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Assistimos a Ponte dos Espiões
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Assistimos a Ponte dos Espiões

James B. Donovan é o advogado de defesa de um espião e, nas ruas, ele é considerado um traidor da pátria, tão culpado quanto o homem que ele defende

Marina Val
Marina Val
23.out.15 às 11h00
Atualizado há mais de 9 anos
Assistimos a Ponte dos Espiões

Ponte dos Espiões é um filme baseado em fatos reais que se passa durante a guerra fria e consegue capturar muito bem o clima de tensão e desconfiança entre Estados Unidos e União soviética. Por conta disso, este não é um longa sobre grandes conflitos, ação e explosões, ele foca apenas nas negociações que evitaram desastres durante o período.

A história começa mostrando um artista pintando uma tela. Logo descobrimos que este homem aparentemente pacato está envolvido em algo muito mais perigoso: Ele é acusado de ser um espião da União Soviética.

Para garantir que o tal pintor, Rudolf Abel (Mark Rylance) tenha um julgamento minimamente justo, James B. Donovan (Tom Hanks) é convocado para defendê-lo. Porém, quando James aceita o caso, fica claro que ele não será tão passivo quanto todos esperam que ele seja.

O advogado não concorda com vontade popular de que o suposto espião seja condenado à morte o quanto antes, James é absolutamente leal aos princípios da constituição americana de que todos têm direito a um julgamento justo e de que todos são iguais perante a lei.

Essa postura extremamente ética é difícil de manter durante um período como a guerra fria. Tão difícil que, no tribunal, ele parece ser o único que consegue se lembrar disso e, nas ruas, ele é considerado um traidor da pátria, tão culpado quanto o homem que ele defende.

O advogado faz a defesa de Abel argumentando sobre a maneira como as provas foram coletadas sem um mandado para tal. Isso não ganha a simpatia de ninguém e não impede que o cliente seja declarado culpado. Porém, ele pelo menos consegue evitar que Abel seja condenado à morte, alegando que isso faria com que o país perdesse uma ótima moeda de troca, caso algum americano fosse parar nas mãos do país rival.

Não demora muito para que aconteça exatamente o que James previa. Um piloto americano chamado Francis Gary Powers é capturado pela União Soviética e o próprio advogado precisa liderar as negociações. James não é um agente secreto, não é treinado, não tem nenhuma ligação com o governo americano, e, na visão da CIA, é justamente por isso que ele é perfeito para fazer a negociação.

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Ele é enviado diretamente para a União Soviética e precisa fazer isso em sigilo. Se algo der errado, ninguém dos Estados Unidos poderá assumir a responsabilidade pelo que aconteceu ou ajudá-lo de qualquer forma. O advogado aceita a proposta.

Para mostrar o drama, o fato de James não ser um espião durão também é perfeito. Ele um homem com fraquezas, que fica doente durante as negociações, que é assaltado sem reagir, que demonstra constantemente a vontade de voltar para casa, mas que não desiste do seu objetivo e não cede nem à pressão da União Soviética, nem à dos Estados Unidos.

James não é inabalável, ele demonstra sua empatia por completos desconhecidos que encontra pelo caminho mesmo que não troque uma palavra com eles. Em uma cena, ao ver um rapaz levar um tiro por tentar atravessar o muro de Berlin, ele percebe o perigo e o privilégio da própria situação.

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Em diversas situações diferentes, é possível ver esse lado mais humano do personagem de Tom Hanks. Ele não se importa em perguntar para Abel se ele é realmente culpado, ele só quer que o cliente tenha um julgamento justo. James sabe que, culpado ou não, Abel é apenas um homem fazendo o seu trabalho que se manteve leal ao próprio país. Uma pessoa honrada que precisa ser defendida por alguém ético que também valoriza esse tipo de princípio. A admiração e o respeito entre os dois é mantida durante todo o filme, mesmo que estejam em lados opostos de uma guerra.

Steven Spielberg é bem sucedido em contar a história de Ponte dos Espiões de maneira extremamente cuidadosa. Não há grandiosidade, excesso de explosões e efeitos especiais ou uma música épica. Tudo é contado de uma maneira próxima, como se ouvíssemos de um conhecido um relato sobre alguém em busca do que acredita que é certo.

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