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The Boys | Eric Kripke quer expor a realidade durante a segunda temporada
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The Boys | Eric Kripke quer expor a realidade durante a segunda temporada

Conversamos com o também roterista e co-criador da série

Fernanda Talarico
Fernanda Talarico
18.ago.20 às 10h00
Atualizado há quase 5 anos
The Boys | Eric Kripke quer expor a realidade durante a segunda temporada

Eric Kripke é um nome já bem conhecido no mundo das séries de TV. Ele criou Supernatural, e agora atua como show roteirista e showrunner de The Boys, produção que co-criou ao lado de Seth Rogen e Evan Goldberg.

A convite do Amazon Prime Video, o NerdBunker assistiu aos três primeiros episódios do segundo ano e participou de uma mesa redonda com Eric Kripke, que contou sobre as expectativas para a segunda – e terceira – temporada, além de revelar um pouco sobre a sua relação com os personagens.

O criador Garth Ennis

A série é baseada nos quadrinhos homônimos criados por Garth Ennis, lançados em 2006 (no Brasil, eles são publicados pela Editora Devir). Sobre o criador das HQs, Kripke revelou que não só ele é o seu quadrinista favorito, como a sua relação com Ennis não poderia ser melhor, pois eles estão “no mesmo tom” quanto à série. "Tenho que fingir que não sou um fã quando falo com ele", brincou.

Segundo o showrunner, Ennis tem uma predileção por Billy Butcher, interpretado por Karl Urban, e contou passar bastante tempo falando sobre o personagem em conversas entre os dois, além de enviar todos os roteiros para a análise do criador, que também dá a sua opinião sobre as gírias inglesas ditas pelo protagonista.

Eu tenho uma grande responsabilidade de não estragar a obra criada por Garth, mas não posso ser completamente fiel, por todos os tipos de razões. Eu sou o showrunner e tenho que criar uma história em formato de série, de episódios.

Mesmo assim, a aprovação de Ennis ainda é muito importante para Kripke, pois "é necessário honrar o mundo criado por ele".

Nova temporada

O primeiro ano de The Boys chamou a atenção do público ao subverter o gênero de super-heróis e não apresentar figuras morais e bondosas, como estamos acostumados. E a segunda temporada se aprofundará ainda mais nas histórias pessoais de cada um, sem deixar de lado temas atuais e importantes do mundo real, como preconceito e racismo.

Kripke entende que há muita coisa acontecendo no mundo atualmente, e não é possível ignorar esses fatos na série. Para ele, era necessário refletir em The Boys o que estava vendo acontecer enquanto escrevia o novo ano, como preconceitos com imigrantes e racismo.

Eu estava realmente interessado em explorar o nacionalismo, a supremacia branca e a xenofobia que acontecem nos Estados Unidos agora. Sinto a obrigação de mostrar de verdade o mundo em que vivemos, com essa intersecção de autoritarismo e celebridades, que acontece muito agora.

Com a entrada da nova personagem, a Stormfront, diversas questões serão ainda mais abordadas pela trama, como o uso de redes sociais, preconceitos e feminismo.

Kimiko (Karen Fukunara) durante protestos em The Boys

Liberdade

Com Supernatural, Eric Kripke tinha a sua gama de possibilidades reduzida, afinal se trata de uma produção de canal aberto e muitas regras são impostas. Agora, com The Boys, o Amazon Prime Video deu total liberdade para o showrunner a "viver o melhor momento de sua vida", como ele mesmo disse. "Você tem a possibilidade de fazer o quiser."

Além da violência e assuntos mais complexos, os palavrões são outro recurso usado à exaustão na série. A plataforma de streaming responsável pela série dá todo o apoio para que a produção faça "o que quiser", revela o Kripke, que diz ser "uma criança uma loja de doces", ao aproveitar toda essa liberdade.

Personagens

Uma das maiores glórias de The Boys são os seus personagens tão complexos: todos têm diversas camadas e motivos por trás de suas ações. E, se para os fãs já é difícil escolher entre um favorito, para o showrunner, é ainda pior. "Você não consegue escolher entre seus filhos", brinca Kirpke.

Um dos motivos que faz ficar tão difícil ter que nomear apenas um é também o fato dos atores combinarem tão bem com os seus papéis, o que faz o co-criador falar orgulhoso de cada um deles.

Antony [Starr] é assustador como Homelander; Karl Urban é hilário e comovente como Billy Butcher; Erin Moriarty é tão esperta e perspicaz; e Jack Quaid é adorável e pateta, ao mesmo tempo romântico... Bom, estou no caminho certo.

Entretanto, diferente de Kripke, os roteiristas têm um personagem específico que gostam mais de escrever sobre: The Deep, interpretado por Chace Crawford.

Não porque o amamos mais do que qualquer outro personagem. Ele é simplesmente o mais divertido de escrever porque vive em seu próprio universo absurdo. Tentamos fazer com que a série seja a mais real possível, mas a única exceção gritante é o The Deep que, por algum motivo, está preso em uma comédia bizarra que não existe em nenhum outro lugar da série. Ele é divertido, mesmo sempre matando animais marinhos.

Impacto na sociedade

Para o showrunner, mesmo se tratando de entretenimento, a série afeta a sociedade de uma forma o de outra, então é necessário ter responsabilidade ao falar de assuntos tão importantes. "Acho que toda boa ficção científica é uma metáfora do que realmente está acontecendo", explicou.

Por se tratar de super-heróis, a primeira impressão da série pode ser diferente, mas ao questionar grandes figuras de poder, como o caso do Homelander, vivido por Antony Starr, a trama ganha uma nova perspectiva.

Se alguns jovens que estão acostumados a violências de super-heróis e aí, por acaso, assistem a algo que questione autoridades, já é uma grande vitória.

Para ser bem entendido e não deixar questões que possam ser mal interpretadas na produção, Kripke acredita ser bem claro às opiniões. Ele entende que não há a possibilidade de alguém glorificar Homelander, pois a série mostra toda a sua sociopatia e inseguranças – além de problemas familiares, explícitos no seu gosto por leite materno. Mas, para ele, esse não seria o único perigo de endeusar os heróis.

O co-criador se diz muito fã dos filmes da Marvel e sabe que eles têm os seus lugares no imaginário popular, o que pode acabar sendo um problema.

Acho que o mito do super-herói, como está espalhado por toda parte agora, é um pouco perigoso porque treina seu público a esperar que um homem forte chegue e salve você, em vez de você se levantar e se salvar.

E o terceiro ano?

The Boys é um sucesso inquestionável e, antes mesmo da estreia da segunda temporada, a terceira já foi confirmada. E, se o segundo ano já entrega tamanha insanidade, é impossível não nos perguntarmos o que virá depois disso?

Para o showrunner, o caminha a percorrer agora é óbvio: "vai ficar ainda mais maluco". Ao mesmo tempo, ele acredita que que é importante saber a hora de parar antes da série "colapsar com a sua próprio peso". Assim, Krikpe revela que mergulharemos ainda mais na história geral da trama e particular de cada personagem.

Há também possibilidade do ator Jeffrey Dean Morgan entrar para o elenco (relembre aqui), fato que não foi confirmado e nem negado pelo showrunner ao ser questionado durante a entrevista.

Quanto às previsões para lançamento, Krikpe explicou que metade do terceiro ano já está escrito e, caso a pandemia de COVID-19 permita, as gravações começarão em janeiro de 2021.

Assim, ainda não dá para ter certeza de como será a terceira temporada, mas no dia 4 de setembro o segundo ano estreia no Amazon Prime Video e poderemos sanar um boa parte de nossa curiosidade.

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