Se você foi uma criança ou adolescente nos anos 90, provavelmente já ouviu falar de Goosebumps, uma série de livros infanto-juvenis criados por R. L. Stine, que posteriormente virou um programa de TV, que conta as aventuras de jovens que encontram seres bizarros como o abominável homem das neves de Pasadena, o lobisomem do Pântano da Febre, zumbis e até esponjas malignas que moram embaixo da pia.
O filme baseado nas obras de Stine não se limitou a escolher apenas uma ou duas criaturas retratadas nos livros: ele reúne praticamente todos os monstros já criados pelo autor. Quase como abrir uma caixa de Pandora.
Goosebumps começa mostrando um adolescente chamado Zach (Dylan Minnette) que acaba de se mudar de Nova Iorque para a cidade de Madison, em Delaware, e não está nada feliz com isso. Para ele, o único ponto positivo na mudança é a nova vizinha, Hannah (Odeya Rush), por quem ele logo se apaixona. O flerte é rapidamente interrompido pelo pai da moça, o Sr. Shivers (Jack Black), que avisa para Zach manter distância da casa e da filha dele.
Como qualquer adolescente, Zach não segue os avisos. Após ouvir uma discussão entre Hannah e o pai e acreditar que a menina está em perigo, ele tenta avisar a própria mãe e até a polícia sobre a possível ameaça que o Sr. Shivers representa, mas é ignorado pelos adultos, como a maioria das crianças nos livros de R. L. Stine.
Zach então entra sorrateiramente na casa do Sr. Shivers para tentar investigar e salvar a garota. Antes de encontrar Hannah, ele acaba descobrindo inúmeros manuscritos de Goosebumps, todos trancados. Que mal faria abrir qualquer um deles?
Com os monstros a solta, Hannah se prova uma ótima heroína que sabe exatamente o que fazer, talvez porque já tenha visto isso acontecer anteriormente ou porque tenha sido devidamente alertada pelo pai. De qualquer maneira, ela é uma personagem destemida e interessante que só cresce ao longo do filme, mesmo que por caminhos previsíveis.
Este é um filme que não tenta se levar a sério, e nem deveria. Ele segue todas as premissas básicas dos livros nos quais é inspirado e usa praticamente todos os monstros, sempre fazendo piada com a situação para que o clima não fique sombrio demais, afinal de contas, ele é um filme para a família baseado em uma série infanto-juvenil. Nada de sangue ou cabeças rolando por aqui.
A escolha de Slappy, o boneco de ventríloquo, como principal antagonista é absolutamente perfeita. Ele é assustador na medida certa e consegue manter o tom de humor que o filme precisa. Um único detalhe que talvez tenha se perdido um pouco na tradução é adaptar “living dummy” para “cara-de-pau” apenas para dar a mesma sensação de ofensa de “dummy” (boneco/bobo).
Goosebumps é uma aventura divertida, digna de sessão da tarde ou de uma tarde chuvosa com pipoca e Netflix. Mesmo nos mais medrosos ele só vai causar arrepios. Ele honra os livros e consegue ser um ótimo motivo para que uma nova geração se interesse pelas obras de R. L. Stine.