The Mandalorian abraça cinema policial em episódio com participações

Demorou, mas a terceira temporada de The Mandalorian finalmente encontrou seu ritmo. Após praticamente encerrar um arco no quinto episódio, o sexto traz a produção de volta para a fórmula clássica em um suspense policial cheio de participações especiais e galhofa.

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[A partir daqui, spoilers do sexto episódio da terceira temporada de The Mandalorian]

Com “fórmula clássica”, me refiro à estrutura de levar o protagonista para uma missão simples que desemboca em eventos maiores para o arco da temporada. Na tarefa da vez, Bo-Katan Kryze (Katee Sackhoff), Din Djarin (Pedro Pascal) e Grogu partem para reunir os mandalorianos perdidos pela galáxia de Star Wars.

Os primeiros da lista são os antigos aliados de Kryze, que debandaram para trabalhar como mercenários sob a tutela de Axe Woves (Simon Kassianides). Para contexto, o episódio começa mostrando uma missão dos mandalorianos de aluguel, que usam uma nave do antigo Império para recuperar um jovem que havia fugido com a amada.

Dado o contexto e a missão, Bo-Katan e Din partem para Plazir, planeta que abriga os mercenários. Porém, a dupla acaba tendo o caminho desviado ao serem forçados a jantar com a Duquesa e seu marido, o Capitão Bombardier, que marcam as primeiras participações especiais do capítulo.

Lizzo e Jack Black em The Mandalorian (LucasFilm/Divulgação)

Interpretado pela cantora Lizzo e por Jack Black, respectivamente, o casal recebe os mandalorianos com um jantar luxuoso. O banquete tem o objetivo claro de convencer a dupla a aceitar uma missão que eles não podem solicitar à Nova República, por não fazer parte dela, e nem aos outros mandalorianos – já que o passado de Bombardier como Imperial impede que um local comandado por ele tenha exércitos.

A missão, no caso, é o de desativar dróides do planeta que passaram a dar defeitos que causaram danos e morte. Pronta a negar a missão por não ter interesse, Bo-Katan reconsidera quando Bombardier promete um acordo. Caso eles ajudem, Plazir reconheceria Mandalore como um território soberano, o que ajudaria o planeta dos Mandalorianos a fazer parte de rotas comerciais, diplomáticas e etc.

Esse prospecto positivo, especialmente considerando que recuperar Mandalore é seu grande objetivo, leva a jovem e Din Djarin a concordarem com os termos do casal. Deixando Grogu sob os cuidados da duquesa, eles partem para a missão, que ganha contornos de cinema policial.

Din e Bo-Katan, os tiras da pesada

Enquanto a primeira etapa do episódio foi marcada por um humor cheio de galhofa que aproveita a presença de Jack Black e Lizzo, o desenvolvimento da história bebe fortemente do cinema policial ao praticamente tornar Bo-Katan e Din em dois detetives em busca de um caso.

Uma decisão acertada que torna o episódio especialmente divertido. Em primeiro lugar pelo desenrolar da investigação da dupla, que os leva ao submundo de Plazir, os coloca em perseguições e tiroteios, e muito mais. A referência fica completa quando os mandalorianos têm um clássico momento “tira bom e tira mau” durante um interrogatório, uma dinâmica que funciona e se vale do carisma dos atores em tela.

A investigação leva a dupla a Comissário Helgait, um funcionário do governo interpretado por ninguém menos do que Christopher Lloyd, o eterno Doc Brown de De Volta Para o Futuro. A produção aproveita a aparição de um talento desse quilate ao dar o melhor papel possível dentro dessa trama policial: o vilão.

Christopher Lloyd como Comissário Helgait em The Mandalorian (LucasFilm/Reprodução)

Ele aparece inicialmente como um mero funcionário que dá algumas informações para a investigação dos nossos tiras de capacete. É ele quem explica que Plazir é uma sociedade dependente dos dróides ao ponto de os seres humanos serem incapazes de fazer qualquer coisa sem o apoio das máquinas. Vem dele também a informação que muitos desses dróides são ex-Imperiais que foram reprogramados para servir sem o instinto assassino.

