeto, o que traz perigos que o colocam literalmente de cara com a morte.

Chega a ser curioso perceber que um dos grandes motivos para o sucesso de Gato de Botas 2 é o resgate dos contos de fadas. Se o primeiro Shrek mostrou o ogro literalmente usando uma dessas histórias para se limpar, a nova aventura do felino mosqueteiro usa essa estrutura para criar um enredo que justifica sua existência.

A influência de um dos gêneros mais clássicos na literatura se reflete na forma como a jornada de praticamente todos os personagens incorpora alguma lição de moral. Não que obras de arte tenham obrigação de ensinar algo ao público, mas estipular essa meta obrigou os roteiristas Paul Fisher, Tommy Swerdlow e Tom Wheeler a serem criativos na construção do enredo.

O primeiro e mais óbvio ensinamento está na forma como o Gato de Botas lida com a própria mortalidade, mas se estende a coadjuvantes e antagonistas. Os desejos e as motivações dão identidade a Kitty Patas Fofas, Cachinhos Dourados e até o cãozinho sem nome, que se tornam personagens de fato e não apenas ferramentas para avançar a história do protagonista.

O melhor exemplo desse benefício talvez seja o Lobo Mau – que tem voz do brasileiro Wagner Moura no áudio original. O longa poderia se contentar com a metáfora de transformar uma famosa figura maligna dos contos na personificação da morte. Porém, a atenção aos detalhes da personalidade do vilão o torna ameaçador e charmoso, características que tornam os embates com o protagonista memoráveis.

Isso nos leva à animação, o segundo grande trunfo de Gato de Botas 2: O Último Pedido. Em primeiro momento é fácil tecer comparações ao estilo de Homem-Aranha no Aranhaverso (2019), que certamente deve ter servido de inspiração pela forma como mistura chamativos elementos 2D no moderno estilo 3D. Porém, a aventura do gatinho mosqueteiro não se contenta com a repetição e faz bonito ao encontrar uma voz própria.

Seguindo a proposta do roteiro, a estética da produção se apropria do visual clássico dos contos de fadas e o transforma no cenário para uma aventura grandiosa. Um movimento corajoso, considerando que se afasta da identidade estabelecida na franquia Shrek há mais de 20 anos.

Ao contrário da franquia-mãe, que é dedicada à comédia, Gato de Botas 2 tem grande foco na ação. Com isso em mente, os diretores Joel Crawford e Januel Mercado usam o design caprichado e uma animação fluida para manter o ritmo dinâmico, fazendo jus à lenda que o protagonista se tornou dentro de seu universo. Os combates têm uma cadência invejável que sabe exatamente quando acelerar o ritmo e quando diminuí-lo para que o público sinta seu impacto.

Méritos que nos levam de volta ao Lobo Mau, cuja natureza ameaçadora permite que o filme flerte com outros gêneros. Não é exagero sentir toques de faroeste e até horror nas aparições do antagonista, referências que casam com a proposta e dão identidade própria ao projeto.

É claro que nem tudo são flores e Último Pedido tem sim sua cota de problemas. O principal é o inchaço, já que o filme não se contém e segue adicionando personagens e subtramas que não adicionam ao conjunto final. Não há exemplo melhor que Joãozão Trombeta, vilão cuja participação soa como uma distração na maior parte do tempo.

Não me entenda mal, essa questão não diminui em nada o impacto de Gato de Botas 2. O filme é tão empolgante e sincero, que pecar pelo excesso não parece tão ruim. De certa forma, até demonstra o esforço dos realizadores em fazer o máximo possível com a chance que receberam. E isso faz todo o sentido com um conto de fábulas cuja moral está na importância de viver intensamente.

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