Por que Terrifier 2 merece sua atenção

Para o horror, gente desmaiando e vomitando na sala de cinema é uma ótima ferramenta de marketing, muito bem estabelecida em casos de sucesso como O Exorcista (1973) e O Massacre da Serra Elétrica (1974). Em 2022, um novo filme supostamente causou o mesmo “auê” nos cinemas estadunidenses: Terrifier 2, protagonizado por um palhaço assassino chamado Art.

O longa enfim está a caminho do Brasil, pelas mãos da distribuidora A2 Filmes e, enquanto não desembarca no país, é hora de discutirmos o que raios é esse tão falado filme - tanto para que ninguém fique de fora do assunto do momento, quanto para garantir que você não vá assistir com as expectativas inflamadas pelo hype.

É bom dizer que o sucesso de Terrifier 2 se dá por dois fatores: sua origem imprevisível, e cenas de violência gráfica que não são para os fracos de coração. O diretor Damien Leone apresentou o palhaço em um curta de 2011 (também chamado Terrifier), e depois o colocou na antologia All Hallows’ Eve, de 2013, até que fez um financiamento coletivo para um longa-metragem em 2016. Ou seja: a figura de Art é desenvolvida pelo cineasta há mais de uma década, portanto não é à toa que tenha chegado ao ápice de seu carisma ameaçador e grotesco agora.

Carismático, sádico e ameaçador, o palhaço maníaco Art é lapidado pelo diretor Damien Leone desde 2011

Como bem indica o título, Terrifier 2 é continuação dessa produção financiada pelo público, conhecida no Brasil como Aterrorizante. Se você não tinha ouvido falar disso até agora, não perdeu nada: o lançamento não fez muito barulho fora da bolha de entusiastas, e nem é uma obra muito boa por si só. Sim, Art é um ótimo assassino, e as cenas de morte dão aquela embrulhada no estômago, mas não é pedida essencial para ninguém.

A continuação, por outro lado, pega tudo que funcionou no anterior e encaixa em uma estrutura de slasher oitentista, completo com final girl e trilha sonora de sintetizadores.

Na trama um grupo de adolescentes começa a ser atormentado pelo palhaço demoníaco, que literalmente volta dos mortos e passa a assombrá-las em alucinações a lá Freddy Krueger. Após se deparar com Art em algumas ocasiões, a jovem Sienna (Lauren LaVera) decide enfrentar o maníaco de frente.

Na melhor tradição de um slasher, Terrifier 2 ainda tem uma ótima final girl

O longa foi produzido em um orçamento minúsculo de US$250 mil - para referência, Hollywood considera filmes de US$1 milhão ou US$2 milhões como “baixo orçamento”, então imagine como é categorizada uma obra feita com uma fração disso? Se você ouviu falar de Terrifier 2, muito do hype se dá por ser uma obra independente que está dominando as bilheterias nos EUA.

Até o momento, o longa só foi lançado em alguns cinemas norte-americanos, e chegou às telas do streaming Screambox no dia do Halloween, mas arrecadou US$7,9 milhões em pouco mais de um mês em cartaz. Sem nenhum tipo de marketing além do boca-a-boca, é um feito impressionante para qualquer produção indie, especialmente uma considerada tão extrema assim.

Terrifier 2 é tão violento assim?

Pode até existir coisas piores, mas Terrifier 2 é sim bastante violento

Tudo bem, então é hora de falar do elefante sangrento no meio da sala: o gore. Muitos dos relatos apontam que Terrifier 2 tem cenas completamente absurdas de desgraceira explícita, com muitos vídeos rodando pelas redes sociais. É tudo verdade. Não é um filme para quem tem nojo de sangue, mas isso também pode criar uma expectativa errada.

Art é um maníaco no sentido mais genuíno da palavra, com sadismo e apego por tortura que deixaria Jason Voorhees ou Michael Myers boquiabertos. Seu filme é repleto de matanças absurdas, multilações penianas, tripas de animais e todo tipo de coisa agradável assim.

Ao mesmo tempo, é preciso entender o contexto: há décadas que uma obra gráfica assim não era exibida nos cinemas. Comentaristas de internet são rápidos em apontar que clássicos degenerados como A Serbian Film: Terror Sem Limites (2010) são muito mais extremos, mas esse é o tipo de coisa que sequer chegou nas telonas de muitos países.

Alucinações, multilação, tripas e tortura: Terrifier 2 é um prato cheio de desgraça

Terrifier 2, por sua vez, retoma o nível de violência de algo como O Albergue (2005), ou então um Jogos Mortais um pouco mais explícito. E o longa não é só conduzido pelas cenas de matança, mas sim pela progressão de um slasher, em que a protagonista junta forças para enfrentar o monstro após uma série de matanças.

O filme brilha por unir o subgênero mais querido e midiático do horror, carregado por um serial killer igualmente aterrorizante e divertido, com as mortes violentas de um torture porn. Assim, se você espera colocar o seu almoço para fora assistindo o filme, isso depende muito da sua sensibilidade para violência gráfica. Sim, é bem pesado, ainda que não no nível de um Guinea Pig da vida - mas, se esse for o seu padrão, é melhor buscar ajuda.

A estreia de Terrifier 2 no Brasil acontece em dezembro nos cinemas, sem data definida até o momento. Mas é bom ir se preparando para um encontro com Art - pode ter certeza que uma jornada sádica, sangrenta e muito divertida te aguarda.