Seguindo a deixa, a dupla passa por diferentes cantos de Plazir, incluindo um bar só de dróides e até um necrotério – cenários clássicos dos suspenses policiais – para descobrir a verdade. O mau funcionamento das máquinas foi causado por nanorobôs cuja função era apagar a programação e transformar os dróides Imperiais em máquinas de matar novamente.

Din Djarin e Bo-Katan bancam policiais em The Mandalorian (LucasFilm/Reprodução)

O responsável por fornecer o fluido contaminado por esses nanorobôs era ninguém menos do que Helgait. Confrontado pelos mandalorianos, ele admite o que fez e explica que era um Separatista – nome dado a quem queria libertar planetas do controle da República Galáctica na época dos Episódios I, II e III. Ele chega a citar como herói o Conde Dookan, famoso Sith interpretado por Christopher Lee na trilogia prelúdio.

O discurso de propaganda para as ideias erradas dos Separatistas e Dookan é interrompido por Bo-Katan, que nocauteia o Comandante com um choque e o leva para a Duquesa. Envergonhado por falhar com a comandante, a quem serviu a vida toda, ele pede perdão. Algo que ela não concede no momento ao enviá-lo para um exílio, mas que pode conseguir um dia, já que a governante acredita em segundas chances.

Em referência ao próprio marido, que é um ex-Imperial, essa fala coroa um episódio que trouxe outra visão a antigos funcionários do governo maligno. Se o terceiro episódio da temporada mostrou que alguns deles eram ruins por natureza e fadados a continuar a fazer o mal independente do contexto, o sexto traz uma perspectiva mais positiva de que é possível se regenerar sim. Um viva para Jack Black e Lizzo!

Din Djarin, Bo-Katan e Grogu se juntam às participações especiais (LucasFilm/Reprodução)

Unindo todas as tribos

Após cumprir a missão, Bo-Katan e Din Djarin partem para finalmente encontrar os outros mandalorianos. Confirmando o temor dela, a reunião não é das mais amigáveis e o capítulo muda seu tom pela última vez e vira um faroeste. Líder do grupo, que conta com dezenas de guerreiros, Axe Woves deixa claro que não pretende deixar o posto e é desafiado por Kryze a resolver a questão em um duelo.

O que se segue é um embate mandaloriano de primeira, em que os desafiantes usam apetrechos como mochila voadora e ganchos em uma pancadaria franca divertida de assistir. Bo-Katan sai vencedora, mas acaba não levando a frota, que se recusa a aceitá-la como líder por não portar o Sabre Negro.

Bo-Katan vence duelo contra Axe Woves em The Mandalorian (LucasFilm/Reprodução)

Nesse ponto, Djarin dá um passo adiante e decide entregar a arma à ela. Inicialmente, o gesto parece em vão já que a tradição dita que o sabre deve ser conquistado em combate. Porém, ele conta a todos que quando se banhava nas águas de Mandalore – no segundo episódio –, a arma foi tirada dele e quem a recuperou foi Bo-Katan, o que a torna dona do artefato.

Essa informação é aceita pelos mandalorianos e Bo-Katan recebe o Sabre Sombrio e a frota que tanto esperava. Um momento grandioso que abandona a breguice por significar algo tão importante quanto a reunião de um povo prestes a restabelecer seu lar.

Bo-Katan Kryze usa Sabre Negro em The Mandalorian (LucasFilm/Reprodução)

Porém, tal possibilidade ganha um ar de dúvida graças à sombra de Moff Gideon (Giancarlo Esposito), vilão que não apenas escapou da prisão, como pode ter feito isso com ajuda de mandalorianos. Resta saber como essas duas tramas se encontrarão nos próximos capítulos, já que faltam apenas dois para o fim da temporada.

The Mandalorian ganha novos episódios às quartas-feiras no Disney+.