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A primeira temporada de The Last of Us entrou em reta final com o sétimo episódio, que foi ao ar no último domingo (26) na HBO e HBO Max.
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Com fidelidade ao jogo que deu origem à série, o capítulo é um mergulho no passado de Ellie com uma atuação brilhante de Bella Ramsey, mostrando cenas que aquecem (e, ao mesmo tempo, partem) os corações dos espectadores.
[Atenção! A partir de agora, spoilers do episódio 7 de The Last of Us]
A maior parte do episódio é contada por flashbacks, que adaptam os acontecimentos de Left Behind, a expansão de história do game, além de se inspirar na HQ Sonhos Americanos em alguns momentos. No entanto, antes da viagem pelo tempo, as cenas iniciais são uma continuação quase direta do fim do sexto capítulo, em que Joel está gravemente ferido.
Ellie guia o cavalo até uma casa vazia, onde Joel retoma consciência e pede para que ela o deixe e retorne para Tommy. O pedido gera uma reação desesperada da personagem e corta para o passado de Ellie, que é o foco do sétimo episódio.
Com cerca de uma hora de duração, o capítulo apresenta uma pegada fiel ao jogo, com alterações leves e adições para gerar uma sensação de continuidade ao roteiro, sem deixar os espectadores perdidos. Com isso, a adaptação não fica em um “vai e vem” e opta por manter o foco no passado, servindo como um respiro importante para a narrativa como um todo.
O arco do passado de Ellie faz a série retornar para a Zona de Quarentena (“ZQ”) de Boston, onde a protagonista era a garota encrenqueira da escola da FEDRA. Na sequência, ela está sofrendo pela ausência de Riley (Storm Reid), sua melhor amiga e interesse amoroso, que desapareceu subitamente.
Quarto de Ellie na ZQ é cheio de referências ao jogo e outras obras, como desenhos de dinossauros na parede e um disco da banda A-ha na mesa (Imagem: The Last of Us/HBO/Divulgação)Ellie é pega de surpresa quando Riley retorna, a acorda de madrugada e revela que se juntou aos Vaga-lumes. A mais nova integrante do grupo rebelde, então, a convida para fugir da escola por algumas horas para visitar um shopping abandonado nas redondezas da ZQ. A surpresa é que Riley encontrou uma maneira de acender as luzes do local, algo que Ellie nunca viu antes.
O resultado é uma sequência de cenas em que as garotas passeiam pelo shopping iluminado, com Ellie encantada pelas lojas, praça de alimentação e até com simples escadas rolantes.
A química entre Ramsey e Reid funciona desde os primeiros segundos, com as interações entre as personagens fluindo de forma natural e cheia de camadas. A atuação de Bella é brilhante do início ao fim, com cada frase, olhar, suspiro e trejeito mostrando o que Ellie está sentindo naquele momento – e principalmente por Riley. As conversas entre as duas vão de piadas e momentos irônicos a discussões mais profundas e cheias de ressentimento, mostrando o forte laço entre as personagens.
A direção de Liza Johnson (Barry, Silicon Valley) é delicada e destaca os sentimentos de Ellie e Riley de forma cativante e leve. A direção de arte e o jogo de câmeras também suportam essa intenção, transmitindo o peso e a sensibilidade de cada cena aos espectadores. A paleta de cores ainda pende para tons mais escuros em boa parte do episódio, mas há momentos com muita luz para gerar um contraste, refletindo o que as personagens estão sentindo, como a sequência no carrossel. Enquadramentos e closes de câmera auxiliam para causar o mesmo efeito.
Ellie e Riley leem o livrinho de "piadas ruins" que apareceu no quarto episódio da série (Imagem: The Last of Us/HBO/Divulgação)Uma mudança pequena, mas que aquece os corações dos fãs de longa data, é a cena do arcade. Ao contrário do que acontece no game, as máquinas estão funcionando na série, então a dupla joga Mortal Kombat II em um momento que gostaríamos de ter visto nove anos atrás, quando Left Behind foi lançado.
Após visitas a lojas, escadas rolantes e arcades, Riley revela que os Vaga-lumes estão deixando Boston, então toda essa noite no shopping é, na verdade, um adeus. Como era de se esperar, Ellie não aceita bem a notícia e, em um misto de sentimentos e saudades, as personagens finalmente se beijam e decidem ficar juntas. No entanto, estamos falando de The Last of Us. E, é claro, que o momento de felicidade do casal foi seguido de uma tragédia.
Com os barulhos pelo shopping, um infectado aparece e ataca as duas, que acabam sendo mordidas pelo infectado. Em uma cena pesada e triste, elas decidem apenas esperar a transformação. Mas já sabemos como a situação terminou para elas. Com isso, o flashback acaba, e o episódio retorna para o tempo presente, mostrando que Ellie não seguiu o pedido de Joel e não vai deixá-lo morrer.
A maneira como as cenas de despedida de Riley no passado e de Ellie costurando o ferimento de Joel no presente são interligadas no fim do capítulo é emocionante e poderosa, com um grande auxílio da trilha sonora de Gustavo Santaolalla.
Bella Ramsey dá um show de atuação e é o grande destaque do episódio (Imagem: The Last of Us/HBO/Divulgação)O sétimo episódio é lindo e, ao mesmo tempo, triste, mostrando o que foi o melhor e o pior dia da vida de Ellie. Vemos toda a bagagem e o peso que a personagem carrega, sendo um dos capítulos mais tocantes e dilacerantes da série. No entanto, gostaria que a adaptação tivesse expandido o momento final de Ellie e Riley, revelando como foi a transformação e a descoberta da imunidade da protagonista – algo que também não foi contado no game.
Seja como for, este é um dos episódios mais marcantes da primeira temporada da série.
The Last of Us ganha episódios inéditos aos domingos, com transmissão simultânea na HBO e no streaming HBO Max. A segunda temporada já foi confirmada.
Pedro Siqueira)
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