A Bruxa se passa em 1630, na Nova Inglaterra, e retrata uma família que é expulsa de uma comunidade e precisa subsistir sozinha na beira de uma floresta. De uma maneira modesta, pai, mãe e os cinco filhos se unem para superar as provações que Deus colocou no caminho, ou pelo menos é isso que eles acreditam.
O grupo está completamente isolado da civilização, tendo apenas sua fé, o amor uns pelos outros e sua plantação como base de sustentação. Quando um desses alicerces começa a ruir, os outros desmoronam em seguida.
Primeiro, o bebê desaparece sem nenhuma explicação e a família começa a trocar acusações sobre o sumiço do pequeno. A preocupação não é de apenas se ele está morto ou vivo, mas se ele está sofrendo no inferno, afinal de contas, ele não chegou a ser batizado.
Depois desse evento, mais e mais infortúnios começam a se acumular, como animais se comportando de maneiras estranhas e o fracasso da colheita, a única chance da família de sobreviver.
A explicação que o grupo consegue encontrar é que alguém da própria casa é responsável por tudo aquilo. Thomasin (Anya Taylor-Joy), a filha mais velha, é constantemente apontada como a culpada até mesmo de coisas que não tem controle, como a própria puberdade.
A cada um dos desastres que acontecem, a floresta que cerca a casa da família parece mais imponente e ameaçadora, quase virando um personagem que julga as pessoas que vivem dentro daquele lar e que ousam desbravar pelos caminhos desconhecidos por entre as árvores.
O som que acompanha essa ameaça cresce ao longo do filme para criar um ambiente cada vez mais opressor. Música que parece ter sido extraída de um pesadelo é o que embala as desgraças de uma família e ajuda a transmitir o pavor dos personagens para a plateia.
É um elenco pequeno, mas cada um dos atores, mesmo os mais jovens, conseguem entregar uma performance convincente que faz com que a audiência quase comece a duvidar do que sabe.
O cuidado em retratar fielmente a época conseguiu deixar o clima ainda mais assustador. Uma oração em família na mesa de jantar com iluminação fraca, puxada pela voz rouca e pesada do pai (Ralph Ineson) ganha uma severidade sem igual.
A Bruxa não é um filme que se vale de sustos fáceis baseados em monstros que pulam na audiência ou barulhos exagerados. É um medo construído pelo desconhecido, pelos sons ominosos que crescem e engolem os espectadores, e pelos horrores que uma família presencia enquanto está totalmente impotente.