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Visitamos o Production I.G., estúdio responsável por B: The Beginning
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Visitamos o Production I.G., estúdio responsável por B: The Beginning

Estúdio de Ghost in the Shell, Psycho Pass, Kuroko no Basket e Haikyuu

Priscila Ganiko
Priscila Ganiko
04.abr.18 às 13h45
Atualizado há cerca de 7 anos
Visitamos o Production I.G., estúdio responsável por B: The Beginning

Em um de seus mais recentes esforços para incluir animes em seu catálogo, a Netflix firmou uma parceria com grandes estúdios de animação japonesa, e entre eles está o Production I.G., responsável pela adaptação de Ghost in the Shell para os cinemas em 1995, além de produções para a TV, como Psycho Pass, Kuroko no Basket e Haikyuu.

Para a Netflix, o estúdio fez B: The Beginning, um anime que teve quatro nomes diferentes durante sua produção e que passou por um processo evolutivo enquanto ainda estava sendo criado. Tivemos a oportunidade de conhecer o estúdio em Tóquio e conversar com Tetsushi Suzuki e Masato Ishida, que participaram da produção do título e nos apresentaram o passo a passo do desenvolvimento.

©Kazuto Nakazawa / Production I.G Keith Flick, personagem de B: The Beginning

Desde o rascunho

Suzuki explicou que o processo todo começa com a concepção da história e a adaptação dessa ideia para um storyboard, onde tudo começa a tomar forma na visão do diretor Kazuto Nakazawa, que também trabalhou no design dos personagens.

Página de referências do personagem Koku

Depois de ser criado, o personagem também tem suas cores definidas:

Página de referência das cores do personagem Koku

Além do visual dos personagens, também é necessário criar elementos que sejam específicos para aquele mundo como veículos, marcas e até mesmo emblemas policiais — detalhes que geralmente passam despercebidos pelo público.

Marca de cigarros fictícia que aparece no desenho

Com isso pronto, o anime passa para a fase de criação das principais artes, chamadas de key art. São elas que dão o "esqueleto" da animação e determinam ações ou movimentos importantes dos personagens. Depois, os animadores trabalham nos frames que ligam uma key art na outra para completar a ação — tudo isso em papel.

Em seguida, o desenho vai para o computador ganhar cores e entrar na composição da cena, que passa pela aprovação do diretor antes de ser finalizada.

Key art colorida - a parte rosa é a sombra do personagem

Um projeto atípico

O projeto teve início em 2015, quando as primeiras ideias começaram a tomar forma em roteiros e storyboards. Mas a produção só começou de fato em 2016, quando cada frame começou a ser desenhado, colorido e animado pelos artistas e animadores do estúdio. O ano de 2017 foi dedicado à pós-produção, que abrange toda a parte de sonorização e tradução dos episódios, que não são feitas no estúdio. Suzuki conta que, ao todo, mais de 300 pessoas participaram do projeto.

Falando em números, foram entre 21 e 24 páginas de script por episódio, e entre 300 e 400 cenas espalhadas em cerca de 220 páginas de storyboard. Cada segundo de animação possui 8 frames, todos desenhados à mão, e cada episódio levou cerca de três meses para ficar pronto. O ator Hiroaki Hirata, que dá voz a Keith Flick, revelou durante o AnimeJapan 2018 que a animação da boca dos personagens foi feita depois de terem gravado a voz, para que ficasse sincronizado.

Hiroaki Hirata num painel da Netflix durante a AnimeJapan 2018

Todo esse tempo e dedicação, porém, são como um luxo para o estúdio. Suzuki afirma que, quando estão criando uma série para a TV, esse prazo cai para um mês por episódio, e afirma que em boa parte do tempo eles mal conseguem entregar quando o projeto vai chegando ao fim.

No caso de B: The Beginning, o trabalho foi encomendado com bastante antecedência e o prazo foi suficiente para que o anime saísse exatamente como o diretor desejou — inclusive, cada cena foi analisada por ele e modificada conforme o necessário. A primeira temporada teve 12 episódios. 

O título perfeito

Mas não foram só as cenas que sofreram mudanças durante a produção: o próprio título foi alterado diversas vezes para refletir melhor o assunto da série. Em dado momento, o anime foi chamado de Perfect Bones, e, durante a nossa visita ao estúdio, pudemos ver isso nos nomes de alguns arquivos na tela do computador e nas páginas do projeto que pegamos nas mãos. Na realidade, o produtor Rui Kuroki conta que o projeto teve outros três nomes antes de se tornar B: The Beginning, e que Nakazawa, o diretor, afirmou que a série, apesar de ser original, tem inspirações em The Mentalist, Hannibal — que são reconhecíveis nos personagens — e até mesmo em Game of Thrones.

No fim, Suzuki e Kuroki contam que a parte mais marcante de toda a produção foi justamente o fato de que tudo poderia ser alterado na hora se fosse necessário, e que o projeto foi mudando e evoluindo de acordo com isso.

Confira a galeria abaixo com mais imagens da produção do anime:

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O estúdio tem dois prédios e um lobby com produtos das suas séries — uma infinidade de estátuas, mangás e outros apetrechos de merchandising —, mas o mais legal de tudo mesmo é o restaurante: as paredes de dentro do local são repletas de autógrafos dos autores e desenhos dos artistas da Production I.G. e, as vezes, até mesmo dos autores das obras originais!

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O que mais me impressionou ao conhecer o processo de animação do Production I.G. foi ver a dedicação e o trabalho manual que os artistas têm para criar uma única key art. Toda a atenção aos detalhes e dedicação são coisas que transparecem na qualidade da animação — principalmente quando há tempo para que ela seja trabalhada.

B: The Beginning está disponível com legendas em português exclusivamente na Netflix.

Vitrine: Rui Kuroki, produtor do anime.

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